04/12/2017

Com sentimento de "missão cumprida", Poliana anuncia aposentadoria e é homenageada pela Unisanta

Por Rodrigo Martins/#Santaportal em 04/12/2017 às 12:56

NATAÇÃO UNISANTA – Primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica pela natação brasileira, Poliana Okimoto anunciou oficialmente o fim de sua carreira como atleta, durante entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira (4), no Consistório da Universidade Santa Cecília (Unisanta).

A agora ex-nadadora da Unisanta explicou as razões pela qual resolveu “pendurar o maiô” e se retirar das competições aquáticas. “Estou encerrando minhas atividades como atleta profissional, mas é o que eu gosto de fazer. Isso não é um adeus, é um até logo. Estou com 34 anos, desde os 2 anos eu não saio da água. Tenho uma gratidão enorme por tudo que aconteceu na minha vida, isso tudo me fez mais forte. Só agradeço. Tenho um projeto pessoal. Profissionalmente me sinto realizada. Fui campeão mundial, medalhista olímpica, ganhei várias medalhas em Campeonatos Mundiais e Pan-americanos também. Então, estou abrindo portas para outras meninas que vão vir por aí”, disse.

O pró-reitor administrativo da Unisanta, Marcelo Teixeira, revelou durante a coletiva que vem tentando demover Poliana da ideia da aposentadoria, mas ela reiterou estar convicta de sua decisão. “A chance de voltar é zero. Acho que a minha missão foi muito bem cumprida. Agora a gente vai pensar em ajudar o esporte de outra maneira. Vamos lançar projetos, com toda a experiência e conhecimento que eu e o Ricardo (Cintra, técnico de Poliana) tivemos durante todos esses anos”, comentou a atleta.

Segundo Poliana Okimoto, a falta de um apoio maior ao esporte, depois das Olimpíadas do Rio 2016, foi decisivo para que ela optasse pelo encerramento da carreira. “O cenário já era esse antes das Olimpíadas. Como não treino na Unisanta, não consigo ter a mesma estrutura que eles têm aqui. Foi difícil manter os mesmos treinamentos que eu tinha antes dos Jogos Olímpicos. Comecei a treinar mal, competir mal. Além disso, tem o lado pessoal, pois abdiquei demais da minha vida durante tantos anos. Foi difícil tomar essa decisão, porque eu gosto do que faço. Depois dos Jogos Olímpicos, eu disse que continuaria se o cenário mudasse. Para buscar outra medalha precisa ter outra estrutura. Ainda tenho essa motivação, vontade de conquistar mais coisas, porém sou pessoa perfeccionista. Prefiro não fazer algo do que fazer mal feito”, explicou.

Em relação ao aspecto pessoal, Poliana contou que a vontade de ser mãe pesou bastante para a sua aposentadoria das águas. “Quero muito ser mãe. O Ricardo e eu estamos juntos há mais de 10 anos. O relógio biológico da mulher vai andando e a vontade da maternidade é muito grande”, destacou.

Poliana Okimoto fez um agradecimento especial ao seu marido e técnico, Ricardo Cintra, pelos anos de parceria no esporte. “Tenho que agradecer a Deus porque tive muitas oportunidades, nem todos têm as oportunidades que eu tive. Minha família me ajudou demais. O trabalho foi muito bem feito. A gente trabalhou muito, o Ricardo sofreu demais comigo. Ele brinca, mas ele levava o trabalho para casa, estava sempre me ajudando no que eu precisasse. Foi muito difícil, mas muito prazeroso também. Passa um filme pela nossa cabeça, de tanta coisa que aconteceu. Nosso objetivo quando entramos na universidade era acabar o ano, a faculdade, casar, e hoje olhamos para trás e vemos tudo que a gente conquistou. Nada vem fácil na vida”, afirmou.

Indagado sobre a decisão de sua atleta e esposa em parar de nadar, Cintra foi só elogios para Poliana: “Dei toda a razão para ela, que está em um momento especial da vida dela. Realmente, quando a gente olha pra trás, como ela disse, nós sonhávamos em acabar a faculdade. Na verdade, como técnico eu me sinto aliviado. Conseguimos realizar o sonho dela como atleta, mas com toda a dedicação dela, a Poliana acabou realizando os meus sonhos também. Não só ela se sente realizado, mas eu também. Acho que é o momento correto dela parar. Infelizmente, essa é uma rotina muito dura de treinamentos, muito difícil. Quando optamos pelas Maratonas Aquáticas, não tínhamos nenhuma referência de como era o treinamento para essa categoria. Não é uma rotina fácil, é muita complicada”, ressaltou.

Márcio Latuf, treinador-chefe da comissão técnica da Unisanta, também falou sobre a aposentadoria de Poliana Okimoto. “Ela é uma nadadora exemplar. Quem quer ser nadador mire-se na história da Poliana Okimoto, leia o livro dela. Como o Dr. Marcelo (Teixeira) falou, tudo começou aqui. O Ricardo Cintra foi meu nadador também. Com certeza a Unisanta vai ter que correr muito para arrumar uma substituta para ela. A Poliana garantia uma pontuação muito importante nos torneios. Só temos que agradecer a tudo que ela fez nesses anos de Unisanta e por estar encerrando a carreira dela aqui, nessa universidade maravilhosa. Espero que o Dr. Marcelo consiga convencê-la (a continuar nadando), mas estou vendo que está difícil, porque ela é dura na queda”, analisou.

Pró-reitor administrativo da Unisanta, Marcelo Teixeira foi só elogios a trajetória de Poliana. “Poliana Okimoto sem dúvida nenhuma marcou o seu nome para sempre na história da natação brasileira. Ela com certeza inspira e vai inspirar ainda mais atletas a buscarem seus objetivos. Até porque, quando chegar Tóquio 2020, todos lembrarão que Poliana Okimoto abriu esse caminho vitorioso para a natação brasileira, como a primeira mulher da natação brasileira medalhista olímpica”, declarou.

Fora das competições, Poliana Okimoto pretende se dedicar a clínicas esportivas, visando incentivar a prática da natação e a descoberta de novos talentos. “A gente está com um projeto desde o começo do ano de clínicas. Vamos fazer ano que vem, no mês de março, em São Paulo. Fora isso, nós temos um projeto aqui com a Unisanta, dando a oportunidade para outras crianças começarem a nadar, se apaixonarem por esse esporte. Temos todo esse conhecimento e experiência, que tanto eu como atleta quanto ele (Ricardo Cintra) como técnico adquirimos ao longo dos anos, chegou a hora de darmos de volta esse conhecimento para outras pessoas também”, salientou.

Por fim, Poliana fez um agradecimento emocionado aUnisanta, destacando a importância que a instituição teve em sua trajetória como nadadora. “Estou muito feliz com o momento que estou passando. Todo atleta passa por esse momento. Gostaria muito de agradecer a Unisanta pelo apoio, ao doutor Marcelo Teixeira, a todos por terem acreditado em mim. Mesmo encerrando a minha carreira eles têm fé que eu possa continuar dentro ou fora das águas. Nada veio fácil para mim, tudo fruto de muita luta. Foram treinos de madrugada, viagens, distância da família. Mas todos os resultados que eu tive foram frutos de muita dedicação e amor ao esporte. Agradeço a todos os clubes, todos os técnicos que eu tive, desde quando eu era pequena, e também a todas as minhas adversárias, que me motivaram a crescer”, completou.

Carreira vitoriosa
Além de conquistar a primeira medalha olímpica feminina em desportos aquáticos (Rio de Janeiro 2016) e ser a primeira nadadora brasileira a ganhar uma medalha em Campeonatos Mundiais (Nápoles 2006), Poliana Okimoto tem uma carreira repleta de títulos pioneiros, nacionais e internacionais.

Nos Jogos Pan-Americanos de 2007, ganhou a primeira medalha do Brasil na competição. Em 2009, Poliana ganhou nove das 11 provas disputadas nas etapas da Copa do Mundo da FINA. Sendo recorde em número de vitórias no mesmo ano e a primeira brasileira a vencer a competição. No mesmo Mundial, em Barcelona (2013), foi a primeira e única brasileira a ser campeã Mundial na prova olímpica dos 10km e também foi prata nos 5km e bronze nos 5km por equipe. E finalmente, em 2009 e 2013, Poliana Okimoto foi eleita pela FINA como a Melhor Nadadora de Águas Abertas do Mundo.

Ainda neste ano, o nome de Poliana passou a integrar o Hall da Fama das Maratonas Aquáticas, um reconhecimento mundial da International Marathon Swimming Hall of Fame (IMSHOF). Poliana Okimoto é a primeira nadadora brasileira a ser incluída no grupo seleto de notáveis atletas de várias partes do mundo.

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