Dona de quintal com acúmulo de lixo promete limpeza, mas problema piora: ‘vou deixar limpo’

Por Santa Portal em 03/04/2024 às 06:00

Arquivo/Santa Portal
Arquivo/Santa Portal

Uma mulher, acusada de acumular lixo dentro do próprio imóvel na Aparecida, em Santos, deixou, no início do mês passado, uma carta em frente à residência, afirmando que iria limpar o quintal. No entanto, a população local alega que os problemas de mau cheiro, infestação de ratos e, principalmente, mosquitos aedes aegypti, transmissores de dengue, zika e chikungunya, seguem no convívio da vizinhança.

Na carta, a mulher reconheceu os desdobramentos negativos que o depósito à céu aberto causa e prometeu resolver situação. “Sei que o mosquito mata, vou fazer minha parte. Pode parecer que não estou limpando o meu quintal, mas aos poucos estou. Vou deixar o meu quintal limpo, mas eu mesma que vou fazer. Obs: me respeitem”. (Confira a carta abaixo).

Em entrevista ao Santa Portal, um dos moradores do conjunto ao lado, que preferiu não se identificar, relata que, mesmo após semanas da mensagem, o problema, em vez de ser solucionado, tomou proporções maiores.

“Acredito que ela realmente deve ter jogado algum veneno. Porque o cheiro de rato morto está insuportável e quando chove ou bate sol, fica ainda pior. De qualquer forma, ela falou que iria limpar. E, com certeza, não fez isso. O lixo não diminui de jeito nenhum. Está uma situação de calamidade. Uma vizinha passou mal, está com suspeita de dengue e tem um foco gigantesco aqui na nossa frente. Tudo leva a crer que veio de lá”, completa o vizinho que realizou uma denúncia no sistema digital da Ouvidoria Municipal há dois meses.

O denunciante descreve que ouve o filho da moradora, que tem retardo mental moderado, clamando pela mãe. “De vez em quando a gente escuta ele gritando, falando e chamando ela, mas nunca ouvimos a voz dela. Sinceramente, não sei em que situação eles vivem, com tanto lixo e ratos dentro de casa”.

O que diz a Prefeitura

Em nota enviada ao Santa Portal, a Prefeitura de Santos, através da Secretaria de Saúde (SMS), informa que o caso foi encaminhado para a Policlínica do Estuário, que realizou visita domiciliar no imóvel citado. Contudo, os profissionais da equipe de saúde que estiveram no local para prestar o atendimento foram recusados pelos moradores.

“Destacamos que a Prefeitura tentou de todas as formas adentrar o imóvel privado a partir da autorização do morador, ainda mais em se tratado de pessoa com transtorno mental. Conforme informamos anteriormente, o imóvel já foi visitado pela equipe de agentes de combate a endemias nos últimos dias 6 e 7 de fevereiro. A equipe realizou desratização no entorno do imóvel com a aplicação de 320 gramas de raticidas em bueiros e tocas”.

Relembre o caso

Uma mulher, suspeita de acumular lixo dentro da própria residência, tem gerado transtornos para a vizinhança do bairro Aparecida, em Santos. A população local se queixa de uma recente infestação de ratos e do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya, propiciada pelo depósito à céu aberto no imóvel.

Um dos moradores do conjunto ao lado da casa da mulher revela que a situação vem desde antes da pandemia. À época, a Prefeitura de Santos realizou limpezas no local, entretanto, “uma semana depois já estava cheio de novo de lixo”. Segundo o morador, ele e seus vizinhos abriram ocorrências no sistema digital da Ouvidora Municipal. Contudo, não obtiveram resposta.

“Ela tá causando problema aqui há tempos já, mas ultimamente passou dos limites. Tá aparecendo muito mosquito da dengue. Tem mesa, ventilador e um monte de coisa a céu aberto que permite acúmulo de água. A prefeitura tem que fazer alguma coisa, ainda mais com a dengue se alastrando por aí. Estamos expostos, não podemos deixar o pior acontecer”, desabafa.

O denunciante conta que os moradores adotaram a medida de espalhar veneno de rato por toda extensão do conjunto, que conta com seis casas, para tentar conter a infestação. Apesar disso, nos últimos dias, os vizinhos flagraram visitas indesejáveis em suas residências.

“Entraram dois ratos na primeira casa, um filhotinho e um rato médio. Ao lado, a cachorra dos meus vizinhos matou um na boca. Eles tiveram que ficar observando para ver se isso não gerava alguma infecção. Ainda nesses dias, passou um rato em cima do muro. Qualquer hora, vou esquecer a porta aberta e vão entrar em casa. E aí? Vou ter que fazer o que?”, indaga.

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