15/10/2022

Conteúdo nutricional acessível leva a escolhas conscientes nas compras

Por Catarina Ferreria em 15/10/2022 às 08:57

A regra que muda a rotulagem de alimentos industrializados, que entrou em vigor neste mês, foi bem avaliada pelos especialistas que participaram do seminário O Futuro da Alimentação, na terça-feira (11).

As embalagens devem trazer alertas para alto teor de açúcar, gordura saturada e sódio a fim de conscientizar o consumidor sobre o consumo excessivo de ultraprocessados, como biscoitos recheados e refrigerantes.

“É importante que o consumidor saiba o que está comprando para fazer boas escolhas”, afirma Marina Queiroz Tonete, diretora acadêmica na Le Cordon Bleu São Paulo, rede internacional de escolas de culinária.

A chef de cozinha vê iniciativas do tipo como um primeiro passo na promoção de uma dieta equilibrada.

“São poucas as pessoas que vão ler ou compreender o que diz a tabela nutricional.”

A indústria deve explicar de forma acessível a informação sobre os nutrientes de cada alimento porque produtos industrializados podem ter seus níveis de sódio, gordura e açúcar elevados, explica Raquel Casselli, diretora de engajamento corporativo do GFI (The Good Food Institute), organização sem fins lucrativos que promove o uso de proteínas à base de plantas.

Com mediação da jornalista Carolina Marcelino e patrocínio da JBS, dona de marcas como Friboi, Swift e Seara, o seminário do jornal Folha de S.Paulo debateu os desafios da indústria em se adequar às novas demandas do mercado, como produtos mais saudáveis e sustentáveis.

Segundo relatório da ONU, a proteína bovina é o alimento que mais contribui para emissões de gases do efeito estufa na Amazônia e no cerrado.

Alimentos à base de vegetais que simulam a aparência, o sabor e a textura de produtos de origem animal, os plant-based, são opções que vêm crescendo no mercado, concordam os participantes do evento. A ideia é que esse tipo de comida atenda não somente o público vegano ou vegetariano, mas seja uma alternativa para o consumidor que come proteína animal.

“Quem consome proteínas alternativas está olhando para a diversidade no prato. É o chamado flexitariano, que em alguns momentos opta por não consumir produtos de origem animal, devido à preocupação com a saúde. É um movimento global”, afirma Raquel, do GFI.

O consumo excessivo de carne vermelha pode facilitar o desenvolvimento de câncer no intestino, alerta o Ministério da Saúde.

A indústria procura desenvolver alimentos com proteína cultivada em laboratório como outra possibilidade de substituição. Esses produtos utilizam uma célula animal como base para criar uma massa proteica, explica Luiz Marcos Pififfer, diretor de inovação e pesquisa e desenvolvimento da Seara.

Ele diz ver a produção como promissora no país, mesmo que ainda não existam produtos à venda.

No caso dos alimentos plant-based já comercializados, alguns dos entraves são a falta de conhecimento do consumidor e o preço elevado dos produtos. Para ele, indústria e restaurantes têm o papel de apresentar novas opções para alimentação e torná-las “mais amigáveis ao público”, como hambúrgueres e embutidos feitos com vegetais.

Raquel, do GFI, aponta como alternativa para a diminuição dos preços o uso de ingredientes nacionais. Ela afirma que, para um mercado recente, é natural o valor ser mais elevado. Mas, com o aumento do consumo e o investimento em pesquisa, os preços tendem a baixar.

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