Gleisi diz que governo terá 'responsabilidade social em 1º lugar' sobre reação de mercado a fala de Lula
Por Mariana Holanda, Matheus Teixeira e Danielle Brant/Folhapress em 12/11/2022 às 08:00
A presidente do PT e coordenadora de articulação política do governo de transição, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), afirmou na sexta-feira (11) que a futura gestão federal terá “responsabilidade social em primeiro lugar” e que viu como “movimento especulativo” a variação negativa na Bolsa de Valores após declarações sobre estabilidade econômica feitas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Nós jamais vamos abrir mão de ter responsabilidade social colocada em primeiro lugar, porque estamos falando da vida das pessoas, da sobrevivência das pessoas”, disse após reunião do conselho político da transição.
Na quinta-feira (10), Lula fez críticas a regras que limitam os gastos públicos e o dólar chegou a disparar 4,08%, enquanto o Ibovespa, índice referência da Bolsa de Valores do Brasil, tombou 3,35%.
“Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos? Por que a gente não estabelece um novo paradigma?”, questionou o petista.
Lula também disse que “algumas coisas encaradas como gastos nesse país vão passar a ser vistas como investimentos”.
No mesmo dia, logo após a reação dos investidores, Lula disse que “nunca” tinha visto um mercado “tão sensível” quanto o brasileiro. Nesta sexta, Gleisi criticou o movimento da bolsa. “Penso que foi movimento especulativo, o que é muito ruim para o país”, afirmou.
Hoffmann disse que os índices já se estabilizaram nesta sexta. “Primeiro, recebemos com espanto, não sei o que o presidente Lula falou que pudesse fazer uma variação tão grande do sentimento de mercado. Aliás, todos os indicadores, de dólar, já entraram na normalidade”, afirmou.
O prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), que coordenou a campanha de Lula avalia que o mercado já havia precificado o rombo nas contas públicas gerados pelas medidas na economia encampadas por Bolsonaro nos últimos meses.
“Portanto, racionalmente, não há nada de novo em se mensurar déficit para pagar contas empenhadas e impedir descontinuidade de programas e projetos existentes. Assim como não tem nada de novo na política fiscal, o Estado ter capacidade para investir e para aquecer a economia, irrigando setores econômicos que têm capilaridade para dar sustentabilidade ao crescimento de forma mais rápida. Onde está a novidade?”, disse Edinho, por meio de nota.
O prefeito, aliado de primeira hora de Lula, afirma que não há razão para instabilidade do mercado, que estaria “sofrendo por antecipação com aquilo que não existe”.
“Não há a menor possibilidade da existência da ‘perda das rédeas’ dos gastos públicos em um governo liderado pelo presidente Lula. Essa possibilidade é zero”, diz. “O que é necessário é que uma parcela do país desça do palanque. A eleição acabou. Agora é momento de “baixar a temperatura” política estabelecida na sociedade”, continuou o ex-ministro.
O conselho político do governo de transição se reuniu, na manhã desta sexta em Brasília, pela primeira vez.
Integram o grupo indicados de 14 partidos: PSB, PT, Solidariedade, PV, Psol, PC do B, Rede, Agir, PROS, Avante, PDT, PSD, MDB e Cidadania. Não tinha nenhum representante do MDB na reunião, mas Hoffmann afirmou que eles irão participar das próximas reuniões.
O encontro acontece no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) -onde serão concentrados os trabalhos da transição.
Integram o grupo Gleisi Hoffmann (PT), Antônio Brito (PSD), Carlos Siqueira (PSB), Daniel Tourinho (Agir), Felipe Espírito Santo (PROS), Guilherme Ítalo (Avante), Jefferson Coriteac (Solidariedade), José Luiz Penna (PV), Juliano Medeiros (PSOL), Luciana Santos (PCdoB), Wesley Diógenes (Rede), Wolney Queiroz (PDT), Renan Calheiros (MDB) e Jader Barbalho (MDB).