DDM e Corregedoria já têm os nomes de 11 PMs acusados de estupro coletivo em festa

Por Santa Portal em 02/02/2024 às 16:30

Divulgação/Prefeitura de Guarujá
Divulgação/Prefeitura de Guarujá

Os nomes de todos os policiais militares envolvidos no estupro coletivo cometido contra uma mulher de 33 anos, durante churrascada em uma casa de veraneio em Guarujá, já são de conhecimento não só da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) do município, como também da Corregedoria da PM. Os acusados pelo estupro coletivo seriam em número de 11.

Essa informação foi prestada pelos advogados Bruno Bottiglieri e Allan Kardec Campo Iglesias, nesta sexta-feira (2), ao Santa Portal. Segundo eles, além de a cliente receber oferta de dinheiro para negar ou abrandar a acusação, o que não foi aceito, ela sofreu “ameaças veladas” para não dar prosseguimento ao caso, como se isso fosse possível.

“A gente não tem efetivamente uma ameaça expressa. Pelo menos, por enquanto, no contexto de provas que foram levantadas, as ameaças sempre se deram com frases do tipo ‘é bom você fazer um acordo para evitar essa situação, é melhor resolver isso logo para não ficar pior’”, detalhou Bottiglieri.

Punível com reclusão de oito a 15 anos, o estupro de vulnerável é crime de ação penal pública incondicionada, não sendo possível a denunciante, por qualquer motivo, desistir do prosseguimento da investigação. No caso sob apuração, a vulnerabilidade decorre do fato de a vítima ter sido “dopada” ao ingerir uma bebida que lhe deram na festa.

Sobre o crime ainda recai a causa de aumento de pena decorrente do fato de o delito ter sido cometido por dois ou mais agentes (estupro coletivo), prevista no artigo 226, inciso IV, letra “a”, do Código Penal. Nessa hipótese, a sanção é elevada para o patamar de dez anos e oito meses a 25 anos de reclusão.

Pechincha do silêncio

Prints de diálogos no WhatsApp entre a vítima e um suposto policial militar, que teria atuado como intermediário dos PMs acusados, revelam que os denunciados ofereceram dinheiro para a mulher aliviar a acusação. Inicialmente, ela teria fingido interesse, mas o seu objetivo foi o de obter provas e verificar como evoluiria a negociação.

Indagada pelo intermediário sobre o valor que pretendia receber, a vítima respondeu ser R$ 50 mil. Porém, o negociador dos acusados ponderou que R$ 30 mil, em duas vezes, seria um bom valor para “ambas as partes”, porque “é uma briga na justiça grande, pode ser que dê alguma coisa ou não dê nada”.


Foto: Reprodução

Em contato posterior com a vítima, o intermediário disse que “todos aceitaram, porém, fixaram em 20”. Conforme mensagem que ele digitou no aplicativo, o pagamento seria realizado da seguinte forma: “10 de cara e os outros 10 quando acabar”. O intermediário deverá ser ouvido na DDM e na Corregedoria para informar em nome de quem negociou.


Foto: Reprodução

Gravidez e aborto

O crime ocorreu em 10 de agosto de 2023, sendo o boletim de ocorrência registrado em 12 de dezembro, na 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de São Paulo. Após a comunicação oficial do estupro coletivo, a vítima se submeteu a um aborto legal, ainda em dezembro, no Hospital Escola Maternidade Cachoeirinha, na Capital.

A vítima disse na DDM paulistana que descobriu estar grávida em novembro e associou a gestação ao estupro. Como o crime ocorreu em Guarujá, o caso foi remetido à delegacia especializada desta cidade. Por questões de segurança, os advogados dela mantêm em absoluto sigilo o seu atual paradeiro. Temendo represálias, ela já teria saído de casa. (EF)

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