20/06/2016

Tite é apresentado pela CBF e fala sobre desafio de comandar a seleção

Por #Santaportal em 20/06/2016 às 19:21

FUTEBOL – Escolhido para substituir Dunga no comando da seleção brasileira, o técnico Tite foi apresentado na tarde de hoje (20) na sede da CBF, no Rio de Janeiro. O ex-treinador do Corinthians, de 55 anos, falou sobre as razões pelas quais decidiu aceitar o convite, a sua relação com o presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, e outros temas referentes ao trabalho de recuperação da imagem do time canarinho no cenário do futebol mundial.

Há alguns meses, Tite chegou a assinar uma petição pública que pedia a renúncia imediata de Del Nero, que nesta segunda-feira (20) subiu ao púlpito para anunciar a sua contratação.

Indagado sobre o assunto, o comandante explicou o que mudou para aceitar o convite da CBF, desta vez. “Quando houve o convite para a conversa e não acertamos, houve dois aspectos fundamentais: autonomia de direcionar na busca de excelência, transparência, do melhor para o futebol. É isso que eu sei fazer. É o campo, a análise técnica, e a maneira que tenho de contribuir é mantendo a mesma opinião, mas mantendo a minha autonomia para buscar o melhor para a seleção. De novo os adjetivos de democratização, transparência, modernização, eles permanecem como conceito em todas as áreas, seja na minha, na política, ou na sociedade em geral. É o que penso não do futebol, da vida”, disse.

Na continuação do tema, o novo técnico da seleção destacou que pode contribuir de várias maneiras com melhores no futebol brasileiro. “A minha atividade, o convite que me foi feito, foi para ser técnico da seleção de futebol. Entendo que essa atribuição é a melhor maneira que tenho para contribuir. Adjetivos como transparência, democratização, excelência e modernidade, são a forma como penso. Todo o meu legado pode falar, foi a forma como sempre conduzi”, comentou.

Sobre a responsabilidade que tem a partir de agora, Tite ressaltou que não se assusta com o momento vivido pela seleção e buscou apoio na história para fundamentar a sua opinião. “(A história) Ela inspira e faz o joelho balançar também. Toda uma história extraordinária. Eu me lembro de 1970, ouvindo com oito anos o rádio, o Tostão recebe uma bola pelo lado esquerdo, passe e infiltração do Clodoaldo, empatamos e eu saí vibrando, feliz da vida. Ou a Copa de 82 que me marcou pela beleza, sou fascinado por meio-campistas. Falcão, Cerezo, Sócrates, Zico…”, recordou.

Com a seleção brasileira eliminada na primeira fase na Copa América do Centenário e apenas na modesta sexta colocação nas Eliminatórias Sul-americanas, o comandante canarinho sabe que a reação precisa ser rápida para evitar um novo vexame. “O foco é a classificação para o Mundial e nós não estamos em uma zona de classificação. Corre-se o risco, claro que corre. Se não aceitar isso, está fugindo da realidade. É um fato real. Há risco. Equipes se montam, se formam, se consolidam e crescem”, concluiu.

Confira outros trechos da primeira entrevista de Tite na seleção:

Tite fala sobre o convite para assumir a Seleção
Ideal é início de trabalho. As circunstâncias acontecem. Fiquei sentado numa poltrona em 2014 e não veio. Porque as coisas têm seu tempo. Veio agora, entendi que devia aceitar, por fazer parte da minha carreira estar técnico da seleção brasileira. Um objetivo pessoal e talvez o meu melhor momento profissional. Ganhando, mas perdendo muito. Coragem assumir agora.

Sobre a semana que antecedeu a sua apresentação
Foi um turbilhão, sou um ser humano, tenho os mesmos sentimentos que vocês têm e por condição da vida, de me preparar dia a dia. Não imaginei ser técnico da seleção, não planejei, faço meu melhor a cada dia. Estabeleço metas a curto e médio prazo, aprendi que futebol é assim. Daqui a um, dois ou três anos vai ser outro profissional. Não sou melhor que ninguém.

Tite fala com carinho sobre sua mãe, dona Ivone Bacchi
A mãe. Você imagina a realização de ver o filho na seleção brasileira? Só peço para as pessoas terem cuidado com ela, carinho quando for falar, porque pode começar a tirar coisas que a emoção vai aflorar. Eu só disse para ela hoje pela parte da manhã. Quando concluímos a negociação, disse para ela: “Mãe, o seu filho é o técnico da seleção brasileira”. Ela começou a chorar e me deu a bênção.

Seleção com a cara de Tite?
Não tem que ter a cara do Tite, tem que ter a cara do Brasil e da qualidade individual dos atletas. Com a competitividade. Sistema que potencialize, não é minha cara, é a nossa, da característica dos atletas. A priori, muita transição e rapidez com base da Seleção, afora qualidade técnica. Ajustar, potencializar, essa é minha função.

Integração com times brasileiros
Quero acompanhar trabalho dos técnicos e vou me convidar para assistir, sem intervir, aos treinos dos clubes. Acompanhar treino, conversar com técnico e acompanhar jogo para mensurar. Técnico vai me passar o que o atleta tem e pode executar. Treinos eu não vou conseguir fazer, esse é meu grande desafio. Outro é montagem da equipe, um jogador que possa executar função e se sentir bem.

Ideia de rodízio de capitães
Ideia de troca de capitania. Podemos divergir de ideias, é da vida, mas com respeito. Todos têm uma responsabilidade em cima da performance, todos vencem, essa é a grande marca de uma equipe de futebol. Essa mudança de capitania traz isso. Há diversos perfis de liderança: técnica, comportamental, o que consegue externar de forma pública as ideias, o exemplar. Vejo ontem a final da NBA. Um toco do LeBron James determina a sequência do Irving, a marcação de um com a qualidade do outro. Senso de equipe. Nós precisamos ter senso de equipe. Aí sim, seja ele num clube qualquer ou na seleção.

Relação com Neymar
Sobre o Neymar, temos de interagir, não posso prever, vai ser assim, assado. O lado humano potencializa o profissional. Cheguei aqui com a perna tremendo. O que posso garantir é que o Neymar quer o melhor para a seleção, cabe a nós encontrar e potencializar esse melhor caminho.

Comando da seleção nas Olimpíadas
Era muito fácil o técnico alinhavar uma situação, prever estar na Olimpíada, e trazer louros. Se ganha, medalha de ouro. Senão, tem desculpa pronta de ter assumido em cima da hora. Isso eu não faço. A prioridade é a seleção brasileira e desenvolver trabalho em cima da classificação. Preciso ajustar, estar dentro dessa situação o mais rápido possível.

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