Momentos de desespero: vizinhos falam sobre incêndio em apartamento em Santos
Por Ted Sartori/#Santaportal em 03/01/2020 às 08:34
SANTOS – Quando o jornalista Miguel Andrade, de 43 anos, viu as labaredas saindo de um apartamento no mesmo andar que o seu, começou a dar voltas no mesmo lugar. O detalhe é que ele nem se lembra disso.
Miguel foi acordado pelo companheiro, o barbeiro Marco Nunes, de 40, e avisado do que estava acontecendo. “Parecia que demoramos, Marco disse que foi rápido. Mas nós fomos dos últimos a descer”, conta Miguel, que até vestiu a camisa ao contrário em meio à correria.
Os dois moram no mesmo andar do Edifício Kon-Tiki, de 12 andares e que fica na Avenida Marechal Floriano Peixoto, no bairro da Pompeia, em que um apartamento foi completamente destruído pelo fogo na manhã de ontem. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o fogo teria começado em um aparelho celular que foi deixado sendo carregado enquanto a família foi para a praia. A residência é alugada para a temporada.
Como o apartamento de Miguel e Marco fica na metade que não está interditada, os dois voltaram na tarde de ontem, levando em conta a orientação da Defesa Civil, de que não tinha cheiro de fumaça. Ficou o enorme susto.
“Descemos nove andares, mas pareciam 900”, sintetiza Miguel. “Fumaça, bombeiros quebrando tudo, o prédio do lado gravando, gritando”, relembra. Os corredores dos andares são vazados e era possível ver e ouvir tudo ao redor. As cenas principais, porém, estavam à frente dos olhos. “No corredor, me deparei com muita fumaça e os bombeiros gritando: ‘Desce! Desce!'”, relembra
No entanto, a preocupação de Miguel era que algum de seus animais de estimação escapasse. São dois gatos, uma gata e uma cachorra. “A Maila foi em uma caixa de transporte, o Norman na bolsa de transporte e o Alfred carreguei no colo. Já a Elsa, que é a cachorra, coloquei na coleira. Ela foi quase arrastada por ter medo de escada”, conta.
Foram quase três horas de espera sentados na calçada até que pudessem retornar ao apartamento. Uma eternidade tão grande quanto o caminho que levou do nono andar ao térreo. Depois do desespero, a solidariedade.
“Uma senhora veio oferecer água na calçada para os bichos. E quando estávamos esperando a Defesa Civil liberar, já dentro do terreno, uma vizinha do primeiro andar veio dar café e água. Foi bonito”, contou Miguel.
Confira vídeo feito por Marco Nunes da entrada do apartamento destruído pelo incêndio: