27/03/2024

Especialista esclarece que tecnologia é a principal rival na hora de dormir

Por Santa Portal em 27/03/2024 às 07:52

Freepik
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Rolar na cama para tentar dormir, tomar um chá durante a madrugada para pegar no sono e despertar com cansaço. Apesar de parecerem atos simples, estas atitudes traduzem o que mais de 70 milhões de brasileiros passam com a insônia, de acordo com a Associação Brasileira de Sono (ABS). Os aparelhos eletrônicos já têm um lugar garantido nos quartos, sendo que 93% dos brasileiros mantêm o celular por perto e 66% checam seus smartphones antes de dormir, segundo levantamento divulgado em 2023 sobre a Saúde do Sono Brasileiro feito pela Hibou (empresa de pesquisa e análise de mercado, comportamento e consumo).

O médico clínico geral Dr. Marcelo Bechara esclarece que o sono é parte fundamental da vida. Para o especialista, a rotina corrida e a tecnologia podem ser o ponto principal para o mau sono. “O cotidiano influencia e, atualmente, o que mais interfere são as telas: celulares, televisões, tablets e outros. O excesso de luz durante a noite afeta o processo de criação de melatonina, hormônio do relaxamento”, relata Marcelo.

Mas as telas são as grandes vilãs?

O especialista esclarece que o contexto e os hábitos contabilizam na hora do organismo se equilibrar. “É a totalidade, o ciclo circadiano acontece durante as 24 horas do dia. Praticar atividades físicas, boa dieta, meditar, ter pensamentos menos acelerados e uma rotina controlada ajudam muito. Essas ações auxiliam na diminuição do excesso de cortisol, o hormônio que nos desperta e também nos estressa”, afirma Marcelo.

“Quando dormimos, passamos por diversas fases, mas a REM (Movimento Rápido do Olho, do inglês Rapid Eye Movement) é o estágio mais profundo do sono. Estimulado pela luz, o organismo realiza suas funções ao longo de um dia, que deixa o ser humano em estado de vigília”, explica Bechara. À noite, a falta de claridade nos olhos ativa o quiasma óptico, estrutura localizada no cérebro, que envia uma “mensagem” à glândula pineal para produzir melatonina e induzir sonolência.

Tratamentos

Os tratamentos mais convencionais são as terapias cognitivas comportamentais, medicamentos hipnóticos e antidepressivos sedativos, sendo os benzodiazepínicos, os mais consumidos para promover o sono, mesmo que estes tragam efeitos colaterais consideráveis. “Eu não costumo receitar remédios, porque acredito que ele trata a consequência e não a causa. Precisamos ensinar o paciente a mudar de vida e ter bem-estar. Em casos graves, o remédio é importante, mas sempre equilibrando com bons hábitos e depois a retirada deles, nada de depender disso”, pontua Bechara.

Canabidiol

Partindo para os tratamentos não convencionais, o óleo de canabidiol (CBD) vem se destacando em estudos e tratamentos para problemas no sono, por suas repercussões farmacológicas próprias e um amplo espectro de ação. Isso ocorre porque o canabidiol ajuda na regulação do sistema endocanabinoide nos receptores que ficam no hipotálamo, região do cérebro que controla o ciclo do sono e vigília. O uso do CBD é comumente utilizado para tratar insônia. Em geral, ele não tem efeito sedativo por si só. O CBD, para fins terapêuticos e medicinais, tem permissão do Ministério da Saúde.

“O canabidiol é fantástico e atua aliviando sintomas como dores ou problemas de ansiedade, por exemplo. A sua substância regula o equilíbrio do ciclo circadiano. Ele vai muito bem na insônia, especialmente. Costumo receitar para pacientes que já vêm diagnosticados com estes sintomas”, esclarece o médico.

No fim de janeiro de 2023, o governo de São Paulo sancionou uma lei que autoriza a distribuição gratuita, com prescrição médica, de medicamentos à base de canabidiol na rede pública de saúde do estado para cuidados com diversas doenças.

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