Major da PM mata com tiro no peito ocupante de moto e diz que o disparo foi acidental

Por Santa Portal em 17/02/2024 às 13:00

Reprodução/CCI Ecovias
Reprodução/CCI Ecovias

Um major da Polícia Militar Rodoviária matou com um tiro no peito o ocupante de uma moto e alegou que o disparo foi acidental. O homicídio, registrado preliminarmente como “morte decorrente de intervenção policial”, ocorreu no km 61 da Via Anchieta, na Alemoa, em Santos, às 17h40 de sexta-feira (16). A vítima é o atendente Luan dos Santos, de 32 anos, que estava desarmado. O policial portava uma pistola Glock, calibre .40, pertencente à PM. Ela foi apreendida para ser periciada.

Segundo o major Rafael Cambuí Mesquita Santos, ele era o passageiro de uma viatura dirigida por um soldado e ambos realizavam patrulhamento de rotina no sistema Anchieta/Imigrantes. Em dado momento, eles viram uma moto BMW/R1250GS A em “alta velocidade”, que supostamente era perseguida por outra, do modelo Honda CBR 600RR, porque o veículo importado é bastante cobiçado por assaltantes.

A desconfiança dos PMs aumentou ainda mais porque os pilotos das motos, segundo eles, estariam realizando manobras em “zigue-zague”. Diante desse cenário, os patrulheiros iniciaram o acompanhamento da Honda CBR 600RR, cujo condutor teria ignorado os sinais sonoros e luminosos emitidos pela viatura. Devido ao tráfego intenso na rodovia, conforme os policiais, a aproximação foi dificultada, mas no km 61 eles ficaram bem perto do veículo.

Nesse momento, o major e o soldado Thales Garcia, motorista da viatura, disseram que Luan olhou para trás e o piloto da moto acelerou de maneira “brusca”. O ocupante da garupa ainda colocou a mão direita no bolso do mesmo lado do seu moletom, como se fosse sacar uma arma de fogo. Cambuí, então, justificou que apenas apontou a sua pistola para a vítima, momento em que os veículos frearam e houve o acionamento do gatilho de forma acidental.

Versão divergente

Enquanto o major alegou que o tiro foi acidental e com os veículos ainda em movimento, o piloto da Honda desmentiu essa versão, afirmando que já havia parado a moto e o seu passageiro desembarcava, em obediência à ordem dada pelos policiais. Atingido no lado esquerdo do peito, Luan chegou a ser levado ao Hospital de Cubatão, onde faleceu. Com ele e o seu acompanhante não foi encontrado nada de ilícito.

O relato do condutor da Honda ganha força com a versão de um investigador. Esse agente era quem conduzia a moto BMW. Ele caminhou até o local da abordagem, sendo submetido a revista pelo major. Após se identificar e exibir a sua carteira funcional e a pistola da instituição que portava (pistola Glock .40), o policial civil disse que estava junto com os dois homens da outra motocicleta, mas não ouviu a sirene da viatura.

De acordo com o investigador, ele só escutou um “forte barulho” e, ao olhar para trás, visualizou os companheiros sendo abordados pela Polícia Militar Rodoviária, motivando-o a retornar para verificar o que acontecia. As circunstâncias do episódio ainda são apuradas. Eventuais imagens captadas por câmeras de monitoramento da Ecovias, concessionária responsável pela Anchieta/Imigrantes, poderão auxiliar no esclarecimento do caso. (EF)

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