Velejador santista compartilha experiências de expedição no Ártico em meio às mudanças climáticas

Por Santa Portal em 15/06/2024 às 08:00

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O velejador santista Beto Pandiani, de 66 anos, compartilhará as experiências da expedição na Passagem do Noroeste, descritas no documentário Rota Polar, no próximo dia 21, às 11h, na Associação Comercial de Santos (ACS), durante o Encontro das Cidades ODS. O navegador realizou a travessia em 2022, ao lado do francês Igor Bely, com o objetivo de investigar as mudanças climáticas que estão transformando a paisagem, a fauna e a vida dos povos originários e dos habitantes da região.

A desafiadora rota passa por um conjunto de ilhas no norte do Canadá, entre o Atlântico Norte e o Pacífico Norte. Essa passagem, estrategicamente interessante por ligar a Europa e a Ásia por cima das Américas, ficou fechada durante séculos. Até que, na década de 1980, alguns barcos a motor e veleiros começaram a passar no verão, que, apesar de não degelar a passagem toda, abre um trecho, possibilitando a travessia no final de agosto, que é o mês mais quente.

“Fizemos a viagem em um barco aberto, sem cabine e sem motor, o que é incomum. Normalmente, os veleiros que passam lá são motorizados e cabinados e são de alumínio ou aço, enquanto o nosso barco era de carbono leve. Esse era um dos desafios, ao lado da exposição ao frio e ao gelo. Segundo os inuítes [nação indígena esquimó que habita as regiões árticas do Canadá, do Alasca e da Groenlândia], 2022 foi um ano atípico na mudança de vento, com muitas tempestades. Além da chance de a passagem não abrir, como ocorreu em 2021. É um lugar em que você não pode ter problemas, até porque, se cruzar para o Alasca, a viagem terminará no começo do inverno”, descreve Pandiani.

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A dupla topou enfrentar as condições adversas da rota por 44 dias para ouvir cientistas, pesquisadores, guias locais e inuítes sobre como as mudanças climáticas estão transformando a passagem. Durante a trajetória, o santista estudou que a falta de padrão na meteorologia no local é evidente. Os verões, por exemplo, variam entre temporadas quentes, frias, com muito vento ou com pouco vento. Contudo, a diminuição da calota polar é algo gradativo.

“A calota polar é um mar congelado. É gelo sobre água cercado por terra. E no Ártico ela tem perdido espessura. Quando vem o inverno, retoma o gelo, entretanto, a calota congela menos e expande menos do que expandia há 50, 60 anos. A questão é saber o que faz isso acontecer. Quanto tem a ver com desmatamento? Tem a ver com CO₂? Tem a ver com a mudança das correntes marítimas? O intuito é alertar que alguma coisa está acontecendo e que é muito prudente que se investigue cientificamente”, define.

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De Santos para a Rota Polar

Em cerca de 30 minutos de apresentação no Encontro das Cidades ODS, Pandiani tentará relacionar o impacto de cada um nas transformações da paisagem, como a da Passagem do Noroeste. Uma das principais mensagens que o santista quer transmitir é incentivar a criatividade para uma vida sustentável.

“Podemos viver, como um barco como o meu, pequeno e sem cabine, de forma inteligente e criativa e em harmonia com o meio ambiente. Neste momento que o planeta está nos apresentando, repense a questão do consumo, que talvez seja a maior causa da agressão ambiental, pois quanto mais consumo, mais agredimos o planeta”, conscientiza.

A apresentação será gratuita. Contudo, para acessar o auditório da ACS, será necessário resgatar o ‘Ingresso 2 – Painéis 11h e 11h30’, no link. O documentário de 1h30 de duração vai ao ar de modo inédito no mesmo dia (21), no canal Off, ainda sem horário revelado. Após isso, ficará disponível no Globoplay. Pandiani também planeja lançar um livro sobre a expedição no início de 2025.

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