17/07/2018

Casos de sarampo aumentam no mundo, alerta OMS

Por Agência Brasil em 17/07/2018 às 16:43

SARAMPO – Relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta para o aumento de casos de sarampo no mundo. Os números mostram que, nos quatro primeiros meses deste ano, foram registrados 79.329 casos da doença, contra 72.047 no mesmo período de 2017.

O pico da doença foi registrado no mêsde março, quando foram identificados 25.493 casos. A maior parte dos casos de sarampo registrados em 2018 foram identificados em países como Uganda e Nigéria, na África; Venezuela, nas Américas; Iêmen, Emirados Árabes Unidos, Síria, Sudão e Paquistão, no Mediterrâneo Oriental; Ucrânia, Sérvia, Rússia e Romênia, na Europa; Índia, Tailândia, Mianmar e Indonésia, no Sudeste Asiático; e Filipinas e Malásia, no Sudeste Asiático.

Surtos no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil enfrenta pelo menos dois surtos de sarampo – em Roraima e no Amazonas. Até o dia27 de junho, foram confirmados 265 casos de sarampo no Amazonas, sendo que 1.693 permanecem em investigação. Já Roraima confirmou 200 casos da doença, enquanto 179 continuam em investigação.

Ainda segundo a pasta, casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (1), Rio Grande do Sul (6); e Rondônia (1). Outros estados têm casos suspeitos, mas que ainda não foram confirmados. Até o momento, o Riode Janeiroinformou oficialmente 18 casos suspeitos e dois casos confirmados de sarampo.

“O Ministério da Saúde permanece acompanhando a situação e prestando o apoio necessário ao Estado. Cabe esclarecer que as medidas de bloqueio de vacinação, mesmo em casos suspeitos, foram realizadas em todos os estados”, diz o ministério. Em 2016, oBrasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo.

A ocorrência decentenas decasos confirmadosde sarampo em Manaus e Roraima e amortede um bebê em Manaus deixaram o país em alerta. Outros três estados – Rio Grande do Sul, Rondônia e Riode Janeiro- também já registraram pacientes com diagnóstico positivo para a doença.

O Brasil não registrava casos desde 2014 e a volta da doença preocupa. O sarampojá foi uma das principais causas de mortalidade infantil no país e pode deixar sequelas neurológicas. Ovírus provoca manchas vermelhas no corpo, febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e pontos brancos na mucosa bucal.

A vacina contra o sarampo está disponível na rede pública. A mais comum é a Tríplice Viral, que protege ainda contra rubéola e caxumba. A Tetra Viral fornece ainda proteção adicional contra a varicela. São indicadas duas doses em um intervalo de um a dois meses. Em crianças, o intervalo deve ser um pouco maior, sendo a primeira dose entre os primeiros 12 e 15 meses de vida.

A reportagem daAgência Brasilconversou coma médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para tirar dúvidas sobre a transmissão da doença, vacinação e como evitar. “Vacinar e combater a circulação do vírus não é só um ato individual, é um ato de solidariedade e de responsabilidade coletiva”, destaca a médica.

Como se pega o sarampo?
“O vírus é facilmente transmissível. A doença se dissemina de forma similar à gripe, por vias respiratórias, através de um espirro, tosse, beijo e também pelas mãos. Então, é fácil ocorrer um surto de sarampo. Ele se alastra rapidamente.”

Quais os riscos para quem contrai?
“Em caso de suspeita, a pessoa precisa procurar uma unidade de saúde. Ela não deve usar medicamentos por conta própria. O sarampo não tem tratamento e o papel do sistema de saúde é dar suporte à pessoa. Pode ocorrer necessidade de hospitalização, mas é raro. Na maioria dos casos, o paciente fica em casa. Mas quadros graves ocorrem e a doença pode inclusive levar à morte.”

Como se proteger?
“A única maneira eficaz é através da vacina. Crianças, adolescentes e adultos devem se imunizar não apenas para se protegerem, mas para proteger também os que não podem se vacinar e que são os que correm o maior risco de complicações e de terem quadros que evoluem ao óbito. Estamos falando de pessoas com câncer, pessoas que vivem com HIV e estão imunodeprimidas, pessoas que estão fazendo quimioterapia ou outro tratamento com drogas que causam imunossupressão.”

Quem já teve sarampo precisa se vacinar?
“Não. Quem tem certeza que teve a doença não precisa. O sarampo não ocorre duas vezes.”

Quem não se lembra ou não sabe se foi vacinado precisa se vacinar?
“Quem não tem certeza, mesmo que ache que já tenha se vacinado, deve se vacinar. Se não tem a carteirinha que comprove a vacinação, não há nenhum prejuízo para a saúde do indivíduo receber uma nova dose.”

Onde se vacinar?
“Em postos de saúde espalhados pelas cidades. O Ministério da Saúde disponibiliza a vacina há muito tempo. Não é uma novidade. Se todos tivessem seguido o calendário de vacinação, talvez não estivéssemos passando por esta situação. É importante destacar que a vacina não é só para a criança. O adulto pode ser o responsável pelo início de um surto no país ou na sua região. Apenas uma minoria que recebe as duas doses não cria imunidade. São cerca de 2%. Mas se toda a população estiver vacinada, essas pessoas também estarão protegidas.

Caso não tenham se vacinado na infância, pessoas com até 29 anos conseguem obter duas doses da vacina na rede pública. Já entre 30 e 49 anos, recebem uma dose apenas. A SBIm, do ponto de vista individual, recomenda as duas doses em qualquer idade para pessoas que ainda não tenham sido imunizadas. Mas o Ministério da Saúde opta por não vacinar maiores de 50 anos, porque a maioria das pessoas dessa faixa etária teve o sarampo na infância.”

Há alguma situação em que a vacina não é recomendada, por exemplo, após o consumo álcool ou drogas?
“Situações de vida comum, como o consumo de álcool, não contraindicam a vacinação. Uma das contraindicaçõesé relacionada com as situações de imunodepressão. Grávidas não podem ser vacinadas. Para que estas pessoas fiquem protegidas, as demais precisam se vacinar.”

Qual estação do ano ocorre maistransmissão da doença?
“Antigamente, o sarampo tinha maior ocorrência na primavera.Hoje, o que podemos dizer é que ambientes fechados ampliam as chances de disseminação das doenças que são transmitidas por via respiratória”.

Como estáo cenárioatual?
“A preocupação é grande. Se não tomarmos as medidas necessárias e as pessoas não forem se vacinar, podemosterde volta a circulação do vírus do sarampo no país. Temos atualmente surtos secundários decorrentes da importação do vírus. O que não podemosé ter a circulação do vírus sem controle. De 2000 a 2013, tivemos casos pontuais e todos importados. Não tivemos surtos. Em 2013, importamos o vírus, provavelmente da Europa, e tivemos surtos no Ceará e em Pernambuco. De 2014 pra cá, não tivemos mais casos. Em 2016, recebemos o certificado de erradicação da circulação do vírus do sarampo no país. E agora, em 2018, fomos surpreendidos pela importação da Venezuela. E temos uma preocupação grande quando vemos, por exemplo, casos em Porto Alegre, onde o vírus foi trazido de Manaus”.

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