30/01/2025

Brasil está entre os países com mais empregos verdes, diz estudo

Por Cristiane Gercina/Folhapress em 30/01/2025 às 17:54

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O Brasil está entre os países onde há mais oportunidades de empregos na economia verde, segundo estudo apresentado pelo professor Joseph Akinkugbe Adelegan, secretário-geral e chefe executivo do International Rubber Study Group (Grupo de Estudos da Borracha), de Singapura.

A lista engloba 12,7 milhões de vagas e inclui ainda China, Estados Unidos, Índia e União Europeia.

O debate faz parte de um dos pilares discutidos na segunda Conferência Global do Mercado de Trabalho, em Riad, na Arábia Saudita.

O evento debate as mudanças no mercado de trabalho com as alterações climáticas e a transição energética, além do impacto das novas tecnologias, em especial a inteligência artificial.

Segundo Adelegan, a avançada matriz energética limpa do Brasil é um dos pontos fortes que faz com que o país lidere não apenas a transição energética global, mas esteja entre os que têm mais oportunidades em novas profissões que possam surgir na economia verde.

No caso da União Europeia, os postos de trabalho estão ligados à necessidade de substituição dos combustíveis fósseis por renováveis e devem surgir especialmente nos setores de engenharia e tecnologia, de acordo com o economista Enrico Giovannini, professor da Universidade de Roma e ex-ministro do Trabalho e Política Social da Itália.

Giovannini aponta a necessidade de políticas de incentivo às empresas para que façam a transição energética na UE e diz que a região deve contar com empregos que possam acolher os jovens africanos, já que, nos próximos anos, a África será um dos continentes que ainda seguirá com mais jovens do que adultos e idosos no mercado de trabalho.

Para ele, além das políticas de incentivo às mudanças nas empresas, é necessário investir em educação para que a força de trabalho possa ser formada já direcionada às demandas do mercado de economia verde.

Na União Europeia, os postos de trabalho devem se concentrar na construção civil, com modelos ambientalmente sustentáveis. No Brasil e em outros países com matriz energética mais avançada, investimentos em biomassa e em energia solar são os pontos de onde surgirão as vagas, além da construção civil com modelos de moradias e empresas sustentáveis.

“Quando se investe na área energética, você cria mais de 15 mil a 18 mil empregos por Gigawatt”, diz o professor.

Emprego para jovens é preocupação do Sul global

Dentre as principais conclusões dos estudos apresentados na segunda Conferência Global do Mercado de Trabalho estão a formação de novas habilidades em jovens, a educação dessa população e a sua empregabilidade.

Pesquisa realizada para o evento mostra que até 2033, os países do chamado Sul global terão 1,2 bilhão de pessoas entre 15 e 24 anos, mas apenas 480 milhões frequentarão a escola e 420 milhões terão empregos, muitos deles precários, deixando 300 milhões sem renda.

Giovannini aponta a migração de trabalhadores jovens da África para a Europa como um caminho para sanar parte do problema. “Se não tivermos a África envolvida nesse processo [da transição energética], nunca vamos alcançar um sistema de desenvolvimento na Europa. Porque a África terá um incrível número de jovens que procurarão empregos”, diz.

Gilbert F. Houngbo, secretário-geral da ILO (International Labor Organization, Organização Internacional do Trabalho), afirma que as taxas de desemprego no mundo estão em 5%, mas quando o recorte é sobre os jovens, sobem para 35%, com dificuldades maiores para as mulheres, já que há nações onde a empregabilidade feminina ainda é baixa.

Esse é o caso da Arábia Saudita, que tem aberto seu mercado e flexibilizado regras visando a inclusão das mulheres no mercado de trabalho e na economia.

De acordo com Houngbo, a informalidade em alguns países se mostra como o maior desafio, pois cerca de 60% da economia dessas nações está ligada ao trabalho informal. Há, no entanto, países nos quais a informalidade representa entre 80% e 90% dos postos.

Com o avanço da tecnologia, em especial a inteligência artificial, as mudanças nos empregos exigem novas ações, diz ele. As propostas definidas na conferência são para reforço na educação, com foco em novas habilidades, além de incentivo para programas de treinamento nas empresas, para que os jovens tenham oportunidades e não se sintam desalentados.

“O sistema de educação é onde precisamos nos reinventar. O segundo ponto, que pode surpreender, é o diálogo social. A conferência é uma oportunidade para que as pessoas possam ouvir. E quanto mais oportunidades possamos ter de ouvir todos os lados da força laboral, melhor para irmos em frente, considerando o quão rápido é a mudança que vemos no setor tecnológico”, afirma.

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