19/08/2024

Além de obras internacionais, Mirada destaca as artes cênicas do Brasil e apresenta 13 espetáculos

Por Santa Portal em 19/08/2024 às 17:03

Navid Fayaz/Divulgação
Navid Fayaz/Divulgação

De 5 a 15 de setembro, a 7ª edição, o Mirada – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas – leva para o Sesc Santos e outros locais da região da Baixada Santista a diversidade da produção cênica contemporânea de países da América Latina, da Espanha e de Portugal. 

Realizado bienalmente pelo Sesc São Paulo, o festival reúne 33 espetáculos de múltiplas linguagens em teatro, dança e performance. As peças, muitas delas vistas pela primeira vez no Brasil, abordam assuntos relevantes para a atualidade, como as relações com a natureza e questões indígenas e decoloniais.

Neste ano, o país homenageado é o Peru. Dando foco a novos e renomados criadores, além de discussões sobre identidade, realidades e crises sociais e políticas, são apresentados 11 trabalhos peruanos, sendo oito espetáculos e três shows. 

Há, ainda, 12 produções da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal e Uruguai, muitas vistas pela primeira vez no Brasil, além de 13 peças nacionais dos estados de Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo.

Três espetáculos nacionais fazem suas estreias no Mirada. Em Vila Socó, o Coletivo 302 percorre ruas e memórias da Vila São José, em Cubatão, para contar a história do incêndio ocorrido há 40 anos na Vila Socó, antigo bairro operário da cidade, que se tornou uma das maiores tragédias industriais do país. O trabalho encerra a trilogia Zanzalá, da qual também faz parteVila Parisi, obra apresentada na edição de 2022 do festival e vencedora do Prêmio Shell 2023.

Em Monga, Jéssica Teixeira tem o corpo como principal matéria-prima de investigação cênica e evoca a história da mexicana Julia Pastrana, vulgarmente chamada de “mulher macaco”. A artista dá sequência à investigação iniciada em seu primeiro solo, E.L.A. Também dando continuidade à sua pesquisa Dança-Quebrada, baseada na capoeira e no breaking, o Original Bomber Crew, do Piauí, apresenta Vapor, ocupação infiltrável, uma dança não simétrica, que surge de gestos cotidianos e corpos diversos.  

Programação nacional

Ocupando o espaço público, a peça Ubu Tropical, da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, do Rio Grande do Sul, parte da figura do bufão para encenar sua versão da história de Pai Ubu, com influências do tropicalismo e do modernismo brasileiros e alusões à política do país. Do Amazonas, a Panorando Cia e Produtora traz As Cores da América Latina, vencedor do 34º Prêmio Shell de Teatro na categoria Destaque Nacional. A corporeidade de três manifestações culturais latino-americanas compõe a obra também apresentada a céu aberto.

Trazendo para cena questões indígenas estão os solos Azira’i, no qual Zahy Tentehar narra sua relação com a mãe, primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, e Contra Xawara – Deus das Doenças ou Troca Injusta, com Juão Nyn, que ensaia um reencontro de povos originários com o homem branco e discute a lógica do processo de colonização.

Do Rio de Janeiro, Arqueologias do Futuro cruza depoimentos reais e memórias vividas e inventadas pelo artista Mauricio Lima de sua infância e adolescência no Complexo do Alemão. De Minas Gerais, o Grupo Galpão traz seu Cabaré Coragem. Inspirado no universo do cabaré e na obra de Brecht, o espetáculo reúne uma trupe decadente que, apesar das intempéries, reitera a arte como espaço de identidade.

O Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, de São Paulo, apresenta Esperando Godot. Em sua versão da obra beckettiana, metáfora da desesperança pós-guerras, busca romper com a ideia de messianismo e convida a agir e a viver o presente. Também da capital paulista, o Grupo Mexa dá continuidade à pesquisa do coletivo sobre temas ligados ao teatro do real e ao teatro documentário em Poperópera Transatlântica, conectando as histórias pessoais de intérpretes do grupo com o poema épico Odisseia, de Homero. Já Parto Pavilhão,protagonizado por Aysha Nascimento, dirigido por Naruna Costa e escrito por Jhonny Salaberg, discute o sistema carcerário de mulheres negras e mães no Brasil.

Para o público infantojuvenil, De Mãos Dadas com Minha Irmã, da Cia Os Crespos, de São Paulo, se inspira em contos e ritmos afro-brasileiros, mesclando técnicas e linguagens variadas para narrar a trajetória de uma heroína negra.

Os ingressos estão disponíveis no portal sescsp.org.br/mirada, no aplicativo Credencial Sesc SP, na Central de Relacionamento Digital (centralrelacionamento.sescsp.org.br) e nas bilheterias das unidades. No Sesc Santos, a compra pode ser feita de terça a sexta, das 9h às 21h30, e aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30. Entradas de R$10 (credencial plena), R$20 (meia) e R$40 (inteira).

A programação completa do MIRADA pode ser acessada em sescsp.org.br/mirada e nas redes sociais do Sesc Santos e do Sesc São Paulo.

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