Fãs santistas de Taylor Swift relatam caos em show que terminou em morte

Por Allan Moraes em 20/11/2023 às 20:43

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Fãs santistas da cantora Taylor Swift que estiveram no primeiro show da “The Eras Tour”, no Rio de Janeiro, relataram terem presenciado diversos momentos de extrema desorganização e tensão durante o evento. A ocasião foi marcada pela morte da jovem Ana Clara Benevides, de 23 anos, que sofreu uma parada cardiorrespiratória por conta do calor. No dia do show, o Rio de Janeiro chegou a ter sensação térmica de 60 graus.

A fatalidade do caso de Ana trouxe à tona diversos problemas estruturais que o público enfrenta em shows de grande porte, como os da cantora americana, cada vez mais comuns no Brasil. A apresentação da última sexta-feira contou com mais de 60 mil pessoas.

No primeiro dos seis shows da turnê (três apresentações Rio e mais três no Allianz Parque, em São Paulo), que aconteceu na semana passada, no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, a confusão na hora da entrada no estádio foi o primeiro dos sufocos.

Problemas para entrar

Dois estudantes santistas entrevistados pelo Santa Portal relataram que a espera na fila estava tranquila, apesar do calor. Eles conseguiram se abrigar debaixo de uma árvore e aguardar sentados enquanto se refrescavam com bebidas e alimentos que levaram e que podiam adquirir com ambulantes no local. Porém, quando os portões foram abertos, o problema começou.

“Quando abriu a fila, ninguém respeitou como estava antes e, naquele calor, ficou todo mundo amontoado tentando entrar”, relatou um deles, que não quis se identificar. Neste momento, uma das testemunhas disse que chegou a ver à distância uma pessoa passando mal, “mas foram ajudar e deu tudo certo com a menina”, relatou.

Além de maior preparo por parte da organização na condução das pessoas na entrada do evento, vem-se discutindo como este é um problema que pode ser resolvido com a venda de lugares marcados, o que evitaria a ansiedade para garantir um lugar melhor, pelo menos nos setores em que são disponibilizadas cadeiras, como as arquibancadas de locais como o Allianz Parque e do próprio Engenhão.

Camila Xavier, de 26 anos, foi acompanhar sua irmã no evento e registrou a situação da entrada na fila do setor “cadeira superior”.

“Um caos completo”, relata Camila em vídeo postado nas redes sociais. Depois de mais de uma hora e meia do horário de abertura dos portões, a fila começou a andar. A demora fez com elas perdessem o início do show de abertura da cantora Sabrina Carpenter. Quando finalmente ingressaram no estádio, a desorganização estava ainda pior, relata a irmã de Camila.

“Não havia pessoas orientando a entrada nas arquibancadas. Quando chegamos no local do nosso setor, não tinha cadeira para todo mundo e simplesmente não podíamos acessar as cadeiras do outro lado”, disse a jovem de 17 anos.

Calor insuportável

Do lado de dentro do Engenhão, quem estava na pista sofreu com o aperto, que aumentava ainda mais o calor já insuportável. De acordo com um dos entrevistados, que não quis se identificar, havia uma espécie de tapume no chão que cobria toda a pista.

“Dentro do estádio era muito mais quente do que fora, porque além do calor que fazia no Rio, o estádio estava com abafadores de som para melhorar a acústica do ambiente e com tapumes no chão. O sol batia no tapume e vinha aquele bafo quente de baixo”, relatou.

Problemas para sair

Depois de todo o sufoco para entrar e aproveitar o show, a hora de voltar para casa também foi marcada por problemas. Um dos entrevistados relatou conseguir escapar de arrastões por ter se locomovido até um local distante para conseguir chegar até um carro de aplicativo.

De acordo com ele, é comum enfrentar certa dificuldade de locomoção no final de eventos com milhares de pessoas, porém é possível mobilizar os entornos dos estádios e realizar integrações com o transporte público para facilitar o acesso e a saída de eventos dessa proporção.

Água chegava a R$ 10,00

Um fato que causou indignação com a repercussão das notícias sobre o evento foi a proibição de entrada com garrafas d’água. A entrada de alimentos e bebidas para consumo próprio é garantida por lei, mas muitos eventos infringem esta determinação, o que força o público a ingerir os produtos vendidos a preços exorbitantes dentro do evento.

Em uma situação como a deste show, era imprescindível manter-se hidratado para aguentar a maratona de espera e para aproveitar o evento, que dura em média cerca de três horas e meia. Os entrevistados pelo Santa Portal informaram que a água dentro do evento custava R$ 8,00.

“Felizmente tínhamos dinheiro e não deixamos de comprar água em momento algum, realmente nos preocupamos em beber água o tempo inteiro e acredito que tenha sido isso que nos manteve bem até a hora do show”, comenta a irmã de Camila Xavier. “A água não é barata lá. Gastamos muito com água.”, disse outra entrevistada.

Para quem estava nas arquibancadas, não havia acesso aos bares oficiais do evento, o jeito era se hidratar com os produtos oferecidos por ambulantes autorizados. Camila relata que isso foi acontecer lá para o fim do show, ou seja, quase quatro horas depois do início do evento. E pior: “O copo de água era R$ 10,00, só no dinheiro!”, contou Camila, indignada.

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