Programa de combate ao fumo em Santos já ajudou 1.086 a parar de fumar
Por Laeticia Bourgeois em 29/08/2025 às 11:00
O Programa de Atenção Intensiva ao Tabagista, que atua em Santos desde 2014, já ajudou 1.086 pessoas a parar de fumar, um número que representa 44% de todos os atendidos em pouco mais de dez anos. No Dia Nacional de Combate ao Fumo no Brasil, celebrado nesta sexta-feira (29), o município mostra que é possível ter ações públicas para ajudar nessa luta.
Esse programa é uma iniciativa federal do Instituto Nacional do Câncer (Inca) e está presente em Santos há 11 anos, além de funcionar em outras cidades da Baixada Santista, como São Vicente, Itanhaém e Guarujá. A iniciativa é oferecida nas policlínicas dessas cidades e promove grupos com encontros multidisciplinares. Atualmente, existem 29 unidades cadastradas para a realização do programa.
“Recebemos medicamentos e cartilhas do Ministério da Saúde para formar os grupos. O programa utiliza a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o fumante a compreender o vício, aprender técnicas para parar de fumar, lidar com a ‘fissura’ e entender os benefícios de abandonar o cigarro”, destacou o coordenador do programa, Rogério Kreidel.
Um dos principais motivos para o início do uso do tabaco é a curiosidade, que pode levar à dependência e ao vício. Além da dependência química, existem também a comportamental e a psicológica. “A dependência comportamental está relacionada à associação do ato de fumar com determinadas situações, como fumar após o café. Já a dependência psicológica se manifesta quando o fumante enxerga o cigarro como um ‘amigo’”, explicou o coordenador.
Esse problema de saúde pública causa diversos efeitos no organismo, como doenças respiratórias, cardiovasculares, câncer de pulmão e em vários outros órgãos. Além disso, o consumo de cigarro é um fator de risco para complicações na gravidez — como aborto espontâneo e parto prematuro — e afeta negativamente a qualidade de vida, reduzindo a capacidade física, aumentando o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e contribuindo para transtornos mentais, como ansiedade e depressão.
No Brasil, houve uma queda significativa no número de fumantes. Em 2006, a porcentagem era de 15,7% e caiu para 9,3% em 2023. Considerando as últimas décadas, a redução foi ainda mais expressiva. O país é reconhecido como um dos mais avançados do mundo em termos de legislação e combate ao tabagismo. No entanto, dados preliminares apontam para um aumento recente, com a taxa subindo de 9,3% para 11,6% nas capitais em 2025.
Além do cigarro tradicional, o aumento do uso de cigarros eletrônicos (vapes), principalmente entre os jovens, também é motivo de preocupação e reforça a necessidade de conscientização nesta data. Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), realizada em 2019, 16,8% dos estudantes de 13 a 17 anos já haviam experimentado o cigarro eletrônico — sendo 13,6% entre os de 13 a 15 anos e 22,7% entre os de 16 e 17 anos.
“Os jovens são mais suscetíveis ao uso de cigarro eletrônico e, consequentemente, ao cigarro tradicional”, ressaltou Kreidel. “O programa ainda não inclui o tratamento específico para usuários de vape, mas isso provavelmente será revisto no futuro.”