16/01/2015

Em 2004, atacante Robinho viveu drama do sequestro de sua mãe

Por Juan Reol/#Santaportal em 16/01/2015 às 20:00

RETROSPECTIVA 18 ANOS – O #Santaportal publica, desde sexta-feira (9), uma série de textos especiais sobre fatos que marcaram a Baixada Santista nos últimos anos. A #Retrospectiva18Anos é parte da programação especial do 18º aniversário do Sistema Santa Cecília de Comunicação, que acontece no dia 26 de janeiro. De 1997 a 2015, o portal de notícias ligado ao Sistema relembra histórias que até os dias atuais estão vivas na memória dos moradores da região.

A publicação de sexta-feira (16) volta para 2004 para lembrar o drama familiar vivido pelo Rei das Pedaladas Robinho. Vivendo boa fase no Santos Futebol Clube-SP, o camisa 7, em 6 de novembro, recebeu a notícia que sua mãe, Marina Lima de Souza, de 43 anos, havia sido sequestrada. A história teve um final feliz mas, durante 40 dias, o jovem jogador viveu momentos de tensão. A equipe de Jornalismo da Santa Cecília TVacompanhou todo o caso de perto.

Robinho surgiu para o mundo na conquista do Campeonato Brasileiro de 2002 quando, ao lado de Diego e dos demais Meninos da Vila, encantou o Brasil com um futebol alegre, ágil e veloz, saindo do ostracismo para o estrelato em apenas uma temporada. No ano seguinte, em 2003, o camisa 7 permaneceu evoluindo e, embora o Peixe não tenha conquistado títulos, foi à final da Taça Libertadores da América após 40 anos, além da vice-liderança do Brasileirão do mesmo ano.

2004 começou complicado para o Peixe, com eliminação precoce no Campeonato Paulista e eliminação na Libertadores nas quartas de final, mesmo com a troca do técnico Emerson Leão por Vanderlei Luxemburgo.

A chegada de Luxa, que já havia sido campeão com o Alvinegro Praiano em 1997, no Torneio Rio-São Paulo, melhorou o ambiente, fazendo o Santos FC-SP reencontrar o caminho do bom futebol. Para Robinho a mudança foi ainda melhor, mesmo com a saída do companheiro Diego. O atacante Deivid retornou ao Alvinegro Praiano e, ao lado do Rei das Pedaladas, formou a melhor dupla de ataque do Brasil. Até o término do Brasileirão cada um marcou 21 vezes.

Vanderlei Luxemburgo, então campeão da Tríplice Coroa com o Cruzeiro-MG em 2003, incluindo o primeiro Campeonato Brasileiro de pontos corridos, voltou ao Santos FC-SP com muita bagagem para esse tipo de competição. Logo nas primeiras rodadas o Peixe passou para as primeiras posições e, até o fim, quando se consagraria campeão, disputou jogo a jogo com o vice Atlético-PR.

O Peixe viajou para Criciúma (SC) com dois dias de antecedência para o confronto contra o Criciúma-SP, que seria disputado no Estádio Heriberto Hulse no dia 7 de novembro. Animado com o desempenho do Santos FC-SP no Brasileirão, o presidente Marcelo Teixeira, acompanhado por seu vice, Norberto Moreira da Silva, acompanhou a delegação alvinegra na viagem, fato raro de acontecer, já que o mandatário preferia ir apenas nos dias de jogo, e não para “concentrar” com o time.

E quis o destino que, após o jantar, no dia 6 de novembro, fosse o presidente Marcelo Teixeira o responsável por dar a Robinho a notícia de que sua mãe havia sido sequestrada. Ela estava em um churrasco na casa de amigos, no bairro Vila São Jorge, em Praia Grande (SP), quando foi levada pelos criminosos em um Mercedes-Benz Classe A. O veículo foi encontrado pela Polícia Militar na manhã seguinte, mas sem indicação de qualquer suspeito.

Robinho, acompanhado por um segurança da equipe e pelo vice-presidente Norberto Moreira da Silva, retornou para Santos (SP) em voo fretado, na manhã de 7 de novembro. Ele mesmo contou o caso para os companheiros e pediu para os mesmos ficarem calmos e entrarem em campo na tarde do mesmo dia. O Peixe empatou em 1 a 1 com o Criciúma-SC com gol de Deivid.

Após o empate, o técnico Vanderlei Luxemburgo, em entrevista coletiva, anunciou que não contava mais com Robinho na equipe até seu drama familiar estar solucionado. Mesmo assim, em 9 de novembro, três dias após o sequestro, o camisa 7 retornou aos treinos no Centro de Treinamento Rei Pelé. Em entrevista ele pediu aos jornalistas que parassem de noticiar o rapto de sua mãe e que a Polícia se afastasse do caso.

Depois do pronunciamento do craque, não haviam informações sobre as investigações do sequestro de Marina da Silva Souza, que completou 44 anos no cativeiro. Robinho seguia em contato com os sequestradores, sempre com o apoio da polícia. Mesmo treinando no CT Rei Pelé, não era escalado por Vanderlei Luxemburgo. Basílio e William, grande amigo do Rei das Pedaladas, se dividiam na função deixada pelo então principal atacante do Campeonato Brasileiro de 2004.

No dia 17 de dezembro, finalmente, a notícia que não só Robinho, mas todos os brasileiros que se angustiaram junto com o craque, queriam ouvir. Após 40 dias, Marina da Silva Souza havia sido liberada pelos sequestradores em Perus, bairro da Zona Norte de São Paulo. Ela mesma, com auxílio de moradores da rua onde foi deixada, entrou em contato por telefone falando de sua liberdade.

Policiais militares encontraram Marina com os cabelos muito curtos e desidratada, mas sem quaisquer problemas físicos. Em seguida foi levada ao Hospital Metropolitano da Lapa, onde passou por uma série de testes para avaliar melhor seu estado de saúde. Por volta das 11 horas ela deixou o local e, às 13h15, chegou em seu apartamento, em Santos.

Em frente ao prédio onde a mãe de Robinho morava permaneceram centenas de pessoas, todas ansiosas para verem o sorriso do craque de volta ao seu rosto, algo tão comum no Menino da Vila e que há 40 dias não era visto. Pouco tempo após a chegada, o craque e sua Marian apareceram na sacada, acenando para todos e mostrando, enfim, que a alegria havia voltado.

Com sua mãe de volta em casa, segura e feliz, Robinho partiu, no mesmo dia, para São José do Rio Preto-SP, cidade onde o Santos FC-SP mandava seus jogos devido uma severa punição por parte do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). A imprensa lotava o Estádio Benedito Teixeira (Teixeirão), tanto para aguardar a chegada do craque como também para a cobertura do penúltimo treino do Peixe antes do confronto contra o Vasco-RJ. Além do fim do sequestro, os jornalistas queriam ouvir o camisa 7 sobre a situação do Alvinegro Praiano, que estava à uma simples vitória do título. O jogo aconteceu no dia 19 de dezembro.

Lotado também por torcedores, o estádio “ferveu” quando Robinho saiu do túnel que ligava o vestiário ao campo. O barulho ensurdecedor remetia a um dos até então 101 gols do Peixe ao longo da competição. Ele pisou no gramado e, após cumprimentar o técnico Vanderlei Luxemburgo e integrantes da comissão técnica, foi em direção aos atletas. Em “comemoração” ao feliz retorno, o camisa 7 e seu fiel companheiro William foram colocados no meio da “roda de bobinho”, que marcava o início do aquecimento. A cena gerou gargalhadas de todos os presentes.

Outro momento marcante foi quando Basílio, então titular na ausência de Robinho e já confirmado por Luxemburgo para permanecer na equipe contra o Vasco-RJ, pega seu colete (que indicava sua escalação no time) e passa para o Rei das Pedaladas. A ato recebeu aplausos de todos.

No dia 19 de dezembro de 2004 o Santos FC-SP venceu o Vasco-RJ por 2 a 1, com gols de Elano e Ricardinho, e se sagrou campeão do Campeonato Brasileiro 2004. Para Robinho, além de mais um título na carreira, a felicidade incomensurável de saber que, pela televisão e bem segura em casa, estava sua mãe torcendo por ele.

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