Eleitor de Ciro desaprova Congresso e vê interesse eleitoral de Bolsonaro em auxílios

Por Júlia Barbon / Folha Press em 05/08/2022 às 09:15

Divulgação/PDT
Divulgação/PDT

Os eleitores que pretendem votar em Ciro Gomes (PDT) são os que mais desaprovam o trabalho do Congresso Nacional atual. Com relação ao STF (Supremo Tribunal Federal), seguem a opinião de todo o eleitorado e, em geral, veem a atuação dos ministros como regular.

A grande maioria dos apoiadores do pedetista diz acreditar que o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e a criação de novos benefícios sociais pelo governo até o fim do ano foram pensados para ganhar votos para Jair Bolsonaro (PL), e não só para ajudar as pessoas.

Eles também tiveram menos dificuldades para colocar comida no prato nos últimos meses do que os adeptos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas mais do que os adeptos do presidente. Metade não acha que o atual mandatário tentará dar um golpe de Estado, e a maioria confia nas urnas.

O ex-governador tem mais aderência entre brancos, mais escolarizados e com renda mais elevada. Talvez por isso seus eleitores sejam bastante presentes nas redes sociais e nos aplicativos de mensagem. Por outro lado, são os que mais evitam dar sua opinião na internet para evitar discussões.

Veja abaixo o que pensam as pessoas que têm Ciro como sua primeira opção sobre esses quatro temas: ameaças políticas e golpistas, avaliação do Congresso e do STF, redes sociais e fome/auxílios.

Os assuntos foram questionados na última pesquisa Datafolha, feita com 2.556 pessoas acima de 16 anos em 183 cidades de todo o país nos dias 27 e 28 de julho. Ela foi contratada pela Folha e está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-01192/2022.

A margem de erro total é de dois pontos percentuais. É importante ponderar, porém, que ela aumenta quando se considera apenas os que votarão em cada pré-candidato: é de três pontos entre eleitores de Lula, quatro em Bolsonaro e sete em Ciro, sempre na pesquisa estimulada.

Os demais postulantes ao cargo não foram incluídos porque a amostra é pequena para isso.

Ameaças políticas e golpistas

Metade dos eleitores de Ciro (51%) não acha que Bolsonaro tentará dar um golpe de Estado, índice superior ao dos eleitores de Lula (35%), mas a mesma porcentagem acredita que as ameaças do presidente devem ser levadas a sério. A confiança total ou parcial nas urnas chega a 84% em seu grupo.

Quanto a relatos de ameaças por suas posições políticas, os adeptos do pedetista ficam próximos da média geral (14% deles dizem ter sofrido ameaças verbais e 5%, físicas).

Avaliação do STF e congresso

Quase metade dos eleitores de Ciro (47%) avalia o Congresso Nacional como ruim ou péssimo, parcela que é de 37% entre os eleitores de Lula e Bolsonaro. Já em relação ao STF, a reprovação aos ministros é parecida com a da média geral (34%).

Os que pretendem votar no pedetista também ficam próximos da média quando questionados se lembram em quem votaram para deputado federal (17% lembram) e para senador (19%) em 2018. Eles acompanham mais o trabalho do primeiro (68%) do que do segundo (49%).

Redes Sociais

As pessoas que pretendem escolher Ciro para presidente são mais presentes nas redes sociais (78% delas têm alguma conta e 83% têm aplicativos de mensagem) quando comparadas aos apoiadores de Lula (64% e 74%, respectivamente).

Por outro lado, elas são as que mais evitam se envolver em polêmicas. Pouco mais da metade já deixou de publicar, compartilhar ou comentar algo sobre política para evitar discussões com amigos ou familiares ou saiu de grupos no WhatsApp pelo mesmo motivo (61%, contra 57% de Lula e 46% de Bolsonaro).

Fome e auxílios sociais

A maioria dos adeptos de Ciro diz que a comida em sua casa foi suficiente nos últimos meses (59%). Ainda assim, 74% tiveram que comprar marcas mais baratas, sobras ou produtos próximos da validade para substituir outros que não couberam no orçamento.

Eles acreditam que os novos benefícios dados por Bolsonaro, como o aumento do valor do Auxílio Brasil e a concessão de Vale Gás e auxílios a caminhoneiros e taxistas, só tiveram como objetivo ganhar votos para o presidente (76% deles pensam isso, próximo aos 80% de Lula e distantes dos 22% de Bolsonaro).

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