24/10/2020

Evaldo Stanislau: "Não há certeza de quanto tempo dura a imunidade ao coronavírus"

Por #Santaportal em 24/10/2020 às 11:21

COVID-19 – O Santaportal conversou hoje com um dos mais respeitados infectologistas do Brasil, Evaldo Stanislau, sobre a possibilidade de reinfecção pelo coronavírus. Ele, que vai conduzir uma live sobre este e outros assuntos ligados ao tema hoje à tarde (às 13 horas) em sua página no Facebook , alerta: não há certeza, ainda, de quanto tempo dura a imunidade pós-infecção do coronavírus e muito menos a que será promovida pelas vacinas. Confira os principais pontos da entrevista:

Como é feito o diagnóstico de uma reinfecção?

Existem critérios muito rigorosos para falar em reinfecção. Como são rigorosos, devem existir muitos casos de reinfecção que a gente sequer percebe porque são pouco sintomáticos ou assintomáticos. Ou então porque a primeira infecção nem foi percebida porque faltavam kits de diagnóstico. Tem variáveis técnicas e outras que têm a ver com nossa capacidade de detecção.

Já existem casos de reinfecção comprovados no mundo?
Sim, já há alguns casos descritos no mundo. É preciso obedecer a alguns critérios. Primeiro: temos que ter uma amostra da infecção anterior e uma amostra da infecção atual. Você compara essas duas amostras e os vírus devem ser diferentes, ou seja, de cepas diferentes. Só assim é possível documentar que é uma reinfecção.

E por que há tão poucos casos?
Por causa da dificuldade operacional e técnica de se ter as amostras. Por isso muito dificilmente esse protocolo é cumprido e essa é a principal razão do porquê de termos tão poucos casos bem documentados no mundo. Todos os que estão publicados preenchem esse critério.

É o único critério utilizado?
Na falta desse é possível adotar outros. Por exemplo: a pessoa teve uma primeira infecção documentada, padrão, com quadro clínico, exames confirmatórios. Depois tem uma melhora clínica, tem exames negativos, anticorpos positivos. Passa um tempo ela passa a apresentar novamente os sintomas, geralmente após ser exposta à covid. Você refaz os exames e detecta a presença de marcadores da atividade viral. Esse é um critério mais próximo da nossa realidade e é o que temos utilizado, na prática, para identificar. E há um detalhe técnico importante…

Qual é?
Na reação do RT-PCR há um número chamado CT. Quanto mais baixo esse número, mais provável é que a infecção seja recente. Quanto mais alto significa uma quantidade de vírus menor e pode, aí, ser uma coisa residual. Então, em resumo: a reinfecção é decorrente de uma perda da imunidade e não de uma mutação do vírus. Normalmente as reinfecções descritas têm sido mais brandas, o intervalo entre as duas tem sido de 60 dias, em média.

A imunidade, então, não é permanente…
Provavelmente as pessoas desenvolvem, sim, imunidade à Covid-19 depois de terem a doença. Mas não se sabe a qualidade nem o tempo que vai durar essa imunidade. Por isso, se você teve covid, continue praticando o distanciamento social, a correta higienização das mãos e o uso correto da máscara. Porque não podemos garantir a ninguém que quem já pegou não vai nunca mais pegar a doença.

Se a infecção não produz uma imunidade definitiva, a imunidade por vírus também não seria por um tempo determinado?
É provável que sim. Mas vamos ver, apenas na prática, com quantas doses e de quanto em quanto tempo a vacina precisará ser readministrada para que a imunidade se mantenha.

As vacinas que estão sendo desenvolvidas não perderiam a validade caso ocorra mutação do vírus?
Não há comprovação e é pouco provável. Porque as mutações que temos acompanhado são fora dos locais que servem de estímulo para que a gente produza anticorpos.

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