24/02/2025

Dólar sobe para R$ 5,75 e Bolsa recua após fala de Marinho

Por Folha Press em 24/02/2025 às 18:57

Reprodução
Reprodução

O dólar e a Bolsa de Valores tiveram uma sessão de aversão a risco nesta segunda-feira (24), com investidores refletindo a expectativa de alta na inflação, enquanto aguardam novas notícias sobre os planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A moeda norte-americana fechou em alta de 0,44%, cotada a R$ 5,7545. Já o Ibovespa recuou 1,35%, a 125.401 pontos.

Os juros futuros também refletiram a expectativa negativa, encerrando o pregão em alta.
O movimento acelerou após o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmar que o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de janeiro irá apontar a criação de 100 mil vagas de empregos formais.

Levantamento de dados

O dado é acima do previsto por analistas para a divulgação, nesta quarta, de 48.000 vagas.
Um mercado de trabalho mais forte deve pressionar ainda mais a inflação, atualmente em 4,56% nos últimos dois meses. Com preços mais resilientes, o Banco Central pode ter que subir mais, e por mais tempo, a taxa básica de juros, atualmente a 13,25%, o que prejudica ativos de renda variável.

Ao fim do pregão, o contrato de juro futuro para junho deste ano subia de 13,96% na última sexta (21), para 14,02%. O contrato para julho de 2030 subia de 14,31% para 14,44%.

Mais cedo, analistas consultados pelo Banco Central passaram a ver uma inflação mais alta ao fim deste ano e do próximo, de acordo com a pesquisa Focus. O levantamento mostrou que a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é de alta de 5,65% ao fim deste ano, de 5,60% na pesquisa anterior, no que foi a 19ª semana consecutiva de aumento na previsão. Para 2026, a projeção para a inflação brasileira é de 4,40%, de 4,35% anteriormente.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

“A nova revisão da expectativa de inflação no Focus sinaliza uma tendência que pode exigir mais esforços do Banco Central para convergir as expectativas [de inflação] este ano”, diz Bruno Shahini, analista da Nomad.

Para o especialista, o aumento nas previsões gera ainda mais importância para a divulgação do indicador IPCA-15, nesta terça (25). A expectativa é de uma alta anual de 5,10%.

Medida FGTS

Também pode pressionar a inflação a liberação do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de quem foi demitido e não conseguiu acessar os recursos na rescisão por ter optado pelo saque-aniversário, noticiada pela Folha de S.Paulo. A medida colocaria mais renda à disposição da população, o que aumentaria o consumo, podendo aumentar os preços.

Outro ponto de cautela entre investidores é o pronunciamento que o presidente Lula (PT) fará na noite desta segunda sobre os programas Pé-de-Meia e Farmácia Popular. O receio do mercado é que Lula anuncie um incremento aos programas, o que aumentaria o gasto governamental.

Esta semana também é marcada pela divulgação de dados econômicos no Brasil e nos EUA e a perspectiva de novas notícias sobre as tarifas de Trump e as discussões pelo fim da guerra na Ucrânia, que completa três anos nesta segunda.

“Ainda é uma semana de cautela e sem novidade para estimular uma alta da Bolsa. Há uma série de balanços que vão sair, mas é micro, a gente precisa de evento macro. E evento macro não tem nenhum indicando que as coisas estão melhorando”, diz Fernando Bresciani, analista de investimentos do AndBank.

Nos EUA, agentes financeiros se posicionam para o relatório do índice PCE de janeiro, o indicador preferido de inflação do Federal Reserve, a ser divulgado na sexta.

Dados mais fortes do que o esperado para a inflação ao consumidor dos EUA em janeiro fizeram operadores reduzirem suas apostas de cortes na taxa de juros pelo Fed, o que se reverteu nas sessões recentes após uma série de números fracos para a maior economia do mundo.

Por enquanto, o mercado precifica um corte de juros pelo Fed até julho e uma chance elevada de outra redução ainda neste ano.

“No entanto, diversos dirigentes do Fed já mostraram preocupação com o balanço de riscos à frente decorrentes das políticas que podem ser implementadas pela administração Trump”, diz Shahini, da Nomad.

Juros mais altos por mais tempo nos EUA podem fortalecer a divisa americana em relação às moedas globais, o que pressionaria o real.

Em Wall Street, com queda de 0,24% do índice Nasdaq. Investidores aguardam os resultados da gigante de chips Nvidia nesta quarta para recalibrar as apostas para Inteligência Artificial.

No momento, as ações de tecnologia perdem valor após a Microsoft cancelar aluguéis de data center nos EUA. As ações da companhia recuavam 1%.

Os mercados ainda demonstram otimismo por um acordo que encerre o conflito na Ucrânia, que tem sido uma fonte crescente de volatilidade para as negociações nos três anos desde a invasão russa. No mais recente acontecimento da guerra, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse no domingo que está disposto a abrir mão de seu cargo se isso significar a paz em seu país.

Na última sexta-feira (21), o dólar ficou estável na maior parte da sessão e se encaminhava para encerrar a semana com pouca oscilação, mas fechou com alta de 0,43%, cotada a R$ 5,729 após a notícia de que cientistas descobriram um novo coronavírus com potencial pandêmico na China.

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.