Suspeitos alugaram casa próxima a de Ruy Fontes e um deles chegou a frequentar a mesma academia
Por Santa Portal em 17/10/2025 às 05:00
As investigações sobre o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, indicam que os suspeitos chegaram a alugar uma casa próxima à residência da vítima, no Canto do Forte, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Aliás, um deles se matriculou na academia onde o então secretário de Admnistração da cidade treinava.
De acordo com apuração do Santa Portal, esse suspeito frequentava o local de máscara e luvas, para não deixar digitais nem ser reconhecido. O imóvel, terceiro investigado no caso, foi alugado pelo grupo e ficava a poucos metros de onde o ex-delegado morava. O grupo responsável pelo crime monitorava a vítima desde março deste ano.
Outras casas investigadas
A segunda casa investigada por ter sido usada pelos criminosos que mataram o ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes foi pichada com as frases “que a verdade seja dita” e “a Justiça tarde + não falha”. O imóvel fica localizado no bairro Conjunto Residencial Mazzeo, em Mongaguá, no litoral de São Paulo.
A casa é o segundo imóvel investigado pelas autoridades. William Marques, 36, dono da primeira casa localizada na investigação, em Praia Grande, foi preso no último dia 21. Marques é irmão de um policial militar que, por enquanto, não é investigado no caso. Uma quarta casa também foi descoberta, em Itanhaém, e é investigada. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), entretanto, informou que não há novidades na apuração.
Prisão do “Matemático”
Nesta quarta-feira (15), o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) prendeu Danilo Pereira Pena, de 36 anos, conhecido como “Matemático”, no bairro do Morumbi, em São Paulo. Ele é apontado como um dos articuladores da execução de Ruy Fontes.
De acordo com a SSP, Danilo teria organizado parte da operação criminosa, determinando que outros dois comparsas transportassem um dos executores. Ambos também já estão presos.
A prisão ocorre exatamente um mês após o assassinato do ex-delegado-geral. Fontes foi morto depois de sofrer uma emboscada após sair da Prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde atuava como secretário de Administração.
O carro do policial civil aposentado foi atingido por 29 tiros de fuzil. Imagens do ataque mostraram o momento em que ele tentou fugir e bateu em dois ônibus em uma avenida movimentada. Ao menos três homens encapuzados e com coletes à prova de balas desceram de um dos veículos usados no crime e o alvejaram. Ele morreu no local.
Até o momento, seis suspeitos já foram presos, incluindo o homem apontado pelas investigações como um dos possíveis autores dos disparos que atingiram o delegado. Além destes, dois estão foragidos (veja os nomes, além de Matemático, abaixo) e outro morreu em confronto com policiais. O Santa Portal não localizou a defesa de Danilo. O espaço segue aberto para manifestações.
- Dahesly Oliveira Pires (presa), 25 anos: apontada como a responsável por transportar um dos fuzis usados no crime da Baixada Santista para Diadema;
- Luiz Henrique Santos Batista (preso), vulgo Fofão, 38 anos: apontado como um dos envolvidos na logística do crime;
- William Silva Marques (preso), 36 anos: proprietário de uma das casas, localizada em Praia Grande, usada pelos envolvidos;
- Rafael Marcell Dias Simões (preso), vulgo Jaguar, 42 anos: apontado como um dos responsáveis por realizar os disparos. Ele se entregou à polícia em uma delegacia de São Vicente;
- Felipe Avelino da Silva (preso), vulgo Mascherano, 33 anos: seu DNA foi encontrado em um dos veículos utilizados no crime;
- Flávio Henrique Ferreira de Souza (foragido), 24 anos: DNA encontrado em um dos carros usados no crime;
- Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (foragido), 43 anos: apontado como responsável por ter dado a ordem à Dahesly para que ela fosse buscar o fuzil;
- Umberto Alberto Gomes (morto), 39 anos: morto em confronto durante operação em Curitiba (PR).

Polícia investiga se licitação foi a motivação do crime
A Polícia Civil de São Paulo investiga se uma licitação da Prefeitura de Praia Grande em setembro, com valor de contratação estimado em R$ 24,8 milhões, tem conexão com o assassinato do ex-delegado. Segundo uma fonte ligada à investigação, essa é uma das hipóteses em análise no inquérito do caso.
A hipótese de que o assassinato tenha sido motivado pela atuação dele na gestão municipal é investigada desde o primeiro dia após o crime. Realizada de forma virtual, a sessão pública do pregão da licitação foi aberta no dia 1º de setembro e encerrada no dia 15, mesma data do crime. O objetivo era a compra de equipamentos para ampliação do sistema de videomonitoramento e Wi-Fi da prefeitura.
A ata do pregão eletrônico foi gerada às 14h51 do dia 15 de setembro, cerca de três horas e meia antes da emboscada contra o ex-delegado-geral. Foram habilitadas três empresas para os sete lotes da licitação, e ao menos dez empresas tiveram alguma proposta desclassificada.
Funcionários são investigados
O subsecretário de Gestão e Tecnologia de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini, 60, foi alvo de mandado de busca e apreensão por suspeita de envolvimento na morte do ex-delegado-geral. Outros quatro funcionários também foram alvo de mandados de busca e apreensão.
Entre os objetos apreendidos na casa do subsecretário estavam computadores, pendrives, documentos, além de três pistolas e quantias em dinheiro em três moedas diferentes: R$ 50 mil, US$ 10,3 mil e € 1,13 mil. De acordo com o registro da ocorrência, em um monte de R$ 8 mil estava uma anotação com uma divisão do valor com o nome de duas pessoas.
Pardini pediu exoneração do cargo após a operação de busca e apreensão. Procurada, sua defesa afirmou que ele “nega veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados”.
Questionada sobre a licitação, a Prefeitura de Praia Grande afirmou, em nota, que “tem ciência das duas frentes de investigações que estão em andamento pelos órgãos de Segurança”, que mantém contato constante com os órgãos de investigação da execução do ex-delegado-geral e “está colaborando integralmente com as investigações, fornecendo imagens, informações e demais materiais solicitados”.