'Futebol morre um pouco com ele', diz irmã de Pelé, que relembra o último encontro com o Rei
Por Folha Press em 30/12/2022 às 16:00
Maria Lúcia do Nascimento, 78, irmã de Pelé disse que seu último encontro com Dico, como a família e amigos próximos chamam o Rei, teve um tom de despedida. Ela esteve com ele no dia 21 de dezembro, oito dias antes de sua morte, quando foi visitá-lo no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
“Ele estava bem tranquilo. Conversamos um pouquinho, mas eu estava vendo que ele estava sentindo, ele já sabia que estava partindo. Ele é muito religioso. Ele falava: ‘Está nas mãos de Deus’. E eu dizia: ‘é isso mesmo, ele sabe o momento certo'”, contou em entrevista à ESPN nesta sexta-feira (30), em Santos.
Para ela, o futebol vai morrer um pouco, junto com o ex-jogador. “O que ele representou, o que ele viveu no mundo do futebol, é muito difícil de ser superado. É uma coisa muito iluminada. É uma escolha que Deus fez para o Edson, de iluminação”
“Ele foi o que foi sem precisar bater no peito, e foi reconhecido do jeito que era pelo mundo inteiro”, acrescentou.
Mais nova que o irmão, Maria Lúcia disse ainda que o craque Pelé e Dico são pessoas diferentes para ela, e cada um deles marcou sua vida de uma maneira.
“Ele ajudou muito a família, [e gente de] fora da família também. Ele tem uma história muito grande de ajuda. Não só material, mas de estar presente no momento que a pessoa precisou de uma conversa”, contou.
Sobre a relação com o irmão mais velho, ela falou do tempo com ele na infância: “Não me lembro de termos tido desavenças. Depois de mais adultos, sim, mas nunca deixando as coisas irem para frente. Sempre com amor, amizade e respeitando um ao outro”.
Perguntada sobre a reação da mãe, Celeste Arantes, que completou 100 anos em novembro, Maria Lúcia disse que não chegou a contar sobre a morte de Pelé, nesta quinta-feira (29), mas falou sobre o estado de saúde do irmão com a matriarca em outros momentos.
“Nós conversamos, mas ela não sabe. Ela está bem, mas está no mundinho dela. Não sabe, ou sabe… Às vezes eu falo: ‘O Dico está assim, vamos rezar por ele, né, mãe?’. Às vezes ela abre o olho, mas consciente ela não está”.