Com quatro casos em menos de um mês, Baixada Santista liga alerta para meningite
Por Beatriz Pires em 07/11/2025 às 15:00
Quatro casos de meningite foram registrados na Baixada Santista em menos de um mês, acendendo o alerta entre as autoridades de saúde e as escolas da região. Em outubro, Praia Grande confirmou o primeiro caso: uma menina de 11 anos, diagnosticada com meningite bacteriana tipo C, que veio a óbito. Dias depois, um estudante da Escola Municipal José Bonifácio, em Santos, foi diagnosticado com meningite viral, uma forma mais leve da doença. O aluno apresentou boa recuperação e as aulas não precisaram ser suspensas.
Na sequência, Santos confirmou um segundo caso em uma escola municipal. De acordo com a prefeitura, o estudante foi diagnosticado com meningite bacteriana pneumocócica, não teve contato presencial com a comunidade escolar e não houve necessidade de medidas preventivas. Já em Praia Grande, a Secretaria de Saúde Pública confirmou um novo caso da doença, em um menino de 2 anos internado no Hospital das Clínicas de Mogi das Cruzes.
Os casos acendem um sinal de alerta. A médica infectologista Elisabeth Dotti explica que a meningite é uma infecção das meninges, membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal , causada por vírus, no caso da meningite viral ou por bactérias, na meningite bacteriana.
“No começo, pode parecer apenas um resfriado, mas os sintomas evoluem rapidamente, é uma infecção grave que pode levar ao óbito ou deixar sequelas”, afirma.
Entre os principais sintomas estão febre alta, rigidez no pescoço, dor no corpo, dor de cabeça, náuseas e vômitos. Em alguns casos, podem surgir confusão mental, tontura ou manchas na pele, dependendo da bactéria. A especialista alerta ainda que há casos assintomáticos, em que a pessoa transmite o microrganismo sem perceber.
A transmissão ocorre por gotículas respiratórias durante a fala, tosse, espirro ou contato próximo. Após a exposição, os primeiros sintomas podem aparecer entre dois e dez dias. A médica observa que as bactérias costumam se espalhar com mais facilidade durante o outono e o inverno, períodos mais frios e secos, embora os casos possam ocorrer durante todo o ano. Crianças, idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade estão entre os grupos de maior risco.
Elisabeth reforça que a melhor forma de prevenção é manter o calendário vacinal atualizado. A partir dos dois meses, os bebês já podem ser vacinados com a Meningocócica. Depois, aos três meses, recebem as vacinas Hemófilos e Pneumocócica. Além da vacinação, ela recomenda cuidados básicos de higiene, como evitar compartilhar objetos pessoais, lavar as mãos com frequência e manter os ambientes ventilados.
“O calendário vacinal do Ministério da Saúde é um espetáculo. Nossa parte de vacinas é muito boa, somos os campeões nisso”, elogia a médica.
Posicionamento das prefeituras sobre a meningite na Baixada Santista
Em nota, a Secretaria de Saúde de Santos informou que houve redução nos casos de meningite bacteriana em 2025, em comparação com o ano anterior. Foram sete registros em 2024 e três neste ano. Nenhum dos casos recentes teve transmissão de pessoa a pessoa, sendo todos considerados isolados.
Já a Prefeitura de Praia Grande confirmou dois casos recentes e afirmou que todas as medidas de prevenção foram adotadas, incluindo higienização das escolas, medicação preventiva e campanhas de vacinação. As aulas seguiram normalmente.
No caso do menino de dois anos, a Secretaria reforçou as orientações sobre higiene pessoal, o não compartilhamento de objetos e a importância da vacinação. A Vigilância Epidemiológica segue acompanhando a família e monitorando a situação.