Cantoras santistas inspiram novas gerações com muita técnica
Por Anna Clara Morais em 08/03/2025 às 12:00

Celeiro de músicos, Santos tem uma representatividade feminina muito forte. Dos tempos da bossa nova até hoje, muitas são as cantoras que desenvolvem suas carreiras na região. Desses nomes, três chamam a atenção pela técnica, formação de novos talentos e consistência das carreiras: Kika Willcox, Dani Vellocet e Carla Mariani.
Dani Vellocet – @danivellocet

Dani Vellocet canta desde os 16 anos, quando começou com uma banda na escola e, aos 18, já marcava presença nos palcos dos bares de Santos. O sucesso pela cidade realmente iniciou quando montou sua primeira banda profissional e tocou nas principais festas da região.
Ainda no ramo, trabalhou como organizadora de eventos e paralelamente, gostava de ‘discotecar’ em comemorações entre amigos e, inesperadamente, o hobby se tornou profissão.
Atualmente é DJ em São Paulo, mas faz apresentações em todo o país e internacionalmente também. Bahia, Belo Horizonte, Punta del Este, Nova York e Saint-Tropez são alguns dos lugares por onde já passou.
Contudo, apesar de ter alçado grandes voos, a DJ deixa claro a importância de Santos em sua formação artística.
“Com certeza a base que eu fiz em Santos foi essencial para que eu conseguisse chegar em outros lugares. Minha escola foi a Baixada Santista e foi um privilégio ter começado pela região”, salienta Dani.
Ao longo de toda a carreira de mais de 20 anos, a DJ reconhece que, apesar dos obstáculos que toda mulher enfrenta diariamente, foi muita sortuda e sempre esteve rodeada de boas pessoas que nunca a desmereceram por seu gênero.
“Desde o começo sempre tive grandes parceiros musicais que foram peças essenciais para o meu sucesso. Desde a época como banda, compositora, DJ ou produtora de eventos, sempre me senti muito respeitada pelos homens com quem eu trabalhei”.
Kika Willcox – @kikawillcox

Kika possui a música no DNA. Pai, mãe, irmãos, avós…são cinco gerações de músicos que cantam a história da família e fazem parte da vida da artista que, além dos 30 anos de carreira como cantora, dá aula de canto desde 1997.
Kika é produtora vocal e é dona do estúdio ‘Oficina da Voz – Kika Willcox’, onde trabalha com produção e aprimoramento vocal.
A artista já cantou em vários bares e baladas da região, além de ter participado de diversos festivais. No início, os estilos que costumava apresentar eram Jazz, Blues e Bossa Nova. Com o tempo, o Pop, Pop Rock e Rock Clássico conquistaram seu coração. Hoje em dia, ao menos uma vez por mês, Kika se apresenta em alguns restaurantes da cidade.
“Fico muito feliz em completar 30 anos de carreira na noite santista e ser sempre recebida com muito carinho, muito respeito e muitos elogios do público. Além do mais, fico imensamente grata aos vários alunos e alunas que começaram suas carreiras através dos meus ensinamentos e muitas vezes, subiram comigo no palco pela primeira vez e hoje, também fazem parte do cenário musical aqui na Baixada”, acrescenta.
De acordo com Kika, as barreiras de ser mulher no mundo da música nunca foram um grande problema para ela, pois sempre adotou uma postura rígida para impor respeito e garantir o tratamento adequado. Contudo, a cantora considera a pressão estética como uma das dificuldades mais complexas de serem dribladas.
“O maior desafio de ser mulher nesse cenário é manter uma imagem que as pessoas gostem de ver. Cuidar do corpo, da aparência, se vestir bem. O tempo é implacável e o público quer ver um conjunto de coisas, a música é só uma parte do show”.
Carla Mariani – @carla_mariani

Para Carla, tudo começou em 2006, quando sua professora de canto a indicou para fazer parte de uma banda de rock. Ela resolveu estudar o estilo e encarou o desafio por grande parte da vida.
Em 2011, sua música encontrou o blues e assim, montou a própria banda de blues e jazz. Desde então, alterna entre os estilos que conquistaram sua voz, blues, jazz e rock.
Hoje em dia, Carla administra os dois projetos. Em um deles, na banda de blues e jazz, faz covers e realiza apresentações de músicas autorais, já que a vertente que mais gosta é voltada para esse tipo musical e é por onde deseja seguir os próximos passos.
Por outro lado, na banda de rock, canta covers, pois trata-se de um tributo ao grupo britânico Led Zeppelin, chamado “Lady Zeppelin”, onde toca em várias casas de shows e bares focados no público que consome esse estilo.
Em quase 20 anos na estrada da música, as batalhas que Carla enfrentou são pequenas perto de seu talento e força.
“Eu batalhei muito para que as pessoas me reconhecessem como artista. Apesar de apresentar bastante cover, eu acredito muito nas minhas músicas. Elas têm muito potencial e as pessoas sabem disso. Eu invisto bastante no meu trabalho autoral. Então, eu fico feliz de ter esse reconhecimento das pessoas. Foi uma luta até chegar nesse ponto”.
Carla exala força feminina em sua trajetória e exalta todo o trabalho que teve para superar os desafios de ser mulher.
“Como todas as mulheres, em todas as áreas, parece que precisamos trabalhar o triplo para conseguir o mesmo reconhecimento que os homens. Mas somos fortes e não desistimos. São muitos desafios, muitas situações de preconceito velado que acabam passando despercebido”, completa Carla.