Santos elimina transmissão do HIV das mães para bebês e recebe certificação do Ministério da Saúde
Por Santa Portal em 03/12/2025 às 16:00
Santos recebe, quarta-feira (3) em Brasília, a Certificação da Eliminação da Transmissão Vertical do HIV (da mãe para o bebê). O reconhecimento histórico, o mais alto desta categoria, é feito pelo Ministério da Saúde, que avaliou dados dos últimos três anos. O município precisou comprovar indicadores de impacto e de processo, manter bases de dados qualificadas e passou por avaliação da Comissão Estadual de Validação (CEV).
Posteriormente, o Ministério também enviou uma equipe a Santos para visitar as unidades assistenciais e administrativas da Secretaria de Saúde e conhecer o trabalho desenvolvido pelos servidores municipais .
Mesmo o Ministério considerando dados de 2022 a 2024 para emitir a certificação, Santos já não registra casos de transmissão vertical desde 2017.
“Esta conquista reflete o compromisso do trabalho dos profissionais de Saúde e a seriedade das políticas públicas implementadas no município, que envolvem inúmeras ações e muita dedicação para assegurar qualidade de vida à população”, enfatizou o prefeito Rogério Santos (Republicanos).
O secretário de Saúde, Fábio Lopez, lembra o pioneirismo de Santos no enfrentamento ao HIV/Aids no fim dos anos 80 e como a Cidade foi importante para o desenvolvimento de políticas públicas em todo o País. “Com esta certificação, estamos recolocando a cidade em um patamar elevado de boas práticas e seguimos no aprimoramento das estratégias de conscientização, promoção de saúde e vínculo com o paciente”.
Etapas do reconhecimento
Após o recebimento de documentos que atestam as boas práticas para a eliminação da transmissão vertical do HIV, o Ministério da Saúde enviou a Equipe Nacional de Validação. De 15 a 17 de setembro, eles cumpriram ampla agenda de visitas em unidades de saúde e seções administrativas para conferir o trabalho realizado.
A equipe conheceu de perto o atendimento às gestantes que vivem com HIV e crianças expostas, além dos fluxos de diagnóstico, laboratorial, notificações e monitoramento. Visitaram o Centro de Controle de Doenças Infectocontagiosas, Seção de Vigilância Epidemiológica, policlínica, Casa de Apoio e Solidariedade ao Paciente com Aids, Maternidade Silvério Fontes e o laboratório do local, além de acompanhar o Consultório na Rua.

“Recebemos com muita satisfação e alegria a certificação, fruto do reconhecimento do trabalho de uma equipe comprometida e integrada. E o mais importante de tudo isso é que não temos mais nenhuma criança infectada pelo HIV, seja na gestação, no parto ou na amamentação”, afirma Michelle Cunha, coordenadora de Controle de Doenças Infectocontagiosas de Santos.
Panorama nacional
Neste ano, 59 municípios e sete estados serão reconhecidos com certificados e placas por alcançarem a eliminação ou receberem selos de boas práticas (ouro, prata ou bronze) rumo à eliminação da transmissão vertical de HIV, sífilis e/ou hepatite B em seus territórios.
A entrega das certificações integra a programação do Dezembro Vermelho – mês de conscientização sobre HIV e aids – e ocorre num momento histórico: o ano que o Brasil alcançou as metas de eliminação da transmissão vertical de HIV e o Ministério da Saúde celebra 40 anos da resposta brasileira à Aids.
A certificação é parte fundamental da estratégia nacional para alcançar as metas de eliminação de infecções e doenças como problemas de saúde pública. Para Pâmela Gaspar, coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis, do ministério, o engajamento de gestores locais tem sido decisivo. “A certificação fortalece as ações tripartite, além de fomentar, apoiar e reconhecer os esforços de estados e municípios para a eliminação da transmissão vertical. Ano a ano, temos mais estados e municípios aderindo ao processo e se certificando. Com isso, o Brasil avança cada vez mais no alcance das metas de eliminação”.
Cuidado do pré-natal ao nascimento do bebê
Uma série de ações integra os protocolos assistenciais estabelecidos pela Secretaria de Saúde, por meio do Programa Mãe Santista. Entre as principais, o acompanhamento da saúde da gestante do momento da confirmação da gestação até o parto.
Na rede municipal, as gestantes realizam pelo menos cinco exames para a detecção do HIV até o parto. O primeiro é um teste rápido na abertura de pré-natal, quando também é testada para sífilis. Depois, o segundo é laboratorial, quando são avaliados outros parâmetros além do HIV e é colhido no 1º trimestre de gestação.
A bateria é repetida quando a mulher chega à 28ª semana. Um novo teste rápido para detecção de HIV é realizado de forma rotineira entre a 32ª e 34ª semana. O último teste rápido é feito na maternidade antes do parto.
Companheiro
O companheiro da gestante também passa por exames, no chamado pré-natal do parceiro. Desde 2023, Santos oferece um check-up de saúde completo, para além do preconizado pelo Ministério da Saúde, que inclui HIV, sífilis, hepatites B e C, hemograma, lipidograma e glicemia, além da verificação de pressão arterial e atualização da carteira de vacinação. O objetivo é incentivar o homem a participar ativamente do cuidado da gestação e fortalecer a paternidade responsável.
Uma vez que a mãe é identificada com o vírus, é orientada sobre as precauções a serem desenvolvidas para evitar a transmissão, como a impossibilidade de amamentar o seu bebê, já que o vírus é transmitido no leite materno.
Após o nascimento, o bebê inicia uma jornada preventiva, que inclui a administração de medicamento antirretroviral até o 28º dia de vida. O município também oferece fórmula para a alimentação da criança.