17/01/2020

Roberto Alvim, secretário nacional da Cultura, é demitido após usar frases de ministro nazista

Por #Santaportal e Agência ANSA em 17/01/2020 às 11:56

POLÍTICA – Roberto Alvim, secretário da Cultura, foi demitido do cargo depois de usar em um texto frases de um discurso de Joseph Goebbels, ministro responsável pela propaganda nazista no regime de Adolf Hitler.

O recado havia sido transmitido na manhã de hoje pelo Palácio do Planalto aos líderes do Congresso. No Twitter, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, afirmou que o secretário de Cultura “passou de todos os limites”.

O preisdente Jair Bolsonaro classificou o pronunciamento de Roberto Alvim como infeliz. “Ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência”, completa a nota emitida pela Secretaria de Comunicação da Presidência.

No texto, Bolsonaro reiterou seu repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. “Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum”.

O vídeo em questão foi publicado para apresentar o “Prêmio Nacional das Artes”, que financiará projetos culturais em sete categorias diferentes, de óperas a histórias em quadrinhos.

Em determinado trecho da gravação, Alvim diz: “A arte nacional da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada”.

As frases são semelhantes a um discurso feito por Goebbels, o grande ideólogo da propaganda nazista, para diretores teatrais em Berlim, em 1933.

“A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada”, disse Goebbels na ocasião.

O trecho está em uma biografia escrita pelo historiador alemão Peter Longerich e publicada no Brasil em 2014, pela editora Objetiva. O restante do discurso de Alvim é marcado pela retórica nacionalista e pela defesa de uma cultura baseada na “pátria”, na “família”, na “coragem do povo” e em sua “profunda ligação com Deus”.

“As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de arte”, acrescentou o secretário. Em seu perfil no Facebook, Alvim disse que houve apenas uma “coincidência retórica” entre seu pronunciamento e o discurso de Goebbels.

“Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbels… Não o citei e jamais o faria”, justificou, acrescentando que a “frase em si é perfeita”.

Embaixada da Alemanha
A Embaixada da Alemanha no Brasil publicou nas redes sociais uma nota que critica “qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar” o nazismo.

A mensagem chega após o secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, ter divulgado um vídeo em que copia frases do nazista Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda de Adolf Hitler.

“O período do nacional-socialismo é o capítulo mais sombrio da história alemã, trouxe sofrimento infinito à humanidade. A Alemanha mantém sua responsabilidade. Opomo-nos a qualquer tentativa de banalizar ou mesmo glorificar a era do nacional-socialismo”, diz a nota.

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