Akon decepciona ao cantar com playback e chama Rio de São Paulo no Rock in Rio
Por Lucas Brêda/Folhapress em 23/09/2024 às 09:50
Não foram necessários mais do que 30 segundos de show para saber que Akon estava fazendo playback no Rock in Rio. O cantor senegalês foi uma das atrações do último dia da edição de 40 anos do festival, que acontece no Parque Olímpico do Rio de Janeiro.
Akon subiu ao palco Mundo, o principal do festival, com cerca de 15 minutos de atraso, e encontrou uma plateia lotada e abarrotada. Mas nem seu invejável arsenal de hits impediu a apresentação de naufragar.
Não ajudou o fato de ele ter confundido o nome da cidade em que estava ao saudar o público. “São Paulo, vocês estão prontos?”, disse. Em resposta, a plateia gritou o nome da Cidade Maravilhosa.
É comum no pop atual que cantores utilizem backing tracks –faixas de voz gravadas que tocam no fundo em partes das músicas, como uma espécie de backing vocal eletrônico de si mesmo.
É um recurso adotado especialmente por quem dança e faz movimentos acrobáticos no palco. Quando essas backing tracks soam altas demais ou encobrem a voz do artista, causam estranheza nas plateias.
Akon não fez nada disso no Rock in Rio. Sua voz, anasalada e inconfundível nas gravações, soou exatamente como em estúdio – até demais. Ele mandou mal até no fingimento, já que tirava o microfone da boca ou gritava para o público enquanto supostamente estava cantando.
Nas primeiras performances, já era possível notar o burburinho das pessoas comentando que Akon não estava cantando. Parecia um número musical do “Domingo do Faustão”, quando o programa embalava os domingos na Globo.
Só não soou como DJ colocando as músicas de Akon para tocar porque ele estava acompanhado por uma banda tocando ao vivo. O próprio cantor, aliás, chegou a se arriscar nos atabaques.
Num geral, a apresentação soou maçante, mas nos maiores hits o público se permitiu curtir. Em “Don’t Matter”, cantou tão alto a letra da música que não importava muito se Akon estava ali no palco ou não.
Foi mais ou menos assim em quase todos os hits arrasa-quarteirão de rádio que o cantor colecionou nos anos 2000. Entre elas estiveram “Dangerous”, “I Wanna Love You” e “Smack That”, na sequência mais animada de todo o show, em que o cantor teve o nome timidamente gritado pelo público.
Em “Sorry, Blame It on Me”, Akon falou sobre a “a dor e a dificuldade” de sair da África e se mudar para os Estados Unidos. O discurso de autoajuda colou, e tinha gente chorando na plateia ao som da canção.
Um dos momentos mais emocionantes, em “Lonely”, ganhou um desdobramento anticlimático em que Akon apelou para o funk para ganhar os brasileiros.
A música ficou acelerada e estranha com as batidas do ritmo, tocadas no palco pelo produtor Wallace Vianna, o Hitmaker, que agradeceu pelo espaço para o funk no palco Mundo.
Na verdade, o show todo foi meio anticlimático. O repertório mais conhecido de Akon é o som de uma época, a amostra de um pop afiado que foi tão tocado, e de maneira tão abrangente, que quase ninguém passou imune a ele.
Num ambiente como o Rock in Rio, tinha tudo para dar certo –mas não deu. Quando não era pela falta de performance ao vivo, era pelos arranjos mexidos demais e remixes que descaracterizam as originais.
Lá pela uma hora de show, seu DJ tocou uma sequência de sucessos da música brasileira, como Claudinho e Buchecha e Grelo.
Curtiu quem passou do ponto na bebida, quem achou engraçada a situação ou quem pagou caro demais no ingresso para não se divertir. Em geral, quem não estava nem aí.