Bonde de Santos passa a ser abastecido por energia solar

Por Santa Portal em 05/02/2025 às 16:00

Carlos Nogueira/Divulgação Prefeitura de Santos
Carlos Nogueira/Divulgação Prefeitura de Santos

Com 113 anos, o secular Bonde Fechado de Santos, também chamado de Camarão, passa a ser abastecido com energia solar.

O novo sistema representará economia na despesa com energia e menos ruído durante o percurso, conforme o engenheiro eletricista Marcos Rogério Nascimento, que coordena a equipe técnica da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos), responsável pelas reformas e manutenções dos bondes. E já há previsão da expansão da fonte de energia renovável a outros quatro elétricos que transportam santistas e visitantes em passeios por pontos históricos da região central da Cidade.

“O Bonde Camarão foi um projeto-piloto que desenvolvemos e colocamos em circulação. Deu certo e agora, com o aval da diretoria, vamos partir para outros elétricos da frota”, disse o engenheiro.

Desde a aquisição dos equipamentos, montagem e testes com o veículo em circulação, foram 60 dias de trabalho e avaliações. A energia solar abastece os sistemas de multimídia e iluminação do veículo, substituindo o modelo anterior composto por três equipamentos, incluindo um motor. Uma mudança que resulta em diferentes ganhos e redução de custos. “Em relação a gastos com equipamentos, o novo modelo, com painel solar, controlador de carga e baterias, custa em torno de R$ 1.500,00, correspondente a 1/5 do modelo anterior. Em termos de manutenção, torna essa tarefa mais ágil e confiável. A limpeza da placa fotovoltaica pode ser feita por apenas um homem, uma vez por semana, em 15 minutos”, acrescentou Nascimento.

Até pela profissão escolhida, o técnico de eletricidade Cremilton Jesus de Oliveira é um interessado em saber sempre mais sobre energia, em especial a do tipo solar por não ser poluente. Está sempre pesquisando e lendo sobre o assunto, seja pelo Youtube e até um canal digital especializado. E foi assim que, depois de muita pesquisa, há cinco anos teve a ideia de usar energia solar no sistema de bondes. Na época, a proposta não foi adiante em razão dos recursos materiais necessários e o que havia disponível no mercado, conforme conta.

“Naquele tempo, iríamos precisar de três placas solares grandes. Não havia nem espaço para instalação. A ideia foi retomada no ano passado, desenvolvemos os estudos e trabalhos e conseguimos fazer o mesmo projeto com apenas uma placa”, explicou ele, que em 2003 passou a fazer parte da equipe múltipla de profissionais responsável pelas reformas e manutenções dos bondes da linha turística, criada no ano 2000 para circular pelo Centro Histórico e consolidada como uma das principais atrações turísticas de Santos.

Com orgulho e satisfação pelo êxito, Oliveira fala dos ganhos advindos da iniciativa, destacando a redução de custos em relação ao sistema anterior e a eliminação de ruído de motor. Agora tem um controlador de carga que recebe a energia do painel fotovoltaico e abastece a bateria para o funcionamento do sistema auxiliar do bonde (iluminação interna, luz de freio, seta, caixa de som etc). “Isso sem falar na manutenção básica, limpar o painel solar uma vez por semana. É tudo muito mais fácil e simples. A bateria carrega em apenas 10 a 15 minutos recebendo a luminosidade natural. A gente liga e monitora”.

Já o engenheiro Marco Rogério ressalta que a evolução dos equipamentos e materiais para captação de energia solar tornou mais viável o projeto. “A placa solar que estamos comprando para o próximo bonde é mais potente e tem o mesmo tamanho (dois metros de comprimento e metro de largura) que a utilizada neste primeiro elétrico”.

O painel solar colocado no teto, reforça, é específico para o fornecimento de energia para o funcionamento da iluminação e do sistema de multimídia dos bondes. “Não atende o bonde como um todo, ou seja, não é para colocar o veículo em circulação. Para isso seria necessário a instalação de várias outras placas, uma vez que o motor que movimenta o veículo tem grande potência”.

Ele também destaca o trabalho cuidadoso realizado pela equipe, de maneira a não descaracterizar o elétrico. “A bateria e o controlador de carga foram instalados sob um dos bancos e os cabos passados pelo interior do carro, mas ficando também imperceptíveis”. Outro detalhe é que, sem o motor que funcionava com essa mesma finalidade, haverá menos barulho, proporcionando aos passageiros uma viagem ainda mais agradável.

Pela programação, os próximos carros da frota a contarem com energia solar serão o Bonde Pelé e o Bonde Aberto. O processo para aquisição dos equipamentos está sendo iniciado. “O projeto-piloto com o Bonde Camarão, nos deu referências para os próximos. Sabemos, por exemplo, que é possível utilizar uma placa com maior potência”, explicou o engenheiro.

De mecânica original escocesa, o ‘bonde camarão’, de número 40, é de 1911. Confeccionado em cabreúva, madeira em extinção, e vidro martelado, foi projetado nos anos 1950 e sua carroceria, modernizada. Tem capacidade para 28 passageiros e recebeu reproduções de propagandas que existiam quando os elétricos circularam em Santos. Idêntico aos que rodaram na cidade até a década de 1970, esse bonde pode alcançar 50km por hora. O nome ‘camarão’ decorre da carroceria fechada e da cor original, vermelha.

Começou a circular na Linha Turística em 26 de janeiro de 2002 e, em julho de 2011, foi transformado no Bonde Baleia, em homenagem à conquista do tricampeonato da Copa Libertadores pelo Santos Futebol Clube – a parte interna recebeu imagens que relembram os títulos de 1962, 1963 e 2011. O elétrico voltou a circular em setembro de 2013 com a pintura prata e vermelho, original, e desde 11 de abril de 2017 adquiriu a cor verde atual.

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