São Vicente completa 489 anos com foco na Saúde: "desafio é organizar a casa"

Por Rodrigo Martins em 22/01/2021 às 06:45

SÃO VICENTE – Primeira cidade do Brasil, São Vicente completa 489 anos de fundação nesta sexta-feira (22). Kayo Amado (Podemos), que assumiu em 1º de janeiro o comando da Prefeitura, falou em entrevista exclusiva ao #Santaportal sobre os desafios de sua gestão, nesse primeiro ano de governo.

Nessa entrevista, o novo prefeito abordou temas importantes como a vacinação contra a covid-19, problemas de gestão na Saúde, Educação, Turismo e a economia do município.

Veja abaixo a entrevista completa com Kayo Amado:

Vacinação contra covid-19

Temos 3.880 vacinas que chegaram em um universo de 46 mil vacinas que precisaremos nesse primeiro momento para vacinarmos os profissionais da Saúde, o povo indígena da Cidade e os idosos acima dos 60 anos. Divulgamos o plano de vacinação, que começa com os profissionais de Saúde, começando pelos 3.880 profissionais que estão na linha de frente e desenrolando essa dinâmica de vacinação.

Receberemos em torno de 46 mil doses e ficaremos sempre na expectativa do governo estadual encaminhar essas vacinas, para que de prontidão a gente possa vacinar as pessoas. Essas 3.880 doses não servem para vacinar por completo os profissionais da Saúde que a gente tem. São por volta de 8 mil profissionais. Temos parte das doses.

Dividimos o calendário em quatro fases nesse começo. Os idosos vão entrar no segundo momento, começando pelos 75 anos ou mais. Depois vai descendo essa escala até chegar nos 60 anos ou mais. Isso pode acontecer já no dia 1º de fevereiro, mas ficamos dependendo do Governo do Estado distribuir a vacina para cá, já que não temos produção própria.

Problemas na Saúde

O cenário é grave, todo mundo que vê os equipamentos de Saúde do município sente que eles estão sucateados, todo mundo vê isso. Agora estou como prefeito e apesar de pouco tempo no poder a gente já tem começado a apagar focos de problemas. O problema é quando você tem muitos focos, você apaga um, abre outro, abre outro e começa a correr atrás desses problemas. Paralelamente a isso nós temos um planejamento para melhorar a Saúde da Cidade. A gente precisa de tempo para fazermos as coisas andarem do jeito que a gente imagina.

A gestão Kayo Amado da Saúde ainda não começou, a gente está resolvendo os problemas que a gestão anterior deixou. Deixaram R$ 30 milhões em dívidas só na área da Saúde do ano passado para esse ano. Hoje, literalmente, o nosso desafio é organizar a casa. Fazer o Hospital Municipal (antigo Crei) funcionar adequadamente, utilizar os outros espaços para atender melhor o cidadão.

Construíram um prédio de Pronto-Socorro, mas não deixaram recursos para a gente contratar pessoas para trabalharem lá. É uma situação difícil, temos que enfrentar uma série de desafios. Estamos aqui para entender a realidade difícil e procurar resolver os problemas. O povo pode ter certeza que a gente vai resolver esses problemas. A gente só precisa de tempo para buscar esses recursos que a gente vai conseguir.

Educação

A gente tem uma atenção muito especial ao cronograma e aos protocolos que o Governo do Estado conduziu, isso é muito importante no decreto que estamos elaborando e vamos anunciar nos próximos dias. Nesses próximos dias a gente vai dar uma resposta oficial sobre o retorno às aulas.

O que a gente fez nesse início de gestão? Fizemos reuniões com escolas particulares, buscamos entender a realidade das escolas estaduais e também estamos fazendo visitações nas escolas do município, desde o início da administração. Estamos encontrando uma realidade onde a gente pode dizer que há quatro, cinco meses, foram paradas obras de manutenção nas escolas. Está tudo sucateado há meses.

Temos um trabalho intenso de recuperação dessas escolas pela frente, para planejar esse cenário de volta das aulas presenciais. Existe um indicativo de que no início do mês que vem, no dia 1º de fevereiro, a gente volta em um modelo de formato remoto e presencial, híbrido. Isso vai ser escalonado a depender da característica de cada escola. Estamos desenhando esse decreto, então nos próximos dias a gente divulga esse calendário de volta das aulas. Mas tende a ser no início de fevereiro no modo remoto e/ou presencial.

Por essas dificuldades, estamos buscando equalizar as datas, porque cada escola está em um nível para o retorno. O que nós queremos dizer é: a volta às aulas começa, mas algumas escolas tem uma capacidade maior do que as outras entre o remoto e o presencial. Vai ser híbrido. A partir de 1º ou 4 de fevereiro deveremos ter a volta das aulas.

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Foto: Rodrigo Martins/#Santaportal

Turismo

Estamos tratando da primeira vila do Brasil. Com esses 489 anos de história, todo mundo que pisar na Baixada precisa saber que tem de conhecer São Vicente. O que a gente precisa no Turismo é envolver Turismo, Cultura, Esporte, Meio Ambiente, Zeladoria e Segurança, para que seja uma grande rede de cuidados para que o turista quando chegue na Cidade seja bem atendido, seja bem cuidado, se sinta com qualidade de vida visitando o município. Aí a gente vai começar a desenvolver o setor, organizar o setor. Quais são os bares, os hotéis, os equipamentos. Tudo isso de uma forma organizada e bem distribuída na Cidade.

Queremos formar um roteiro turístico, estamos buscando emendas para melhorar as condições do Porto das Naus, que a gente pegou uma administração onde esse local estava invadido, pessoas morando ali. Fizemos todo um trabalho de assistência social e acolhimento, para que as pessoas saíssem dali e a gente pudesse começar a revitalização. Turismo é revitalização, integração entre os setores, para que a gente possa ser uma Cidade atraente aos olhos de quem vê de fora. A primeira vila do Brasil tem essa capacidade. Eu acredito e a gente vai fazer.

Economia da Cidade e geração de empregos

Nós temos um trabalho a ser feito. Temos uma lição de casa a ser feita. O primeiro passo é criar um plano de desenvolvimento econômico. A gente está reunindo especialistas para fazer um trabalho integrado, ouvindo o próprio setor empresarial, o setor comercial, ouvindo academias, universidades, ouvindo quem trabalha pela economia para que a gente possa ter um plano de desenvolvimento econômico. A partir daí, conseguiremos fortalecer a Cidade. São Vicente pode se expandir em termos de construção civil, imobiliária, a Cidade pode expandir o seu comércio, o seu Turismo, a Cidade pode construir cadeias produtivas em torno do trabalho de mulheres, em torno do trabalho náutico.

Então, existe uma série de alternativas, que se construirmos um plano de desenvolvimento bom, fazendo parcerias com profissionalizantes, como Senai e tantos outros caminhos possíveis, nós vamos conseguir melhorar a Cidade. Ninguém está dizendo que é fácil, mas é um caminho possível de se começar a trilhar, criar esse grande plano de desenvolvimento econômico para São Vicente, fazer a regularização fundiária, fazer planos de negócios para atrair indústrias, criar um Centro de Inteligência para que a gente tenha a Cidade na palma da mão e entenda onde falta isso, onde falta aquilo, para que o setor econômico possa começar a se distribuir melhor pela Cidade.

Encenação da Vila de São Vicente

A questão da pandemia fez com que a gente precisasse extrair o que tem de melhor no artista, que é a sua criatividade, o seu sentimento de arte. Em tempos de pandemia que a gente poderia simplesmente desistir e nada fazer – acabando com algo que é um patrimônio da Cidade -, ao invés disso decidimos caminhar para um documentário da Encenação: “O povo conta a sua história”. São cinco capítulos de 15 minutos cada um. É apresentado no formato de websérie no canal do YouTube da TV Primeira.

Foi uma forma de ressaltar o que significa a Encenação para a Cidade. Desde a cordinha que circulava as primeiras manifestações da Encenação até essa grande arena que temos hoje. Foi uma forma simbólica de mostrar que a Encenação segue viva no coração do vicentino, fazendo com que a arte persista em tempos de pandemia e crise financeira da Cidade.

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Foto: Reprodução

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