Marcelo Teixeira lembra feito histórico com medalha de Poliana e projeta Olimpíadas de Tóquio

Por Rodrigo Martins em 17/08/2020 às 23:54

NATAÇÃO UNISANTA – O #Santaportal dá sequência à série especial que relembra os quatro anos da medalha de bronze conquistada pela nadadora Poliana Okimoto, da Unisanta, nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. O pró-reitor administrativo da Unisanta e presidente da Associação Santa Cecília de Esportes, Marcelo Teixeira, relembra aquela grande conquista para a natação brasileira, em especial para o esporte da região. Nesta entrevista, ele também fala da relação da Universidade Santa Cecília com o esporte e a expectativa em relação aos atletas da Unisanta para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que deverão ser realizados no ano que vem.

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Teixeira estava no Rio de Janeiro na época das Olimpíadas de 2016 e acompanhou de perto a conquista. Ele relembra que a expectativa para os Jogos Olímpicos era grande naquele ano, pois a Unisanta colocou duas atletas de peso para a disputa nos 10 Km da Maratona Aquática: Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto.

“De fato, primeiro nós fixamos o trabalho nas duas atletas. Notei que as duas tinham grandes chances de buscar uma medalha olímpica. Quando nós investimos e acreditamos nas duas, nós sabíamos que as chances delas alcançarem ou ao menos uma delas conseguir a medalha olímpica era muito grande. Me atrevo a dizer até que, naquele momento, a Ana Marcela tinha um ligeiro favoritismo perante a Poliana. Não que uma fosse melhor do que a outra, porque ambas têm um potencial enorme. A Ana Marcela vinha de excelentes resultados antes das Olimpíadas. Porém, a experiência da Poliana foi fundamental para que ela obtivesse o êxito da medalha olímpica”, disse Marcelo Teixeira, em entrevista exclusiva.

Para o dirigente, mesmo antes da conquista da medalha, a Unisanta já realizava um grande feito ao colocar duas nadadoras entre a nata da Maratona Aquática nos Jogos Olímpicos. “A sensação de estar com as duas ali era algo sensacional para toda a nossa família, que estava lá acompanhando. Naquele momento, tínhamos duas nadadoras disputando as Olimpíadas, com chances de medalha. Isso mostra o quanto o esporte é incrível. Dois dias antes da prova fomos até a concentração, em um hotel no Rio, para falar com a Poliana, o Ricardo Cintra, o Márcio Latuf e a Ana Marcela. Procuramos antes da competição motivar, criar uma expectativa positiva, dando conforto e dizendo que já era um grande feito para nós que ambas estivessem disputando as Olimpíadas no Brasil e que elas tinham a chance de conquistar uma medalha olímpica”, comentou.

Teixeira relembra com detalhes daquela ensolarada manhã de 15 de agosto de 2016. “Existia todo um clima da torcida na praia, um ambiente propício para que uma brasileira comemorasse. A Poliana estava muito bem preparada. A maratona aquática é definida em detalhes, por exemplo na questão da Ana Marcela, uma passagem atrapalhou a prova dela, que dificultou a tentativa de ela aproximar do pelotão de frente. Eu assisti a prova ao lado do Cintra, porque apesar de ser treinador da Poliana, ele estava comigo assistindo a prova. O Márcio estava no mar na prova com a Ana Marcela. Passamos alguns apuros, porque no local era difícil ver de longe quem estava na frente. Então, nós tínhamos que acompanhar pelo telão. Mas quando dava problema no telão ou no áudio, não conseguíamos ver se elas estavam no pelotão da frente. Então eu vivi com o Cintra todo aquele momento, desde a prova até a chegada. No final, nós dois nos abraçamos e comemoramos”, contou.

No entanto, o presidente da Associação Santa Cecília de Esportes falou que viveu momentos de angústia até o resultado oficial sair, com a desclassificação da francesa Aurelie Muller, medalhista de ouro em Londres 2012, que chegou em segundo lugar, mas foi desqualificada por ter segurado a italiana Rachelle Bruni na hora da batida no pórtico de chegada.

“Depois que a prova acabou, vivemos aquela apreensão de saber quem tinha batido primeiro. Não que a quarta colocação fosse algo ruim, comemoramos do mesmo jeito. Afinal, você ficar em quarto lugar nas Olimpíadas não é para qualquer uma. Mas o trabalho era para que conquistássemos duas medalhas. Depois, veio a informação de que a francesa havia sido punida e, desta forma, estava confirmada a medalha de bronze para a Poliana. Nesse momento, a comemoração foi maior, pois alcançamos um objetivo de muitos anos, não só da atleta, como de seu técnico e do Santa Cecília. Foi um momento único, inesquecível”, afirmou.

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Divulgação/Assecom Unisanta

Marcelo Teixeira recordou que, somente após a premiação do pódio olímpico, conseguiu falar com a nadadora. Para ele, Poliana mudou para sempre a história da natação feminina brasileira. Ela foi a primeira atleta brasileira da natação a conquistar uma medalha em Olimpíadas.

“Foi um feito histórico, marcante. Alcançar uma medalha é coroar uma fase de um trabalho, um ciclo. Ainda mais no caso da Poliana, que estava próxima de encerrar a carreira. Tanto que logo em seguida (em 2017) ela encerrou. Foi um momento único, onde você traça um plano, mas é tudo decidido naquele momento. É uma única competição a cada quatro anos, diferente de um trabalho longo, onde você disputa vários torneios, como o circuito mundial. Não tenha dúvidas de que uma medalha olímpica fica marcada, por mais que você conquiste os circuitos mundiais, a cada ano, ela estabeleceu marcas e marcou o nome dela como uma das maiores nadadoras de todos os tempos. Ser medalhista olímpica é exemplo de uma carreira vitoriosa”, elogiou.

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Divulgação/Assecom Unisanta

O dirigente acredita que a medalha de Poliana serve de exemplo para outros atletas. “No Santa Cecília, sempre prezamos por manter essas referências, esses exemplos positivos. Tivemos em outras gerações atletas que também marcaram seu nome no esporte. Mas, sem dúvidas, é muito importante os mais jovens verem que se a Poliana alcançou, eles também podem. Fica o exemplo, a referência de dedicação e amor ao esporte. Ela é uma inspiração para a natação brasileira e para o Santa Cecília. Em toda a história olímpica brasileira, você ter uma única medalha na natação brasileira feminina e essa medalha ser da Poliana e da Unisanta, é realmente um feito único”, frisou.

Teixeira também ressalta que a medalha olímpica corou um trabalho de décadas de investimentos no esporte por parte do Santa Cecília. “A Unisanta vinha se preparando para isso, através de competições ao longo de muitos anos. Fizemos um trabalho para a Maratona Aquática, desde os tempos da Renata Agondi, depois passando por competições a nível regional, estadual, nacional e internacional. Com todos aqueles atletas que nós trouxemos, conseguimos fazer um trabalho muito forte, de massificação da Maratona Aquática, que até então os treinadores brasileiros eram contrários, não eram tão familiarizados assim com a Maratona Aquática. Através do trabalho do Santa Cecília, foi possível fazer uma conscientização maior de profissionais, tanto treinadores, comissões técnicas quanto atletas sobre a importância dessa competição”, ponderou.

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Divulgação/Assecom Unisanta

Expectativa para os Jogos Olímpicos de Tóquio
O dirigente também falou sobre a expectativa para os Jogos Olímpicos de Tóquio, que seriam realizados nesse ano, mas foram adiados em função da pandemia da Covid-19. Teixeira admite que a mudança imposta pela crise de saúde gerada pelo novo coronavírus pegou a todo o mundo esportivo de surpresa.

“A pandemia pegou todos nós de surpresa, igualmente os atletas que estavam se preparando para a disputa nesse ano. A Olimpíada do Japão era uma realidade. Para um nadador que nem o Nicholas Santos, que está beirando seus 40 anos, ele estava em um grande momento para a realização dos Jogos Olímpicos nesse ano. Talvez essa seja a última Olimpíada dele. Mesmo assim, é um atleta que teve a consciência de que, em primeiro lugar, devemos pensar na vida e defendeu o adiamento dos Jogos Olímpicos. Agora, tanto o Nicholas quanto os demais atletas, vão procurar retomar uma rotina de treinamentos, visando estarem em suas melhores condições”, disse.

Com a crise causada pela pandemia, clubes, federações e o Comitê Olímpico Brasileiro estão procurando suprir problemas relacionados a investimento, para que os atletas do país estejam em condições ideais para a disputa dos Jogos Olímpicos.

No entanto, Teixeira admite que as instituições estão se esforçando para que os esportistas tenham as condições que precisam em busca de uma preparação adequada. “Com relação aos investimentos, todos vamos sentir. As empresas, as entidades estão se esforçando, e mesmo assim creio eu que isso não será suficiente para mantermos os mesmos níveis de amparo e de estrutura, pensando nas competições internacionais. Vamos ter que superar isso com criatividade e com outras formas de investimento, para darmos respaldo as entidades, aos clubes, e aos próprios atletas para que eles possam continuar desenvolvendo seus trabalhos. É um fator preocupante, porque haverá naturalmente uma recessão e ela poderá implicar em algum tipo de prejuízo no treinamento e na preparação dos nossos atletas. Mas, no Santa Cecília, continuamos com o projeto e a ambição de manter essa estrutura para que os atletas possam se desenvolver, de olho nas competições mais importantes que eles terão pela frente”, afirmou.

Dentre atletas jovens, como André Calvelo, Victor Colonese e Gabi Roncatto, além do experiente Nicholas Santos, a Unisanta também tem esperança de uma nova medalha olímpica com Ana Marcela Cunha.

A atleta da Unisanta, detentora de cinco títulos mundiais, sendo quatro na prova de 25 Km, e um na de 5 Km, é atualmente a melhor nadadora de maratonas aquáticas do mundo, segundo a revista Swimming World.

“A Ana Marcela vem de resultados muito expressivos, já conquistou por várias vezes títulos mundiais, e é sem dúvida alguma uma das nossas grandes esperanças para os Jogos Olímpicas. A Ana Marcela representa hoje algo muito importante para a natação brasileira e, vivendo o melhor de sua forma, não tenho dúvidas de que ela vai disputar de uma maneira muito forte uma medalha olímpica”, concluiu Teixeira.

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Divulgação/Assecom Unisanta

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