Vila Mathias emociona com reflexão humanitária e esperança de recomeço
Por Rodrigo Cirilo em 21/02/2025 às 23:21

O mundo atual está bem diferente daquele entregue a Adão e Eva, conforme a história bíblica conta. Entretanto, “ainda é tempo de recomeçar”. Com este lema, recortado do samba-enredo Gênesis – O que Deus criou, o homem devastou, a Vila Mathias desfilou, com cerca de 700 componentes e dez alas, pela Passarela do Samba Dráuzio da Cruz, no final da noite de sexta-feira (21).
O público ainda se acomodava na extensão da avenida quando a segunda agremiação do Grupo de Acesso iniciou sua apresentação, por volta de 22h05, logo após a Imperatriz Alvinegra, que abriu os trabalhos no Santos Carnaval 2025. A comissão de frente, que contou com dez componentes, deu um aperitivo da história que a escola viria a explanar.
O cartão de visitas da escola apresentou a pré-criação do mundo: o arauto. Vestidos de preto dos pés à cabeça, os integrantes mesclaram dança e parte teatral. A coreógrafa Janaína Marlene explicou o motivo da fantasia e da coreografia “pancadaria”.
“Não existia nada, por isso que a gente está assim [de preto]. Então, nós somos os arautos da coroa, antes de qualquer tempo. O arauto é quem traz toda a alegria da coroa. O que ela vai apresentar. Logo atrás vem um mundo maravilhoso pra todo mundo”, anunciou antes do desfile.
Na sequência, veio o carro abre-alas com um cavalo negro e dois demônios. A parte da frente obscura contrastou com a o meio e a traseira da alegoria, que contou com uma coroa giratória, iluminada em azul e dourado – cores da escola –, e o colorido da fauna e flora.
Aliás, a vegetação e o mundo animal também estiveram representados no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Kayã Parisi e Thammy Lopes. Como antecipou o presidente Vinicius Mendes ao Santa Portal, a dupla é uma das esperanças da escola para arrancar notas dez dos jurados e voltar à elite, onde não desfila desde 2020. Para Thammy, tudo correu tudo como planejado.
“A gente conseguiu fazer o que precisa se cumprir em todas as cabines, cantar, fazer o que é proposto para o casal. E eu espero que a gente não decepcione o presidente, que muito emociona a gente saber disso dele”, revelou Thammy, na dispersão. “É nosso primeiro Carnaval juntos. Já desfilei em outras escolas santistas e graças a Deus, o convite veio dessa porta-bandeira maravilhosa. Os 40 virão, após um longo ano de trabalho”, completou Kayã, com brilho em seu olhar amarelo da lente que compôs a fantasia de fauna.
Em seguida, a beleza natural deu lugar aos grandes impérios e nações que devastaram – e seguem devastando – o mundo. A ala das baianas, por exemplo, mostrou as queimadas nas floresta. O verde da mata e o colorido dos papagaios e tucanos dividiam espaço com amarelo vibrante das plantas.
A segunda alegoria foi um destaque à parte. Ela representava diversos artifícios de morte criados pela humanidade, como aviões kamikazes e tanques de guerra. Além disso, uma lápide com os dizeres ‘aqui jaz a paz’ completou a mensagem transmitida.
O desfile emocionou os componentes e o público. Meg Oliver desfilou pela primeira vez na Vila Mathias, na ala Poluição. A fantasia dos integrantes era o mar com diversos copos plásticos. A marinheira de primeira viagem em Santos citou um momento especial do destile.
“A bateria fez a paradinha e a escola toda cantou. Tô amando estar aqui, porque já desfilei muito em São Paulo. E, nossa, a primeira vez em Santos foi radiante. Muito bom. Ensaiamos bem, demos o nosso melhor. Muito suor, que valeu a pena”. Mesmo sem querer se despedir, a animada escola, ritmada pela bateria Guardiões da Vila, do mestre Vinícius Batucada, encerrou seu desfile com 44 minutos, dentro dos 45 previstos.
Olhos no acesso
Fundada em 14 de abril de 2008, a escola teve uma ascensão relâmpago no Carnaval santista, sendo campeã do extinto Grupo de Pleiteantes em 2009 e do Grupo de Acesso em 2010. No entanto, caiu do Especial logo na sua estreia e voltou à elite em 2013, após ganhar a segunda divisão novamente no ano anterior.
Desde então, foram oito desfiles entre a nata, com destaque para a vice-colocação em 2017, quando abordou os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Contudo, a agremiação, simbolizada por uma coroa, teve um novo descenso em 2020 e realiza seu terceiro Carnaval no Grupo de Acesso, visando ficar entre as duas melhores e retornar à elite.
O Carnaval 2025 pelo Sistema Santa Cecília de Comunicação tem um oferecimento da Facttum Construção e Negócios, Trasmontano Saúde e Prefeitura de Santos.