Sem cartões no Brasileirão, Renatinho liderou equipe em 2002
Por Guilherme Esron em 15/12/2022 às 06:00
O time do Santos campeão do Brasileirão de 2002 ficou marcado pela geração Diego e Robinho, mas a equipe contava com outros protagonistas. Um deles era o volante Renatinho, de apenas 23 anos, que surgiu no Guarani, mas que já vinha se destacando no Peixe desde 2000.
Renato Dirnei Florêncio era um segundo volante de extrema categoria. Terminou o campeonato de 2002 atuando em todas as partidas e sem um cartão amarelo sequer na conta.
Renatinho, que apesar da idade já era um líder em campo, guarda com carinho esse título. Principalmente, a luta para conseguir a classificação para os playoffs.
“Houve uma alegria muito grande depois da confirmação da classificação, foi um alívio para todo o grupo, porque queríamos muito chegar ao mata-mata e às finais. O grupo estava jogando bem, apesar dos tropeços no fim do turno, seria uma grande frustração se não ficássemos entre os oito. A partir da conquista da vaga, soubemos que jogaríamos com o São Paulo, que vinha de dez vitórias consecutivas e lembro de uma frase do Leão que nos motivou muito: Já que nos convidaram para a festa, vamos pegar a mais bonita“, disse Renato.
Essa frase foi um dos pontos principais que levou o Santos até o título. Renato fala ainda que a torcida do Santos apoiou muito o time e isso era um fator diferencial. Dava muita energia para todos. “O torcedor abraçou o grupo”, ressalta o volante.
Virada no elenco
Depois de alguns anos com elencos recheados de jogadores renomados como Rincón, Marcelinho Carioca e Carlos Germano, o Peixe seguia sem ganhar títulos. Então, o presidente da época, Marcelo Teixeira, resolveu apostar nos jovens da base e Renatinho conta como era a relação dos mais velhos com os novos talentos
“Era uma relação de família mesmo. O Diego e o Robinho tiveram uma integração com o elenco já no começo do ano, no final do Torneio Rio-São Paulo. Acabamos saindo logo no início, mas isso nos deu mais tempo para nos preparar para o Brasileiro. Chega o Emerson Leão e faz uma espécie de pré-temporada e os meninos já se destacaram aí. Todos sabíamos do talento dos dois. O nosso trato com eles era de muita alegria, eles brincavam muito, junto com o Willian, que subiu com eles da base, eram os que mais faziam as brincadeiras do grupo, mas sempre com responsabilidade”, conta.
Passados 20 anos dessa conquista tão marcante, Renato lembra que antes do segundo jogo da final contra o Corinthians, passou um filme na cabeça, mas que sabia que dessa vez não aconteceria de novo.
“Principalmente no segundo jogo, veio a lembrança do ano anterior. Eu vivi 2001, junto com Paulo Almeida, Léo, Fábio Costa, André Luís. Na semifinal do Paulistão, nós sofremos um gol faltando dez segundos para terminar a partida. Eu tenho certeza que nós seríamos campeões daquele ano”, lembra Renatinho.
Confiança entre diretoria e treinador
Sob a gestão de Marcelo Teixeira, o Santos finalmente saiu da fila, conquistando o Campeonato Brasileiro de 2002. Esse foi o início de uma era vencedora do Santos. Em resumo, para Renato, o principal mérito do presidente foi mesclar a juventude com a experiência. Daí em diante o Santos venceu o Brasileirão de 2004 e foi vice em 2003 e 2007, foi campeão paulista em 2006 e 2007 e vice em 2000 e 2009, além do vice da Libertadores de 2003.
“O Marcelo sofria uma pressão a mais. Claro que houve uma reformulação, saíram jogadores importantes e ficaram os garotos. O Leão assume o time, vieram contratações sem muito peso, mas que foram muito importantes para nós, como o Alberto, Fabiano e Maurinho. E aí depois de uma vitória em jogo amistoso, o técnico sentiu confiança no grupo e o Marcelo Teixeira acreditou na decisão do Leão. Esse foi o maior mérito dele, isso foi fundamental”.