Mulher nega ter espancado filho de 4 anos e diz que gravou vídeo após ameaças do ex-marido

Por Santa Portal em 08/10/2022 às 08:00

Julia Cristina Pereira, de 24 anos, suspeita de ter espancado seu próprio filho, falou em depoimento aos policiais logo após ter sido presa, na última quarta-feira (5), que foi obrigada pelo seu ex-marido Julian do Nascimento a gravar o vídeo no qual diz que teria agredido a criança. Julian, de 32 anos, foi morto a tiros após as agressões contra a criança.

Segundo apuração do Santa Portal, Julia disse que, no dia em que seu filho foi espancado, ela havia saído para comprar cigarros e, quando voltou, a criança estava passando mal. De acordo com ela, foi quando seu marido pediu para que ela gravasse vídeos mostrando a situação da criança. Nas imagens, o menino aparece sem roupas e aparentemente desmaiado.

“Ele (o ex-marido) fez eu fazer o vídeo. Pra que todo mundo pensasse que fosse eu porque onde eu morava não podia me envolver com essas coisas porque senão eu corria risco de vida ou de ser presa. Nunca tive problema com a polícia, nunca na minha vida (sic)”, disse aos policiais do 2º DP de São Vicente, minutos após ser presa.

A mãe disse estar arrependida e preocupada com a sua integridade física. “Não queria que nada disso tivesse acontecido com o menino. Foi um filho que eu sempre quis. Estou muito arrependida, eu não bati nele. Com certeza (amo o menino), por isso eu queria saber como ele está. Eu não quero morrer, não quero pagar com a minha vida, só isso”, concluiu.

Essa versão foi mantida por Julia durante audiência de custódia na quinta-feira (6), no Fórum de Santos.

Transferência para Tremembé

Julia Cristina Pereira foi transferida nesta sexta para a Penitenciária Feminina de Tremembé, após passagem pela Penitenciária de Franco da Rocha, no interior paulista..

A mãe do menino foi transferida para cumprir a prisão preventiva no interior por decisão da Justiça em audiência de custódia realizada na quinta, no Fórum de Santos. Ela também foi ouvida pela delegada da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) sobre o espancamento de seu filho e pela Delegacia de Investigações de Praia Grande (DIG) sobre o assassinato do seu marido, padrasto da criança, no último dia 29. O homem também é suspeito de ter agredido o menino.

Histórico

O padrasto acusado de espancar o enteado de apenas 4 anos, junto com a mãe da criança, causando fratura em oito costelas e em um dos braços do menino, foi assassinado. Ex-presidiário, que cumpria pena por roubo em regime aberto, Julian do Nascimento foi morto com tiros no olho direito, nas mãos e no tórax.

O corpo de Julian foi achado às margens do km 285+300 metros da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, no Parque das Bandeiras, Área Continental de São Vicente, na noite da última quinta-feira (29), mesma data em que criança deu entrada no hospital em estado grave. A violência contra o garoto aconteceu na residência do acusado, na Favela México 70, Vila Margarida.

Em relação ao assassinato de Julian, inicialmente, desconfiava-se que o corpo encontrado às margens da rodovia fosse dele em uma razão da tatuagem de uma coroa no pescoço com a inscrição “Jair e Neide”. Os nomes são dos pais do padrasto agressor.

Para se ter certeza absoluta quanto à identidade da vítima, foram coletadas as suas impressões digitais e o Sistema de Legitimação à Distância (Lead) confirmou que o corpo é mesmo de Julian. Esta informação foi prestada ao Santa Portal nesta quarta-feira (5) pelo delegado Marco Antônio do Couto Perez, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), da Seccional de Praia Grande.

A forma como Julian foi executado revela indícios de ação típica dos “tabuleiros”, como são chamados os tribunais do crime organizados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

Júlia chegou a gravar um vídeo após ter agredido o próprio filho. Na filmagem, ela repreende o menino e diz que era para ele “não ranger os dentes” e que “ele não ia bagunçar na casa dela”. A violência ocorreu na quarta-feira da semana passada (28). Uma tia do garoto revelou o episódio nas redes sociais e o caso ganhou repercussão, gerando revolta e indignação pela covardia e crueldade.

O Santa Portal apurou que Julian foi condenado a cinco anos e quatro meses de reclusão por roubo. Com uma réplica de pistola, ele e um comparsa assaltaram um homem, em 6 de março de 2014. A sentença da 2ª Vara Criminal de São Vicente foi prolatada em 16 de janeiro de 2017, mas a prisão de Julian só ocorreu em 11 de setembro de 2019. Em 14 de abril de 2020, ele progrediu para o regime aberto e foi solto.


Foto: Reprodução

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