Santos tem o pior índice de ilhas de calor no litoral de SP
Por Marcela Morone em 20/02/2025 às 10:00
Cidade mais verticalizada do Brasil, Santos é o município com o pior índice de ilhas de calor no litoral de São Paulo, com um coeficiente de 83,3 em uma escala que vai até 100. Os dados são do projeto UrbVerde, desenvolvido pela Universidade de São Paulo (USP).
As ilhas de calor consistem em regiões dentro das cidades que apresentam temperaturas significativamente mais altas do que as áreas ao seu redor devido à alta concentração de edifícios, atividades humanas e falta de arborização.
Os pesquisadores calculam o índice das ilhas de calor pela soma dos graus Celsius acima da média dividido pela área com temperatura superior à média, multiplicada pela quantidade de idosos e crianças, que compõem o público mais sensível ao calor.
Em Santos, o fenômeno é agravado pela intensa atividade portuária e pelo grande número de prédios que impedem a passagem da brisa marítima para o interior da cidade. O município possui o maior número de apartamentos entre todos os municípios do Brasil, segundo o Censo de 2022 realizado pelo Instituto de Geografia e Estatística (IBGE).
Além disso, a média de cobertura vegetal da cidade é de apenas 10%, de acordo com os dados do UrbVerde. Segundo publicado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO), as superfícies vegetais naturais substituídas por prédios e ruas pavimentadas alteram a absorção da radiação solar, bem como a capacidade de armazenamento de calor e taxas de evaporação. Essas condições resultam em mudanças significativas nas condições meteorológicas da cidade, como temperatura da superfície e padrão de vento.
Bairros mais quentes
As maiores ilhas de calor de Santos estão localizadas na Zona Noroeste e na Avenida Perimetral, que percorre o Porto de Santos. Os bairros Campo Grande, Vila Mathias e Encruzilhada também apresentam pontos de calor significativos, assim como o bairro Estuário e aa região portuária da Ponta da Praia.
A temperatura média da superfície em Santos é de 24ºC e a máxima pode alcançar os 43ºC. A temperatura máxima em algumas áreas do bairro Jardim Castelo, na Zona Noroeste, por exemplo, pode chegar a 34,2ºC, uma das mais altas do município.
Segundo os dados do UrbVerde, 30% da população vivendo nas regiões mais quentes da cidade corresponde a negros e indígenas, enquanto 46% é composto por mulheres. Dentro da população mais afetada, 13% são crianças e 19% idosos.
Poder público
Em nota à reportagem, a Prefeitura de Santos afirmou que a cidade “é modelo no enfrentamento das emergências climáticas com várias ações consolidadas”. Entre as ações citadas pela administração, estão a implementação do Plano de Ação Climática (PACS), plantio de 10 mil árvores e criação de espaços verdes nas áreas asfaltadas.
“O PACS inclui análises acadêmicas sobre o fenômeno de ilhas de calor na região. Esses e outros estudos embasam o PACS e as ações santistas, por meio da Seção de Mudanças Climáticas (Seclima), que atua há seis anos. Entre suas principais atribuições estão o aprofundamento de estudos científicos e a revisão do Plano Municipal de Mudança do Clima de Santos, outra ação pioneira em vigor há nove anos”, diz a nota.
A administração ainda afirmou que a cidade tem cerca de 35 mil árvores de 120 espécies diferentes. Com o plantio das 10 mil árvores, Santos atingirá o contingente de 45 mil árvores, o que resultará em uma árvore, em média, para cada lote (imóvel). Santos tem 45 mil lotes.
