Fabio Mesquita recebe convite para voltar a dirigir área de HIV no Ministério da Saúde
Por Laila Aguiar em 08/01/2023 às 08:00
O médico epidemiologista, Fabio Mesquita, foi convidado a liderar a área de HIV, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e hepatites do Ministério da Saúde. O departamento voltou a existir após a posse do Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o setor foi extinto durante o governo Bolsonaro.
Em entrevista ao Santa Portal, Mesquita afirmou que o convite aconteceu durante a transição do governo e, depois desse convite, diversas reuniões aconteceram. Mesmo com as conversas, a nomeação só será confirmada após a divulgação no Diário Oficial da União.
Caso a nomeação aconteça, o médico irá trabalhar com a socióloga, cientista social e pesquisadora, Nísia Trindade, a primeira mulher a assumir o Ministério da Saúde. De acordo com Mesquita, o convite foi feito por Éthel Maciel, Secretária de Vigilância, a pedido da atual ministra da saúde.
O epidemiologista tem ampla experiência e reconhecimento internacional nas áreas de HIV e doenças sexualmente transmissíveis. Entre 2013 e 2016, Mesquita fez parte do Ministério da Saúde, após o cargo no Governo Federal, o médico fez parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) por 12 anos. Já em Santos, Mesquita fez parte de um trabalho pioneiro de HIV que teve repercussão nacional.
Com a volta do departamento, o médico afirma que os desafios serão grandes, ainda mais por conta do Brasil ter diminuindo os trabalhos com relação aos temas abordados pelo setor.
“Não é que o programa morreu, mas não deu para fazer nada de novo, não deu para implementar adequadamente ações tecnológicas. Se perdeu muito em termos de qualidade nesses últimos quatro anos. Seja quem for que vá para o departamento vai ter um enorme trabalho”.
O médico ressaltou que atualmente o governo fornece medicamentos contra o HIV a cada 15 dias, o que ele acredita ser desnecessário, já que as caixas vem com medicamento para 30 dias.
“Estava em um país em guerra civil, lá a gente fornecia e tinha medicamentos suficientes para seis meses”, explica Mesquita.
Para o epidemiologista, a modernização do sistema de tratamento das doenças abordadas pelo departamento também será um grande desafio para o responsável que liderar o setor.
Durante a entrevista, o médico ressaltou o trabalho contra o HIV que foi feito em Santos, em 1989, quando foi coordenador do projeto.
“Aqui nós criamos uma série de inovações que foram levadas ao Ministério da Saúde. Santos virou um exemplo de como responder a epidemias graves como era a da aids no país”.
De acordo com Fabio Mesquita, caso a nomeação aconteça, ele terá um olhar especial para Santos e toda a Baixada Santista, ou seja, terá comunicação continua com os prefeitos para identificar problemas e pensar em soluções.
