Infectologistas defendem exigência do passaporte da vacina em navios de carga

Por Santa Portal em 09/12/2021 às 19:38

Diego Marchi/Divulgação Prefeitura de Guarujá
Diego Marchi/Divulgação Prefeitura de Guarujá

A Anvisa divulgou nesta semana uma norma para exigência de passaporte da vacina contra a covid-19, além de outras medidas sanitárias para a operação e para o embarque e desembarque de plataformas e de embarcações de carga em portos brasileiros. Para os infectologistas, a nova regra é essencial para o combate da covid-19 e prevenção de uma quarta onda, com a variante Ômicron.

O infectologista Evaldo Stanislau comenta que o passaporte da vacina é essencial para que toda pessoa possa comprovar sua vacinação para qualquer tipo de atividade, “especialmente quando está se deslocando de um país para outro. Sobre isso não há polêmica, é um consenso na comunidade científica, de que o passaporte vacinal é um bem comum, não há nenhum problema em se exigir a comprovação da vacinação”.

Ele ainda menciona que, quando é exigida a vacina contra a febre amarela para alguns países, é comum que as pessoas procurem o imunizante antes de viajar, e no caso da covid-19, não deveria ser diferente. “Às vezes elas se expõem a vacinas como a da febre amarela, que pode ter alguns eventos adversos inclusive severos, embora bem raros, e não querem tomar a vacina de covid, que é uma doença muito mais prevalente, e é uma vacina muito segura. Então não querer se vacinar e ficar contra a comprovação da vacinação é uma medida pouco inteligente no geral e anti-sanitária em especial”.

A infectologista Elizabeth Dotti diz que, como a população segue ignorando algumas formas de prevenção à covid-19, o passaporte da vacina se faz necessário. “Como a população não entendeu o distanciamento, a máscara, tudo que a gente vem falando até agora, o passaporte se faz necessário sim, é importante sim. Todos os lugares do mundo, os lugares sérios, resolveram que as pessoas precisam mostrar o passaporte de vacinação para entrar no país, então isso é muito importante. Neste momento, não dá para a gente abrir mão por causa da variante Ômicron”.

Quarentena

Sobre o monitoramento de casos e o cumprimento de quarentena dentro dos navios, os infectologistas afirmam que, teoricamente, este seria o ideal, mas a falta de fiscalização pode ser um problema.

“Todos os contatos de pessoas no ambiente confinado em que haja um caso ou mais de covid deveriam ser monitorados, não deveriam desembarcar para que você detecte outros casos. Então esse tipo de isolamento, de quarentena, é bastante clássico e é efetivo, não vejo nenhum problema. A melhor maneira para conter a covid nos transportes é vacinação completa, uso de máscaras de alta eficácia o tempo inteiro, sobretudo máscaras PFF2, fazer testagem antes de embarcar e no desembarque”, diz Evaldo Stanislau.

Elizabeth Dotti afirma que a norma da Anvisa é interessante para evitar a propagação dos casos, já que onde há um caso de covid, há outros também. “Em um ambiente fechado que tem um monte de gente, você descobriu um caso, vai ter que monitorar todos os outros, infelizmente, isso é o mais correto, mas quero ver como vão fazer para achar todo mundo. Por exemplo, em um navio, se houver três casos positivos, como fazer para monitorar aquela montanha de gente? Então a regra é muito boa, mas tem efetivo para isso? Vamos conseguir gente que fiscalize isso? É tudo muito bonito no papel, mas tendo efetivo, lógico que é o correto”, considera.

Ela completa dizendo que, por conta da variante ômicron, ainda é cedo para liberar a lotação máxima de aviões e navios, o que pode acelerar a chegada de uma quarta onda da doença. “É tudo muito novo, todo mundo está tentando fazer o melhor, fazer a economia girar, a gente entende e é louvável a tentativa, mas se a gente liberar tudo agora, se a variante circular agora, daqui a um mês está tudo fechando outra vez. Então não dá para avançar o sinal agora se vai ter que parar lá na frente. Tudo tem que ser muito devagar, então o cara que vai embarcar precisa ter o PCR, comprovante da vacina, máscara e distância mínima. Não pode ser com a capacidade máxima”, completa.

“Fica difícil nesse momento conter a propagação dessa mutação enquanto a gente não souber o que é, como ela é e para que veio, a gente está começando a observar, então fica muito pesado tudo isso”, finaliza a infectologista.

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