Empresário compra navio em Santos para traficar cocaína para Europa

Por Santa Portal em 14/12/2021 às 22:00

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O empresário João Carlos Camisa Nova Júnior, de 36 anos, comprou um navio em Santos e manteve um hangar em nome de uma empresa de táxi aéreo em Boa Vista (RR) para o tráfico de cocaína, que era enviada à Europa. A informação é da Polícia Federal, e foi confirmada nesta terça-feira (14) à coluna do jornalista Josmar Jozino. O empresário está preso em São Paulo.

João Carlos também é investigado por envolvimento com o espanhol Mansur Ben Barka Heredia, suspeito de ser dono de 580 kg de cocaína apreendidos em fevereiro de 2021 em um avião de uma companhia portuguesa no aeroporto internacional de Salvador (BA).

Camisa Nova investiu R$ 1,6 milhão no navio Srakane, de bandeira panamenha, que teve passagem pelo Porto de Santos, com a intenção de usá-lo para o narcotráfico. Também para este fim, ele montou a empresa JRCN Aviation, que usou para adquirir o hangar em Roraima.

Em 2 de outubro de 2020, Júnior começou a ser investigado pela PF quando foi apreendida 1,5 tonelada de cocaína escondida em sacos de grãos de milho no navio Unispirit, de bandeira Antígua e Barbuda, no Porto de São Sebastião, litoral Norte de São Paulo. A carga teria como destino as Ilhas Canárias. O navio chegou ao destino final em 22 de outubro, e a polícia local foi alertada pela PF brasileira, localizando 1,2 tonelada de cocaína no navio.

A PF apurou que a carga de milho pertencia a João Carlos Camisa Nova Júnior, que era proprietário da CBA Trading Exportação de Produtos Agrícolas Ltda. Ele contratou outra empresa para exportar o produto, e os dois sócios dela também acabaram presos. As autoridades espanholas identificaram a empresa Hashemuda Moreno, sediada em Sevilha, como importadora da carga. A empresa era administrada desde 25 de maio de 2012 por Jéssica Moreno Gomez, esposa de Oliver Casado Prieto.

O casal passou a ser alvo de investigação em Sevilha em dezembro de 2020 com acusação de manter vínculos com o tráfico. Com eles, foram encontradas armas, munições, euros, veículos e computadores, que foram apreendidos pela polícia. Agora, a PF investiga a ligação de Camisa Nova com Heredia.

Operação Calvary

Durante a Operação Calvary, deflagrada em novembro, Camisa Nova e outras oito pessoas, incluindo um advogado e empresários, foram presos. O nome é em alusão ao cemitério no qual Don Corleone, do filme “O Poderoso Chefão 1”, foi enterrado. Isso porque, de acordo com a PF, o criminoso liderava uma quadrilha de narcotraficantes e era chamado de Don pelos demais presos na operação.

Camisa Nova é investigado por realizar diversas viagens à Europa, para acompanhar as cargas com drogas enviadas aos portos europeus, inclusive na companhia de Heredia e de outros presos na Operação Calvary.

Em março de 2020, a PF foi informada que um navio de longo curso, o Srakane, era um navio dedicado ao tráfico de drogas, e estaria vindo para o Brasil. Essa embarcação foi comprada pelo empresário e teve passagem pelo Nordeste, São Sebastião e Santos. A tripulação chegou a ficar sem água e alimentação, em situação análoga ao trabalho escravo. Além disso, havia dívidas trabalhistas, entre outros problemas, conforme noticiado pelo Santa Portal na época.

Fiscais foram acionados e os problemas só foram resolvidos quando o empresário Camisa Nova se dispôs a comprar suprimentos e custear as dívidas. Na época, ele afirmou ter feito isso por “compaixão e para assegurar a dignidade humana dos tripulantes”, segundo apurado pelo jornalista Josmar Jozino.

O navio custou cerca de R$ 1,6 milhão na época, e a atitude chamou a atenção da Polícia Federal. O empresário não possuía vínculo com o navio e pagou as despesas em meio a uma das maiores crises econômicas de todos os tempos, o que começou a levantar suspeitas.

Agora, Camisa Nova está preso no CDP 3 (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, sob acusação de tráfico de drogas, associação à organização criminosa e lavagem de dinheiro. Ele responde a processo por tentativa de homicídio ocorrida em fevereiro de 2018 em São Paulo. Segundo a Polícia Civil, ele devia R$ 170 mil para a vítima.

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