Depois de isolamento por Covid-19, Evaldo Stanislau se emociona na volta ao trabalho
Por #Santaportal em 16/04/2020 às 09:56
CORONAVÍRUS – Depois de contrair o novo coronavírus e se recuperar da doença, o médico infectologista Evaldo Stanislau saiu de casa para ir ao trabalho. Antes, participou do Bom Dia Cidades, da Santa Cecília TV, em seu primeiro compromisso público. E ficou emocionado com o momento.
“Estou super feliz. Outro dia estava até eufórico. Mal vejo a hora de ver os doentes e interagir com os residentes. Fiquei em distanciamento. Só assim para superar o covid-19”, afirma. “Faço isso (volta ao trabalho) porque estou em uma função essencial. Se eu precisasse ficar meses em casa, ficaria. A mensagem é exatamente essa: o distanciamento social é a única ferramenta. Não existe vacina ou medicamento efetivo”, emenda.
O médico recebeu o teste positivo para o novo coronavírus no dia 8. E teve uma pneumonia viral na véspera. “Conhecendo todas as complicações da doença, vem sim a preocupação de que pudesse ter um desfecho desfavorável. Não diria que foi medo, mas foi preocupação, pois sou de carne e osso”, contou Evaldo.
Evaldo lembra que, quando tinha em torno de cinco ou seis dias de sintomas, a detecção de uma pequena pneumonia foi um momento marcante. “Fui monitorando meu quadro clínico, com a ajuda de minha esposa, que também é médica, e de um colega infectologista. Por volta do 9º, 10º dia, recuperei parcialmente meu olfato, paladar e disposição. Hoje estou 100% disposto para recomeçar”, conta.
O médico infectologista contou como foi a sequência dos problemas causados pelo novo coronavírus. “Como médico, a gente acha que é cansaço do cotidiano, por muito trabalho, e não se dá conta que poderia ser um caso. Foi o que aconteceu comigo. A tosse veio depois, acompanhada de um certo mal-estar. Depois, ela se intensificou e em uma quinta-feira, semanas atrás, eu estava absolutamente destruído, como se eu tivesse atropelado por um caminhão. Com tudo isso, poderia ser um caso suspeito de covid-19. Nos dias seguintes, sensação de febre e cansaço extremamente importante ao falar ou fazer atividades corriqueiras. A dor muscular é muito marcante. A saturação de oxigênio chegou ao limiar da internação, mas não precisou”, detalha.
A perda do paladar também foi marcante para Evaldo Stanislau, especialmente na Páscoa. “Não é uma gripezinha. Uma tosse seca, extremamente desconfortável. Perde-se o olfato e o paladar. Só percebe que faz falta quando deixa de sentir. No almoço de Páscoa, pedimos um polvo. Comi e era uma massa na minha boca, não tinha sabor de nada, por causa disso. Tmaém recebi doces, mas não sentia muito sabor”.
O carinho das pessoas, porém, foi o fundamental. E que deixou o médico infectologista emocionado. “Isso fez toda a diferença. Alunos meus, por exemplo, mandaram para mim um material marcante”, disse, sem detalhar o que seria e agradecendo a todos os profissionais de saúde envolvidos no combate ao coronavírus. “Evidentemente que o médico tem mais visibilidade, mas a gente não vence o covid-19 sem uma equipe multidisciplinar, que coloca a mão na massa”, emenda.