"Ela era a luz, era o sol", diz marido de mulher morta após ser atropelada por charrete
Por Santa Portal em 26/03/2025 às 15:00
Marido da ciclista Thalita Danielle Hoshino, de 37 anos, que morreu após ser atropelada por uma charrete em uma praia de Itanhaém, Valdemir Pereira dos Anjos falou sobre a dor da perda de sua mulher, na manhã desta quarta-feira (26).
“Não consigo falar. Ela era a luz. Ela era o sol. Ela adorava ficar na piscina, entendeu? Quando ela saiu, eu falei três vezes seguidas porque, geralmente, eu sempre saía com ela. Eu só pedi para ela ter cuidado. Foi a última coisa que eu falei para ela porque o tempo estava instável. Eu pedi pra ela não andar na praia, para ela andar na pista de bicicleta, mas ela queria muito andar na praia. Eu pedi pra ela três vezes seguidas: ‘toma cuidado, amor, por favor'”, disse Valdemir, enquanto a família aguardava a liberação do corpo de Thalita, do Instituto Médico Legal (IML) de Santos.
“A gente estava em um final de semana esplêndido, maravilhoso, e aconteceu essa tragédia, onde eles ainda estão mentindo no BO, né gente? Isso é muito feio. Eles falaram que socorreram a gente, socorreram… mas quando eu cheguei no hospital, ninguém falou que socorreram. As pessoas que socorreram a gente falaram que não estavam com ele, entendeu? Porque se a gente soubesse na hora que estavam com eles, a gente teria chamado a polícia ali. A gente reparou uma aglomeração no grupo deles chegando. Ou seja, eles sabiam, eles estavam cientes do que estava acontecendo, e omitiram quem eles eram no momento. Realmente, eles ajudaram ali, mas omitiram quem eles eram”, contou o marido da vítima, que não estava com a mulher no momento em que tudo aconteceu.
“Eu não estava lá. Eu estava cozinhando com os pais do meu amigo, o meu amigo, e elas [Gabriela, amiga da vítima, e Thalita] saíram para andar de bicicleta. Fiquei sabendo que eram dois carros que estavam na praia, na areia. Então, eram dois carros filmando as charretes andando. Duas charretes. Eles estavam correndo. Segundo informações que a gente recebeu agora parece que eles estavam treinando para a corrida. Ou seja, o treino era uma corrida, né? Isso fazia parte de um grupo de corredores”, afirmou.
Segundo Valdemir, a sensação com a morte de Thalita é de impotência. “A gente estava junto desde 2007. É uma sensação de impotência, muita impotência de a gente não poder fazer nada. E tudo da forma que foi, entendeu? Foi muito rápido, gente. Foi muito rápido. E se a amiga dela não estivesse lá na hora, a Gabi, ela teria ido a óbito ali na hora. Porque eu acho que, se eu estivesse lá no momento, qualquer outra pessoa não teria a cabeça que ela teve”, comentou.
Após a morte de sua companheira, o marido dela pede que tudo seja apurado pela Polícia Civil e que os culpados sejam julgados pela Justiça.
“A gente deseja que seja investigado, que não ocorra mais esse tipo de coisa na praia, que seja tomado uma atitude pela Prefeitura, pelo governo, e que se dê um basta nisso, né? Porque a praia é um lugar de lazer, não de corridas, de marginais, iguais eles estavam fazendo. A Prefeitura não entrou em contato com a gente ainda até o momento. Não falaram nada. A polícia, que após descobrir o tamanho do caso, ontem deu um super apoio para a gente”, finalizou.
Entenda o caso
A ciclista Thalita Danielle Hoshino, de 37 anos, atropelada por uma charrete no último domingo (23), não resistiu aos ferimentos e morreu na tarde desta terça-feira (25). A turista estava internada em estado grave no Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande.
De acordo com o Hospital, Thalita deu entrada na unidade com um traumatismo crânio encefálico (TCE) grave após ser atropelada por uma charrete em uma praia de Itanhaém. A Secretaria de Segurança Pública (SSP), informou que o homem relatou às autoridades que transitava com a charrete na faixa de areia quando avistou um ciclista à sua esquerda, mas não percebeu a vítima, que vinha pela direita.
Segundo o condutor, a ciclista teria cruzado à frente da charrete, o que resultou em uma colisão frontal. No entanto, uma amiga da vítima que presenciou o acidente nega a versão.
A ciclista foi encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itanhaém pelo advogado do autor e, posteriormente, transferida ao Hospital Irmã Dulce, em Praia Grande, por conta da gravidade do caso.
Inicialmente, a SSP registrou o caso como lesão corporal na Delegacia Seccional de Itanhaém.
