Sete planetas formam raro desfile em alinhamento no céu na próxima sexta (28)
Por Claudinei Queiroz/Folhapress em 23/02/2025 às 13:05
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São muitos os fenômenos espaciais que atiçam a curiosidade do ser humano, como eclipses, tempestades solares e auroras polares. Na próxima sexta-feira (28), um em especial vai fazer com que os amantes da astronomia estejam olhando para o céu logo após o pôr do Sol: o alinhamento planetário, ou desfile de planetas, como é chamado pelos astrônomos.
O evento em si não é incomum, porque é normal pelo menos três planetas estarem visíveis, porém este tem um fator a mais de atração: sete planetas do Sistema Solar estarão visíveis. Por pouco tempo e com certa dificuldade em ver alguns, mas todos eles serão iluminados pelo Sol e visíveis em praticamente todos os continentes.
E como o desfile ocorre na Lua nova, é uma ótima oportunidade para se observar os objetos mais distantes. Aliás, normalmente, podemos acompanhar cinco planetas sem auxílio óptico: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
Na sexta, apenas três deles terão fácil visualização: Marte, Júpiter e Vênus, que ficarão mais altos no céu.
Saturno e Mercúrio estarão tão próximos do horizonte no pôr do Sol, e por tão pouco tempo que a própria luminosidade do astro durante o poente pode atrapalhar a observação. Assim, os astrônomos avisam que, para vê-los, é bom acompanhar por aplicativos gratuitos que mostram o céu em tempo real, como o Stellarium e o Star Walk 2. Após a localização dos planetas, basta procurar um local com o horizonte o mais livre possível e sem nuvens para atingir o objetivo.
“A proximidade com o horizonte, ainda durante o crepúsculo, deve dificultar a visualização de Saturno. A Lua em fino crescente ajudará a encontrá-lo, que estará logo à sua esquerda. Pessoalmente, acho que mesmo no dia 28 será difícil de vê-lo, mesmo com binóculos”, diz o astrônomo Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia e diretor técnico da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros).
Quanto a Urano e Netuno, somente com o auxílio de um binóculo ou de uma luneta será possível localizá-los no alinhamento.
Aliás, no meio astronômico, o termo alinhamento é desencorajado porque os planetas não ficam realmente em uma linha reta, como explica Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional.
“Quando ouvimos falar em alinhamento planetário, a ideia que vem à mente é a de todos os planetas enfileirados em linha reta no espaço, mas isso não é o que está acontecendo de fato”, diz. “O que vemos da Terra é um ‘desfile’ de planetas, que parecem formar um arco no céu quando observados da Terra. Esse arco ocorre porque todos os planetas orbitam o Sol praticamente no mesmo plano, conhecido como plano da eclíptica.”
Josina destaca que quando os planetas estão aparentemente próximos no céu e, de certa forma, “alinhados”, os astrônomos dizem que estão em conjunção.
A explicação para esse espetáculo tem a ver com o movimento de translação dos planetas, ou o tempo que eles demoram para dar a volta ao redor do Sol. Enquanto Mercúrio faz o percurso em 88 dias e a Terra, em 365 dias, Júpiter leva 11,8 anos terrestres e Netuno, o último do Sistema Solar, 165 anos.
Essa diferença faz com que os planetas alternem suas posições até ficarem do mesmo lado do Sol, como nesta ocasião.
No dia 10 de agosto deste ano, por exemplo, seis deles estarão novamente “alinhados”: Mercúrio, Júpiter, Vênus, Urano, Netuno e Saturno. Assim como em 28 de fevereiro de 2026 (Mercúrio, Vênus, Netuno, Saturno, Urano e Júpiter) e em 10 de agosto daquele mesmo ano (Júpiter, Mercúrio, Marte, Urano, Saturno e Netuno).
Mas um desfile como o da próxima sexta-feira, com os sete planetas, demorará muito mais tempo. A próxima vez será apenas no dia 19 de maio de 2161, mas a visualização será pouco antes do amanhecer. Depois, no dia 7 de novembro de 2176 e em 6 de maio de 2492, ambos após o pôr do Sol.
Então, aproveite a oportunidade e se prepare para o evento desta semana.