Polícia prende homem apontado como ocupante do carro da emboscada que matou Ruy Ferraz Fontes
Por Tulio Kruse e Francisco Lima Neto/Folhapress em 21/10/2025 às 15:00
A Polícia Civil de São Paulo prendeu na madrugada desta terça-feira (21) o oitavo suspeito de envolvimento na morte de Ruy Ferraz Fontes, 64, ex-delegado geral de São Paulo. Ele foi identificado como José Nildo da Silva, 47, e preso em Itanhaém, no litoral de São Paulo. A investigação aponta que ele estaria no carro que fez a emboscada contra o então secretário de Admnistração de Praia Grande.
O homem já tinha passagens por porte ilegal de arma e violência doméstica. As informações foram divulgadas por Artur Dian, delegado-geral de São Paulo. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele.
José Nildo foi visto no dia do crime, por volta das 20h30, entrando em uma das casas que, segundo a investigação, foi usada na logística do crime.
Ele teria entrado no imóvel com colete à prova de balas e uma arma longa. Uma testemunha, que relatou o episódio, não soube identificar o modelo da arma, mas o setor de inteligência teria confirmado o relato.
O suspeito também estava acompanhado de uma mulher no momento em que chegou ao local, na mesma noite do crime. A polícia já identificou que outros suspeitos de participar do assassinato haviam passado pela mesma casa.
“Ainda é prematuro para nos adiantarmos sobre qualquer motivação sobre esse crime”, ressaltou Dian. “Temos ainda um bom caminho para ser percorrido pela investigação para que a gente possa trazer todos os autores, coautores e partícipes à Justiça”, afirmou Artur Dian.
Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado geral da Polícia Civil de São Paulo e considerado um dos maiores especialistas no PCC, foi assassinado na noite do último dia 15 de setembro em Praia Grande, na Baixada Santista.
A Polícia Civil apura se a morte foi uma represália ao trabalho que Ruy vinha fazendo na prefeitura ou se está ligada ao seu passado de atuação contra o crime organizado, quando foi o primeiro a investigar o PCC (Primeiro Comando da Capital). Oito pessoas suspeitas de participação direta ou indireta na morte já foram identificadas e tiveram a prisão decretada pela Justiça.
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- Dahesly Oliveira Pires (presa), 25 anos: apontada como a responsável por transportar um dos fuzis usados no crime da Baixada Santista para Diadema;
- Luiz Henrique Santos Batista (preso), vulgo Fofão, 38 anos: apontado como um dos envolvidos na logística do crime;
- William Silva Marques (preso), 36 anos: proprietário de uma das casas, localizada em Praia Grande, usada pelos envolvidos;
- Rafael Marcell Dias Simões (preso), vulgo Jaguar, 42 anos: apontado como um dos responsáveis por realizar os disparos. Ele se entregou à polícia em uma delegacia de São Vicente;
- Felipe Avelino da Silva (preso), vulgo Mascherano, 33 anos: seu DNA foi encontrado em um dos veículos utilizados no crime;
- Danilo Pereira Pena (preso), vulgo Matemático, de 36 anos: teria organizado parte da operação criminosa, determinando que outros dois comparsas transportassem um dos executores;
- Cristiano Alves da Silva (preso), vulgo Cris Brown, de 36 anos: seria o proprietário de uma casa em Mongaguá, que teria sido utilizada como ponto de apoio para o crime;
- José Nildo da Silva (preso), de 47 anos: estaria no carro que fez a emboscada;
- Flávio Henrique Ferreira de Souza (foragido), 24 anos: DNA encontrado em um dos carros usados no crime;
- Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (foragido), 43 anos: apontado como responsável por ter dado a ordem à Dahesly para que ela fosse buscar o fuzil;
- Umberto Alberto Gomes (morto), 39 anos: morto em confronto durante operação em Curitiba (PR).
Funcionários são investigados
O subsecretário de Gestão e Tecnologia de Praia Grande, Sandro Rogério Pardini, 60, foi alvo de mandado de busca e apreensão por suspeita de envolvimento na morte do ex-delegado-geral. Outros quatro funcionários também foram alvo de mandados de busca e apreensão.
Entre os objetos apreendidos na casa do subsecretário estavam computadores, pendrives, documentos, além de três pistolas e quantias em dinheiro em três moedas diferentes: R$ 50 mil, US$ 10,3 mil e € 1,13 mil. De acordo com o registro da ocorrência, em um monte de R$ 8 mil estava uma anotação com uma divisão do valor com o nome de duas pessoas.
Pardini pediu exoneração do cargo após a operação de busca e apreensão. Procurada, sua defesa afirmou que ele “nega veementemente toda e qualquer participação, seja ela direta ou indireta, nos fatos que estão sendo apurados”.
Questionada sobre a licitação, a Prefeitura de Praia Grande afirmou, em nota, que “tem ciência das duas frentes de investigações que estão em andamento pelos órgãos de Segurança”, que mantém contato constante com os órgãos de investigação da execução do ex-delegado-geral e “está colaborando integralmente com as investigações, fornecendo imagens, informações e demais materiais solicitados.