Com sala de aula escura, menina com deficiência visual leva abajur para enxergar

Por Vanessa Ortiz em 23/05/2022 às 06:00

Reprodução/Arquivo pessoal
Reprodução/Arquivo pessoal

Uma aluna, de 9 anos, com deficiência visual, levou um abajur até a sala de aula de uma escola municipal de Cubatão, pois a maioria das luzes estavam queimadas e ela não conseguia enxergar. Em entrevista ao Santa Portal, a mãe, Krislaine Gonçalves de Lima, de 33, informou que a situação estava assim há pelo menos 15 dias. 

Letícia nasceu com síndrome de Peters, uma má formação que causa opacidade de córnea, e depois descobriu um glaucoma congênito, que consiste no aumento da pressão intraocular em crianças e recém-nascidos. A pequena já passou por transplante nas duas córneas há alguns anos, e hoje, faz tratamento em um hospital de São Paulo. 

Há cerca de duas semanas, a mãe foi surpreendida pela menina com a reclamação de que estava com dificuldades para enxergar durante as aulas, pois a sala da 4ª B, da Ume Antonio Ortega Domingues, estava com as luzes queimadas. 

“Ela falou que estava muito escura. Fui até lá e vi que nove lâmpadas, das 16 estavam queimadas. Como vai estudar?“, questiona a mãe. Diante da situação, ela mandou a menina levar um abajur para conseguir enxergar melhor. No início, Letícia não queria, conforme conta Krislaine.

“É bem constrangedor para ela. Primeiro ela se negou, depois eu expliquei que ela não tinha que pensar no que os outros iam falar. Então, ela começou a levar”, afirma. 

Com a dificuldade da filha, a mulher fez uma reclamação na unidade de ensino, na prefeitura e também com a Ouvidoria do município, mas a situação se arrastou por semanas, conforme diz. A condição só melhorou, parcialmente, na última sexta-feira (20), quando algumas lâmpadas foram tiradas do corredor e realocadas na sala de Letícia, onde há outra criança com deficiência visual. 

“A prefeitura sempre me ouviu quando eu precisei, mas nessa situação, eles demoraram muito. Quando resolveram, descobriram um lugar, para cobrir outro. E as outras crianças da escola? Como vamos mandar nossos filhos para estudar no escuro?”, questiona. 

O Santa Portal solicitou um parecer da Prefeitura de Cubatão, mas até a última atualização desta reportagem, não obteve retorno.

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