Mãe emociona ao agradecer vaga na Clínica-Escola do Autista

Por Alanis Ribeiro em 29/02/2024 às 06:00

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Após cinco anos aguardando atendimento especializado para o filho autista, a mãe Rafaela Maia, de 36 anos, emocionou nas redes sociais contando a trajetória da família e agradecendo por ter conseguido a tão sonhada vaga na Clínica-Escola Autista, em Santos. 

A confeiteira relembra que a gestação de Octavio Henrique, de 7 anos, foi turbulenta desde a descoberta da gravidez, mas que as coisas ficaram mais complicadas após dificuldades financeiras. No entanto, a situação se agravou quando foi dar a luz ao pequeno. 

“Meu parto foi muito difícil, tive que esperar a troca de plantão para ter meu filho, e ainda precisei ouvir que se não tivesse dinheiro, não deveria ter engravidado. Houve toda uma negligência, nesse momento que eu mais precisava de suporte”, declara Rafaela.

Após o nascimento, Tavinho, apelido carinhoso pelo qual é chamado, foi encaminhado imediatamente para Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), onde passou seus primeiros momentos e aprendeu a mamar. 

O desenvolvimento passou a ser progressivo como de qualquer outra criança, mas próximo a completar dois anos de idade, a família entrou em estado de alerta. Tavinho era uma criança não verbal e não avançava mais em seus movimentos. 

Ao perceberem a situação, começou a investigação clínica, onde foi constatado pela Escala de Avaliação do Autismo na Infância, que o pequeno é uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA) moderado. 

“Quando descobrimos, morávamos em Orlândia, e os tratamentos eram em outra cidade muito longe da nossa. Tínhamos que pegar uma van às 6h, e só conseguimos transporte para voltar às 13h, para uma criança autista é complicado, ele ficava muito nervoso”, diz.

Rafaela e Tavinho percorreram essa jornada durante três longos anos, e os avanços em seu desenvolvimento passaram a ser cada vez mais notáveis. Porém, por estar à frente das outras crianças, recebeu alta para abrir mais vagas.

“Por conta de toda a demanda dos profissionais de saúde que se envolvem no tratamento de autismo, o diagnóstico é muito mais preciso, as pessoas estão falando mais sobre a calma, estão falando mais sobre os sintomas. Mas em compensação, as vagas ainda são bem poucas, por isso procuramos fazer sempre o melhor”, declara a presidente da Clínica-Escola do Autista, Caroline Teixeira.

Devido a defasagem no atendimento especializado do Estado em que morava, o pequeno começou a regredir, e perdendo tudo o que havia conquistado durante os anos de terapia. Preocupada e aflita, começou a procurar clínicas para poder conseguir dar melhores condições. 

Dessa forma, conheceu o Centro de Reabilitação e Estimulação do Neurodesenvolvimento (Cren), chamado de Clínica-Escola do Autista. 

“Quando vi a clínica, me apaixonei, queria e ele precisava ter o tratamento que ele merece. Viemos embora para Santos, somente eu e ele, sem nada! Mas com a certeza de uma coisa, iríamos conseguir tudo que precisávamos” acrescenta a mãe.

Trajetória

Ao chegarem em Santos, Tavinho precisou fazer acompanhamento em outros lugares até conseguir entrar na fila para conquistar a vaga no instituto. 

Em resumo, aos seis anos, após essa longa trajetória, o pequeno conseguiu a tão esperada vaga, mas foi encaminhado para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), para esperar a liberação do tratamento.

“Foram meses difíceis, mudanças de medicações, crises e mais crises, a nossa espera por algo melhor foi angustiante, mas nunca deixamos de acreditar que iríamos conseguir” diz.

Hoje, aos sete anos, a vaga foi liberada para dar início a uma nova fase de acompanhamento. Tavinho faz acompanhamento duas vezes na semana na clínica com tratamento multidisciplinar com fonoaudióloga, fisioterapeuta, psicóloga, entre outros profissionais. 

“Esperar por essa clínica foi uma das melhores decisões que tomamos, foi algo muito importante para nós. A forma como tratam os familiares e pacientes, é fantástica. Meu filho conta os minutos para poder voltar a cada sessão, sem dúvida, faz a diferença” finaliza.

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Saiba mais sobre a Clínica-Escola do Autista 

O local é voltado para o tratamento de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), e tem como objetivo o atendimento multidisciplinar, apresentando cuidados e tratamentos aos pacientes e treinamento das famílias e as capacitando aos cuidados e cursos de empreendedorismo e projetos sociais.

A estrutura e ambiente da instituição foram planejados com equipamentos e salas adaptadas conforme as necessidades de cada paciente. Pensando nisso, o ambiente conta com cores de baixo estímulo nas paredes, evitando o impacto visual e oferecendo mais conforto aos pacientes.

Além disso, proporciona atividades interdisciplinares para cooperar no desenvolvimento psicomotor, como horta, pátio coberto, quadra esportiva, brinquedoteca, sala de brinquedos e consultório odontológico. 

“É muito gratificante ver a evolução que conseguimos ter dentro do projeto, principalmente porque estamos sempre se especializando para conseguir ver a evolução deles. Não tem preço que se pague ao ter histórias como a do Octávio, faz com que conseguimos ter certeza de que estamos fazendo a diferença”, finaliza Caroline Teixeira.

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