Santos chama atenção para campanhas de conscientização sobre doação e saúde do sangue
Por Santa Portal em 07/06/2024 às 16:00
Neste mês, duas campanhas de conscientização, que se complementam, entram em cena para chamar a atenção sobre doação e a saúde do sangue. O Junho laranja busca divulgar informações sobre anemia e leucemia, além de incentivar a população a se tornar doadora de medula óssea. Já o Junho Vermelho visa incentivar a doação em uma época que os estoques dos bancos de sangue costumam cair em todo o País.
A anemia é um sinal de que algo não está normal no corpo, geralmente caracterizado pela baixa quantidade de hemoglobina no sangue. Sintomas comuns incluem palidez, cansaço, fraqueza e coloração amarelada da pele. Estes sinais, conhecidos popularmente, indicam que os glóbulos vermelhos estão abaixo do nível normal. Embora muitas pessoas associem anemia à leucemia, é importante esclarecer que nem toda anemia evolui para leucemia.
“O mês de junho é dedicado à conscientização sobre anemia e leucemia para educar tanto a população quanto os profissionais de saúde sobre a importância do diagnóstico precoce e correto dessas condições”, informa a responsável pelo Hemocentro de Santos e hematologista do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), Elaine Mancilha, acrescentando que a conscientização ajuda a garantir que as pessoas procurem atendimento médico adequado e realizem exames de rotina, como hemogramas, que podem detectar doenças e outras alterações no sangue.
Já a leucemia é um tipo de câncer que afeta as células sanguíneas e, frequentemente, necessita de transplante que visa substituir as células doentes por células saudáveis provenientes de um doador. Esse procedimento é popularmente conhecido como transplante de medula óssea, mas o termo correto é transplante de células-tronco hematopoéticas, diz a médica. “As células-tronco hematopoéticas são as “células-mãe” da medula óssea e são responsáveis pela produção de sangue”, disse a especialista.
Cadastro no Guilherme Álvaro
E, ao contrário de outros tipos de transplantes que exigem um doador falecido, ela é feita por doadores vivos. No Brasil, o cadastro de doadores de medula óssea é feito nos bancos de sangue, como o do Hospital Guilherme Álvaro (HGA), que atende a Baixada Santista.
“Este é um processo altruísta semelhante à doação de sangue. Quem quiser se registrar no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) pode fazer isso no banco de sangue. O cadastro não obriga a doação de sangue, mas você pode fazer ambos ao mesmo tempo”, acrescentou a hematologista do HGA.
Solidariedade
Por isso a doação de sangue e o registro como doador de medula óssea são gestos de solidariedade que podem salvar inúmeras vidas. No entanto, muitas pessoas ainda têm dúvidas e receios sobre esses procedimentos, o que pode dificultar o aumento no número de doadores, explica a responsável pelo HemoCentro de Santos. Ambas ações têm um impacto direto na vida de muitos pacientes, especialmente os diagnosticados com leucemia.
Dúvidas e receios
Uma das principais preocupações de quem deseja se cadastrar como doador de medula óssea é a forma de coleta do material. Contrariando a crença popular de que é necessário retirar medula da espinha, o processo de registro é bastante simples. A coleta para o registro consiste em retirar uma pequena quantidade de sangue, cerca de 3ml, similar a um exame de hemograma comum. Esse sangue é enviado ao redome.
Para realizar esse registro, basta que a pessoa tenha entre 18 e 35 anos, esteja em boas condições de saúde e compareça ao Banco de Sangue do Hospital Guilherme Álvaro. O processo de registro é simples: após manifestar a intenção de doar na recepção do banco de sangue, o potencial doador fornece seus dados pessoais e o tubo de sangue é coletado.
Foto: Raimundo Rosa/Divulgação Prefeitura de Santos
Este material é enviado ao Instituto Nacional do Câncer (Inca) para testes genéticos que determinam a compatibilidade com pacientes que precisam de transplante. O órgão, que fica no Rio de Janeiro, organiza os transplantes no País. Quando algum paciente necessita, o Inca verifica a compatibilidade, encontrando o doador, ele é contatado para confirmar sua disponibilidade.
Por isso, é essencial manter os dados de contato atualizados sempre atualizados para facilitar essa comunicação. “Uma falha comum é o doador mudar de telefone e não atualizar essa informação no banco de dados”, alertou a médica.
O transplante
A especialista explica que existem duas formas principais de coleta a qual o doador pode ser submetido: por sangue periférico, que é menos invasivo, e a coleta cirúrgica, utilizada somente em casos muito específicos. No método periférico, um medicamento estimula as células-tronco a saírem da medula para o sangue, de onde são coletadas por uma máquina especial.
“Este procedimento é semelhante à doação de sangue por aférese e é preferido por ser menos invasivo. Já a coleta cirúrgica é reservada para situações especiais e sempre com o consentimento do doador”, disse.
O transplante de células-tronco hematopoéticas é geralmente o último recurso para pacientes com leucemia, após a quimioterapia. Embora não garanta 100% de cura, oferece uma chance significativa de sobrevivência ao substituir as células doentes e fornecer uma defesa adicional contra a recaída da doença.
“A célula-tronco doada tem a capacidade de proliferar na medula óssea do receptor, fornecendo uma nova fonte de células saudáveis e ajudando a combater a leucemia. No Sistema Único de Saúde (SUS), o transplante de medula óssea é uma das melhores opções de tratamento disponível para leucemia”.
Ela diz ainda que o Brasil se destaca mundialmente pela sua rede de transplantes de medula óssea, com um dos maiores registros de doadores do mundo, graças à diversidade genética da população.
Doe Sangue
A doação de sangue também tem campanha especial. O Junho Vermelho serve de lembrete e alerta, afinal a doação é igualmente essencial e salva inúmeras vidas, especialmente de pacientes com doenças hematológicas graves, como a leucemia, que necessitam de transfusões frequentes. Além disso, cirurgias e acidentes também demandam um estoque contínuo de sangue.
Confira os requisitos básicos para ser um doador:
– Ter entre 18 e 60 anos.
– Estar em boas condições de saúde.
– Pesar mais de 50 kg.
– Ter dormido bem na noite anterior.
– Não ter consumido bebidas alcoólicas nas últimas 24 horas.
– Estar bem alimentado, sem necessidade de jejum, mas evitando refeições muito gordurosas.
Os doadores passam por uma triagem com profissionais de saúde que verificam se estão aptos para a doação de sangue. Essa triagem garante que tanto o doador quanto o receptor estarão seguros.
Serviço e Horários
O Banco de Sangue do Hospital Guilherme Álvaro (Rua Oswaldo Cruz, 267), em Santos, atende de segunda a sábado, das 8h às 12h30.