29/05/2023

Estreante no Best of Blues and Rock, Steve Vai celebra vinda ao Brasil: "É diferente"

Por Blog'n Roll em 29/05/2023 às 11:00

Considerado um dos guitarristas mais virtuosos da história do rock, Steve Vai faz sua estreia no Best of Blues and Rock, trazendo sua infinita criatividade e domínio técnico da guitarra. O festival acontece nos dias 2, 3 e 4 de junho, na plateia externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo.

O artista norte-americano é atração confirmada no dia 3, sábado, e sobe ao palco acompanhado por Dante Frisiello (guitarra), Philip Bynoe (baixo) e Jeremy Colson (bateria). Ele aproveita a oportunidade para divulgar Inviolate, novo disco de inéditas, lançado em 2022.

Steve Vai, que possui mais de 60 álbuns em sua discografia oficial, incluindo trabalhos com Frank Zappa, David Lee Roth e Whitesnake, conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o show no Best of Blues and Rock e os dois discos mais recentes, Vai/Gash e Inviolate.

Aliás, sobre os dois álbuns, Vai respondeu perguntas enviadas pelo guitarrista Milton Medusa, um dos mais técnicos do cenário regional da Baixada Santista.

Steve, esta será sua décima primeira vez no Brasil. A primeira foi em 1995 e a última com o Living Colour, em 2022. O que mais chama a sua atenção no País?

Amo a cultura, a cultura brasileira é muito colorida. Quando estou aí é muito diferente, todo lugar tem uma dinâmica diferente, no coletivo, então é sempre muito animador.

O público em 1995 era o mais louco e amável que já toquei. Estou muito animado com esse festival, muitos amigos estarão lá, as outras bandas, e estou ansioso para tocar minhas músicas novas do Inviolate, levarei minha guitarra Hydra, isso é sempre divertido. É ótimo poder sair e celebrar a música ao vivo.

A guitarra Hydra realmente é uma atração à parte. No vídeo de Teeth of the Hydra, ela se destaca.

A guitarra Hydra, quando olhei o clipe, senti o que as outras pessoas sentem quando veem, um certo desacreditar, fascinado, me perguntando como faço isso, e lembro que comecei bem devagar. Alguns pensam que é um pouco demais, mas eu gosto disso, a guitarra é um pouco demais, a performance é meio estranha às vezes, mas amo fazer coisas assim.

Os brasileiros são exagerados também, vão amar, reagir muito.

Sim, geralmente eles reagem. Os melhores públicos estão aí.

Você gosta de mitologia grega? Fale sobre sua relação com a Hydra.

Isso foi mais um acidente. Para tomar algo como a mitologia grega, que já teve uma imagem atrelada à ela, e colocar como identidade do álbum, não é algo que faço.

Cai na mitologia grega meio por acidente. Apollo in Color é o nome de um cavalo que minha esposa teve, e pensei que deveria escrever uma música com esse título.

Zeus in Chains, esse título veio para mim quando ouvia a música, e pensei que a música soava como o título.

Teeth of the Hydra foi fácil, olhei para a guitarra Hydra e pensei, isso é uma Hydra, uma besta de três cabeças. A mitologia surgiu, não como um conceito estabelecido para guiar o disco, não faço isso, mas é uma forma muito convencional de pensar.

Desta vez, você chega ao Brasil com o álbum Inviolate na bagagem. Pretende explorar bem ele no repertório? Ou vai mesclar com outras fases da sua carreira?

Por ser um festival, o set normal geralmente é condensado. Tenho algumas músicas do meu catálogo que não podem faltar, como For The Love of God e Tender Surrender, mas será uma mistura de coisas novas com coisas antigas.

Em Inviolate, você mostra uma incrível gama de técnicas e variedade de escalas. Além disso, é possível notar estilos variados como rock fusion, heavy metal, blues e classic rock. Você planejou criar um álbum com esta variedade?

Quando você senta para fazer um disco, geralmente se tem uma visão do que será o produto final, e muitos dos meus discos são diversos, tenho álbum que usa basicamente baixo, bateria e guitarra, álbum com orquestra, e tenho minhas produções mais densas, mas no Inviolate foquei nas músicas e as melhores melodias que poderia escrever.

Geralmente tem muita diversidade no que faço, você está certa, tem músicas como Little Pretty, que são mais fusion, Zeus in Chains, que é bem pesada, Candlepower, que tem uma guitarra bem clean. Teeth of the Hydra é uma música legal, mas tem uma profundidade interessante nela quando assiste a performance.

Apesar de algumas músicas terem fortes elementos de um gênero, como Little Pretty com fusion, acredito que não dá para encaixar elas em uma coisa só autenticamente.

Sempre me certifico que minha música seja possível de classificá-la de forma específica. Mesmo Greenish Blues não a classifico como um blues, pois não toco isso, não toco muito bem blues tradicional, toco bem Greenish Blues.

Você é um dos últimos guitar hero do mundo. Você vê uma renovação nesse cenário? Acredita que há novos talentos, mas sem o mesmo alcance?

Todo gênero, toda era, tem pessoas que elevaram o sarrafo. Faço parte de um grupo de guitarristas dos anos 1980 que ajudou a introduzir um jeito virtuoso de tocar no rock, tinham muitos de nós. Ainda estamos por aí, mas estou muito confiante em relação à evolução da guitarra, pois posso vê-la.

Vejo artistas elevarem o sarrafo em relação a performance técnica, de formas que meio que imaginava que iriam. Quando os anos 1990 chegaram, os virtuosos perderam lugar para músicas mais rítmicas. Nos anos 2000, houve a emersão de Shredders, que queria elevar o patamar da digitação.

Por fim, 2010 e 2020, são como a geração Z. São jovens que vêm ao mundo e estabelecem que vão começar algo, como Polyphia, Animals as Leaders, Matteo Mancuso, tantos desses jovens guitarristas que elevam o sarrafo em técnica.

A guitarra perdeu força no atual cenário musical? Você acredita que sempre terá espaço para guitarristas habilidosos como você? Ou a música vai ficar cada vez menos orgânica?

Não acredito que o conceito de “ter espaço” faça sentido. O que notei é que nós, loucos humanos, temos esse desejo de expandir continuamente, elevar o patamar, desenvolver tecnologia, e a guitarra é um ótimo meio de se fazer isso.

Vejo a evolução do guitarrista de uma forma muito saudável, observando-a agora, é vibrante. É difícil conceber que não há espaço para isso, pois não necessita estar na música pop.

Houveram tempos onde os movimentos de guitarra estavam em evidência, no rádio, mas tendências vão e vem, às vezes são técnicas, dançantes, pop, mas há ainda um movimento underground de jovens que apenas estão comprometidos com a guitarra, de achar e criar coisas novas, não acho que isso um dia acabará.

Acredito que em algum momento aparecerá alguém que une todos os elementos no lugar, virtuose, escrita acessível, falará as coisas certas, algo como quando Jimi Hendrix apareceu. Quando Jimi Hendrix apareceu, era uma anomalia, ele elevou o patamar, mas também tinha um elemento popular muito forte na sua música que foi capaz de deixar esse movimento em evidência na cultura pop.

Vai/Gash, lançado este ano, foi gravado no início dos anos 1990, logo após suas gravações com o Whitesnake e Dave Lee Roth. Era sua intenção seguir essa linha mais hard rock mesmo?

Eu era um adolescente nos anos 1970, adorava aquele rock pra frente da década. Também adorava motocicletas, amava as Harleys, mas não podia pagar por uma. Mas quando me mudei para a Califórnia, poderia comprar, e comprei logo sete, era meu guilty pleasure (prazer culposo).

E um amigo meu da costa leste, Johnny “Gash” Sombrotto, se mudou para a Califórnia, ele era uma pessoa incrível. Sessenta por cento do seu corpo era coberto por cicatrizes de queimaduras de terceiro grau, pois quando ele tinha 21 anos, escalou uma torre de alta tensão, levou um choque e caiu de uma altura de 30 pés (9 metros) em uma cerca de arame farpado em chamas, milagrosamente ele sobreviveu.

Quando ele foi para Califórnia, íamos para esses encontros de motocicleta com nossas namoradas e amigos, e quando está pilotando uma motocicleta, se conversa com as pessoas sobre isso, você sente a liberdade, o empoderamento, nós tivemos isso, amamos isso, mas não tínhamos a música que representava isso.

Fui para o estúdio por uma semana decidido a fazer um disco que fosse completamente na pegada de rock pra frente dos anos 1970, sem grandes solos de guitarra, nada de espertinho, vai ser direto e reto, boas melodias e deve soar o sentimento de pilotar uma motocicleta, sabia que queria algo empoderador e animador.

Fiz esse disco em uma ou duas semanas, mas não tinha um cantor. Tentei, mas foi um desastre pois não tenho uma voz de cantor, e não sabia que Gash cantava, nem ele sabia, pois não era cantor, mas poderia ouvir algo na voz dele.

Coloquei ele para cantar algumas músicas e fiquei encantando com o que ouvi, tinha autenticidade, um carisma, uma gingado, um humor, e tudo era parte da personalidade dele, um cara extrovertido, ele era um rockstar de coração, ele tinha o DNA de um cantor de rock.

Me considero um especialista nisso pois trabalhei com vários, e ele tinha muito as características de um. Só gravamos oito músicas, mas tive que parar para focar em outro projeto.

Planejava retornar para gravar mais, mas tragicamente ele acabou falecendo em um acidente de moto. Fiquei tão partido que peguei o disco inteiro e guardei na gaveta por 30 anos. Escutava ocasionalmente, mas sempre que ouvia me retomava a aquele espaço de liberdade, prazer, empoderamento e rock and roll.

Pensava que deveria lançar isso algum dia, e ano passado decidi que era o tempo. Está fazendo um sucesso surpreendente, pelo o que é, um disco sem banda para sustentar, e é uma surpresa muito boa.

Serviço

Best of Blues and Rock 10 anos

Data: Dias 2, 3 e 4 de junho de 2023

Local: Plateia externa do Auditório Ibirapuera: Av. Pedro Álvares Cabral -Ibirapuera – São Paulo

Classificação: 16 anos (menores podem comparecer acompanhados de responsável legal)

Ingressos: a partir de R$ 450,00 (meia-entrada)

Vendas online: Link

Bilheteria oficial SP – sem taxa de conveniência

Estádio do Morumbi – Bilheteria 05 (próximo ao portão 15)

Avenida Giovanni Gronchi, 1866 – Morumbi – São Paulo – SP –05651-001

Funcionamento: Terça a sábado das 10h às 17h – Não tem funcionamento em feriados, dias de jogos ou em dias de eventos de outras empresas.

Parcelamento em até 10x nos cartões Visa, MasterCard, American Express e ELO.

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