24/02/2025

Acusado de ofensa racista a goleiro da Briosa, torcedor negro nega insulto ao depor

Por Santa Portal em 24/02/2025 às 20:00

Reprodução/Google Maps
Reprodução/Google Maps

O torcedor da Portuguesa Santista reconhecido como quem teria iniciado as ofensas racistas ao goleiro Tom Cristian, da própria equipe, e insuflado outras pessoas a xingarem o jogador prestou depoimento nesta segunda-feira (24) no 2º DP de Santos. Ele também é negro e negou qualquer manifestação preconceituosa contra o atleta.

Segundo o suspeito declarou ao delegado Marcelo Gonçalves da Silva, além de não proferir ofensa decorrente de raça ou de cor contra o goleiro ou qualquer outra pessoa, não teria lógica alguma ele realizar insultos com viés racista porque é negro. Com 30 anos de idade e vistoriador de contêineres, ele mora em Guarujá e não teve o nome divulgado.

De acordo com o delegado, o averiguado acompanhou os investigadores ao distrito tão logo foi intimado, embora não precisasse comparecer de imediato. Sem advogado, o vistoriador de contêineres alegou que o goleiro Tom e boa parte do elenco da Briosa têm problemas com a torcida por não aceitarem cobranças quanto ao desempenho em campo.

Em relação ao dia dos insultos racistas, ocorrido durante a partida contra o São José EC, no Estádio Ulrico Mursa, na noite da quinta-feira da semana passada (20), o investigado admitiu que “torcedores”, sem revelar nomes, xingaram o goleiro de “filha da puta” e outros palavrões, mas sem cunho racista.

Tom disse que foi xingado de “macaco filho da puta, preto e preto vagabundo” ao registrar boletim de ocorrência. A sua versão foi ratificada por dois colegas de equipe: o defensor Leo e o meio-campista Leonardo Mancha. Os jogadores se dirigiram ao distrito acompanhados de Cassiano Carduz, gerente de futebol da Briosa.

O torcedor contou que apenas soube dos insultos racistas pelo policiamento do estádio. Após o término da partida por causa da confusão, ele ainda permaneceu com outros torcedores por mais dez minutos no local. O objetivo do grupo era identificar quem na arquibancada teria feito os insultos racistas, mas ninguém presenciou ou ouviu essa ação.

A investigação prosseguirá para a tomada dos depoimentos de outras pessoas, inclusive de um segundo suspeito identificado. O caso também é apurado por meio da análise de filmagens feitas com câmeras de celular, informou o delegado. O relatório final do inquérito será remetido ao Ministério Público para o oferecimento de eventual denúncia.

A injúria racial não é mais um delito contra a honra capitulado no Código Penal. Passou a ter tratamento mais severo ao ser classificado como crime resultante de preconceito de raça ou de cor, sendo descrito no artigo 2º-A da Lei 7.716/1989. Quando cometido por duas ou mais pessoas, é punível com reclusão, de três anos a sete anos e seis meses. (EF)

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.