Pelé 80 anos! Relembre a trajetória do maior de todos - Pelé, por Rodrigo Martins

Por Rodrigo Martins em 23/10/2020 às 08:19

PELÉ 80 ANOS – O Mundo do Futebol está em festa! Afinal, hoje é o aniversário daquele que escreveu com os próprios pés as mais belas páginas da história do esporte mais popular do Planeta Terra: Edson Arantes do Nascimento completa 80 anos neste dia 23 de outubro!

Natural de Três Corações, Pelé conquistou títulos, fez a alegria de alguns e a tristeza de outros, além de ter quebrado marcas – algumas delas perduram até hoje, como os 1.282 gols marcados pelo Rei, o maior goleador de todos os tempos – e colecionado fãs por todo mundo.

A idolatria por Pelé gerou até algumas comparações inusitadas, como uma frase que diz que o Rei, uma marca de refrigerantes e Jesus Cristo são os nomes mais conhecidos mundialmente. Outra frase que pode explicar a sua importância veio do poeta Carlos Drummond de Andrade, que resume bem a magnitude de Vossa Majestade pelos campos Brasil afora: “O dificil, o extraordinário, não é fazer mil gols como Pelé. É fazer um gol como Pelé”.

Em sua história dentro do futebol, Pelé conquistou três Copas do Mundo, dois mundiais pelo Peixe, dez campeonatos paulistas, seis campeonatos brasileiros (cinco seguidos, de 1961 a 1965), duas copas Libertadores da América e uma incontável quantidade de títulos individuais ou com os únicos dois clubes que defendeu (Santos FC e New York Cosmos) e pela Seleção Brasileira.

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Bruno Santos/Folhapress

Como tudo começou
Filho de Celeste Arantes e do ex-jogador de futebol amador João Ramos do Nascimento, conhecido como Dondinho, Edson virou Pelé aos três anos de idade após ganhar o apelido por causa de um goleiro do time do pai.

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Foto: Reprodução

Com cinco anos, Pelé se mudou com a família para Bauru, no interior de São Paulo. Foi lá que ele começou a jogar em clubes de divisões inferiores. Aos 15 anos, quando jogava no Bauru Atlético Clube, ele foi levado para o Santos pelo ex-jogador Waldemar de Brito. No dia 7 de setembro de 1956, ele fez a sua primeira partida como profissional.

No amistoso contra o Corinthians de Santo André, Pelé entrou no segundo tempo e marcou o sexto gol da vitória por 7 a 1. No mesmo ano, ele já começou a se firmar como titular da equipe. Com 17 anos, ele se tornou campeão paulista e artilheiro como 36 gols marcados. Nesse mesmo ano, Pelé foi convocado para a seleção brasileira pela primeira vez.

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Foto: Arquivo/Santos FC

Consagração no Santos e na Seleção
No Santos, Pelé quebrou o recorde histórico de gols em um único Campeonato Paulista, em 1958. Ele balançou a rede nada menos do que 58 vezes. Na seleção, mesmo com apenas 17 anos, ao lado de Garrincha ele foi o principal responsável pela conquista da primeira Copa do Mundo do futebol brasileiro. Com seis gols marcados, o Rei assombrou o mundo com atuações de gala. Na final contra a Suécia, por exemplo, Pelé marcou dois gols e chorou como criança ao cumprir a promessa que havia feito ao pai, quando ao lado de Seu Dondinho ouvia o Brasil perder a Copa de 1950 para o Uruguai. Ao ver o pai chorando após o “Maracanazo”, o Rei ainda criança afirmou que ganharia uma Copa do Mundo para ele!

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Foto: Arquivo/FIFA

Recheado de craques e tendo Pelé como o seu camisa 10, o Santos começou a empilhar troféus na década de 1960. Além de dez títulos paulistas e seis títulos nacionais (equivalentes ao Campeonato Brasileiro atual), ele levou o time a duas conquistas da Libertadores e Mundial de Clubes nos anos de 1962 e 1963. Na final de 1962, Pelé fez três gols na vitória por 5 a 2 contra o Benfica, em Portugal, naquela que é considerada a maior atuação do grande esquadrão santista dos anos 60.

Em uma época na qual os jogadores brasileiros permaneciam em times do país, Pelé ficou quase toda a carreira no Santos. No time da Vila Belmiro, o Atleta do Século XX jogou entre os anos de 1956 e 1974. 

Em fevereiro de 1969, Pelé e o Santos alcançaram um feito sem precedentes. Isto porque, a Guerra de Biafra, na Nigéria, foi interrompida para que o Rei e o time alvinegro jogassem no país. O governador da região, o tenente Samuel Ogbemudia, decretou feriado naquela tarde para que a equipe santista pudesse atuar no local. Além disso, o governante ainda liberou a ponte sobre o rio que ligava Benin e Sapele para que todos tivessem a passagem liberada e pudessem ver Pelé em ação. Com a bola rolando, o Rei não fez gol, mas o Peixe venceu a Seleção do Meio Oeste, por 2 a 1.

No dia 19 de novembro de 1969, Pelé chegou à incrível marca de 1.000 gols na carreira. Foi em um pênalti marcado em um jogo contra o Vasco da Gama, no estádio do Maracanã. Em toda a carreira, Pelé marcou nada menos do que 1.282 gols. De acordo com o Guiness Book, ele é o jogador que mais marcou gols na história do futebol.

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Foto: Arquivo/Santos FC

Na seleção, Pelé ainda participou das conquistas da Copa de 1962 – ele se machucou no segundo jogo da campanha – e 1970. No México, aliás, o Rei fez a sua melhor Copa. Além de gols e assistências, até mesmo jogadas que não resultaram em gol entraram para a história. Contra a Tchescolovária, Pelé quase marcou do meio-campo: feito, aliás, que ele nunca conseguiu em sua tão gloriosa carreira. Já na vitória sobre a Inglaterra, o eterno camisa 10 teve a sua cabeçada parada por uma defesa monumental do goleiro Gordon Banks. Na semifinal contra o Uruguai, o Rei também levou azar ao aplicar um “drible da vaca” no goleiro Mazurkiewicz e ver a bola sair tirando tinta da trave, naquele que é considerado um dos lances mais antológicos da história das Copas.

Na final de 1970, entretanto, Pelé fez uma partida sensacional na vitória do Brasil contra a Itália por 4 a 1. O Rei marcou o primeiro gol da seleção e ainda deu um passe primoroso para o gol do “capita” Carlos Alberto Torres, no tento que fechou a goleada e selou o terceiro título mundial brasileiro. Pelé se despediu da seleção canarinho em 1971.

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Foto: Arquivo/FIFA

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Foto: Arquivo/FIFA

Pelo Alvinegro Praiano, Pelé ainda viria a erguer mais um troféu: o Campeonato Paulista de 1973, em polêmica final que acabou com o título dividido entre Santos e Portuguesa de Desportos. O árbitro Armando Marques errou na contagem da disputa de pênaltis, o que fez com que o Paulistão daquele ano tivesse dois campeões.

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Foto: Reprodução

Despedida do Santos
No 2 de outubro de 1974, perto dos 21 minutos do primeiro tempo da partida entre Santos e Ponte Preta, na Vila Belmiro, pelo Paulistão, Pelé disse adeus ao futebol. Ou, pelo menos, ao Peixe, pois o adeus definitivo acabou adiado, em função da sua ida para o Cosmos, dos Estados Unidos.

O jogo estava 0 a 0, quando o Rei surpreendeu a todos – como era de costume quando o maior de todos estava em campo. No círculo central, Pelé parou e pediu ao volante Léo Oliveira para que desse a bola. Na hora de ajoelhar, Pelé voltou-se de braços abertos para os quatro lados da Vila Belmiro.

Ao seu levantar, Pelé tirou a camisa, recebeu rápídos cumprimentos – tanto de seus companheiros quanto dos adversários – e começou a volta olímpica, sob aplausos, gritos de “Fica, Fica” e o forte assédio da imprensa até descer para o vestiário.

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Foto: Reprodução

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Foto: Arquivo/Folhapress

Aposentadoria e vida pós-futebol
No final da carreira como jogador, Pelé ainda participou de um projeto de tentativa de popularização do futebol nos Estados Unidos. Por três anos, ele jogou na equipe do Cosmos. O último jogo como profissional foi um amistoso entre o time norte-americano e o Santos, no dia 1º de outubro de 1977. Para coroar a carreira, ele foi escolhido como o Atleta do Século em 1980.

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Foto: Reprodução

Fora do futebol, Pelé ficou conhecido por participar de projetos como embaixador do Unicef e por ser ministro do Esporte durante do governo de Fernando Henrique Cardoso entre os anos de 1995 e 1998. A principal ação dele foi a “Lei Pelé”, que previa o repasse de recursos para associações esportivas.

Pelé também teve passagens como ator. O Rei tem algumas composições musicais e chegou a participar de novelas da Rede Globo, além de 10 filmes. Uma das produções mais marcantes da carreira artística do Rei foi no filme “Fuga para a Vitória”, de 1982. Na ocasião, ele atuou ao lado de Sylvester Stalone e Michael Caine, em longa dirigido por John Huston.

Nos últimos anos, o Rei sofreu com problemas de saúde e as suas aparições públicas ficaram cada vez mais raras.

Mesmo fora dos campos, a sua presença sempre foi constante no mundo do futebol. Seja com opiniões polêmicas, frases divertidas ou nas famosas comparações sobre quem poderia “roubar” a coroa da cabeça do Rei!

A maior prova da majestade de Pelé é que: Maradona, Di Stefano, Messi e Cristiano Ronaldo, dentre outros, são constantemente comparados a ele. No entanto, isso só prova a sua grandiosidade e reforça o tamanho de sua genialidade. Mas podemos afirmar, com certeza absoluta, que nenhum deles conseguiu atingir ou superar os feitos do Rei em todos esses anos. Quem sabe daqui a mil anos nasça um novo Pelé…

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Foto: Reprodução

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Foto: Acervo UH/Folhapress

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Foto: Arquivo/Santos FC

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Foto: Arquivo/Santos FC

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Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação CBF

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Foto: Marcelo D. Sants/FramePhoto/Folhapress

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Foto: Reprodução

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