Parque naturalizado é opção de refúgio para moradores da Zona Noroeste de Santos

Um refúgio verde repleto de belezas naturais, com relevos ondulantes, caminhos texturizados e artes sustentáveis foi disponibilizado para a população da Zona Noroeste de Santos, na tarde da última sexta-feira (16). Trata-se do espaço ConviVerde, localizado na Rua Pedro Paulo Di Giovanni, 332, Santa Maria. O bulevar de 4 mil metros quadrados, que vai funcionar todos os dias, das 7h às 19h, é a quinta das sete estações do projeto Parque do Mangues.

O parque naturalizado, ou seja, um espaço ao ar livre desenvolvido a partir de elementos naturais, supera uma simples intervenção urbana e oferece diversas possibilidades de interação e criação, incentivando o brincar livre e a convivência longe da agitação urbana.

Um dos idealizadores do projeto, o arquiteto Alessandro Lopes, explica que a transformação de uma área da União em um parque naturalizado, além de ter um apelo ambiental para a recuperação do mangue, atende a uma solicitação da comunidade. O local era anteriormente ocupado de forma irregular por caminhoneiros.

“O bairro tem uma característica em que os pais das crianças saem para trabalhar. Então, quem busca os alunos nas escolas e creches costuma ser os avós. Eles estavam clamando por esse espaço de lazer para levar os netos. Desta forma, o ConviVerde é realmente um parque para brincar, onde o olhar se encanta com a beleza natural e o coração se alegra com as possibilidades de convivência”, descreve.

Complementando a visão do arquiteto, psicólogos que visitaram o local afirmam que o ConviVerde pode ser extremamente benéfico para o bem-estar emocional e psicológico das crianças com autismo. As diversas alturas e relevos do parque enriquecem a experiência sensorial e proporcionam um ambiente inclusivo que estimula a curiosidade e a exploração. Além disso, os caminhos texturizados ajudam a guiar os pequenos, oferecendo estímulos táteis que podem ser reconfortantes.

Reaproveitamento de materiais

A beleza natural do espaço se mistura com as cores vibrantes das artes produzidas a partir de materiais descartados, transformando o local em uma verdadeira galeria ao ar livre. Entre os artigos de decoração, estão banquinhos de madeira, que antes eram lixeiras, e luminárias feitas com suporte de placas de trânsito.

Essa produção contou com o empenho de uma ampla equipe de artistas e alunos dos cursos gratuitos da EcoFábrica ZNO, sob a coordenação de Anderson Camargo. A turma, que contou com a colaboração da empresa Deicmar, da ONG Tampinhas do Futuro e do Instituto Brasileiro de Defesa da Natureza (IBDN), levou menos de quatro meses para tirar o projeto do papel.

Aliás, com a parceria da Deicmar, que doou diferentes tipos de vegetação e o reaproveitamento de materiais, o projeto custou menos de um quinto do estimado para uma obra desse porte que ultrapassaria R$ 1,5 milhão. 

O ouvidor municipal, Rivaldo Santos, enfatiza que a iniciativa contribui para os três âmbitos do desenvolvimento sustentável – ambiental, econômico e social – , uma das áreas de atuação da Ouvidoria, Transparência e Controle (OTC). Além disso, revela que a ideia é aplicar o modelo em mais localidades de Santos para “requalificar o espaço público, enquanto assegura-se mais sustentabilidade nas obras da Prefeitura”.

“O espaço ConviVerde, além da preservação ambiental, tem a capacidade de aliar aspectos socioeconômicos porque permite um custo muito mais barato na execução de uma praça verde e ainda garante o reaproveitamento de resíduos”, ressalta o ouvidor. “A proposta é permitir a replicação desse modelo de praça em outros pontos da Cidade porque nós vamos usar sempre materiais reaproveitados pela EcoFábrica”.  

Parque dos Mangues

O Parque Municipal Manguezais de Santos – Parque dos Mangues prevê maior inclusão social para a comunidade, com áreas de lazer para todas as idades. Além da função contemplativa, destina-se a ações de educação ambiental, visando difundir a importância da conservação e preservação do manguezal, bioma costeiro de transição entre a terra e o mar, no caso, o Rio São Jorge. 

Ao longo de seus 260 mil metros quadrados, o Parque dos Mangues ocupa área cedida pela União, tendo a função de corredor ecológico em área urbana, com características contemplativas e educacionais, com uma vegetação de Mata Atlântica e formações de manguezais, compostas por flora, como o mangue branco, preto e vermelho, e fauna associadas, entre as quais aves, mamíferos e primatas. 

A ideia é implantar as novas bases com a participação de jovens da comunidade que moram no entorno do parque, como a Vila Alemoa e a Prainha. Eles integram um programa de capacitação em zeladoria ambiental e paisagismo sustentável, com benefício de bolsas de estudo, a ser desenvolvido na EcoFábrica. 

As sete áreas do Parque dos Mangues

• 1ª Base: Ecofábrica – Av. Nossa Senhora de Fátima, 454, Chico de Paula
• 2ª Base: Praça Verde – Av. Nossa Senhora de Fátima com a Rua Pedro Paulo Di Giovanni, Santa Maria
• 3ª Base: Parque Trilha – Rua Pedro Paulo Di Giovanni, entre as ruas Maestro Antônio Garófalo e Sizino Patusca, Santa Maria
• 4ª Base: Bosque Santa Maria – Rua Pedro Paulo Di Giovanni, entre as ruas Sizino Patusca e Pascoal Lembo, Santa Maria
• 5ª Base: ConviVerde – Rua Pedro Paulo Di Giovanni, entre as ruas Pascoal Lembo e Roberto Molina Cintra
• 6ª Base: Ecomangue – Trecho da margem do Rio São Jorge, da Rua Júlia Ferreira de Carvalho com a Av. Nossa de Fátima, até a área no final da Travessa São Jorge, Chico de Paula
• 7ª Base: Prainha – Av. Jornalista Armando Gomes (Beira Rio), área da antiga Prainha (atualmente Mangue Seco).