Com nova variante, especialistas defendem maior controle para entrada no Porto de Santos

Por Santa Portal e Folha Press em 28/11/2021 às 21:40

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O Santa Portal ouviu especialistas sobre o surgimento da nova variante ômicron do coronavírus, cepa identificada na África do Sul. A situação pode afetar também a região, afinal o Porto de Santos é o principal do país e recebe navios com cargas do mundo inteiro.

O governo brasileiro já proibiu a entrada de quem esteve, nos últimos 14 dias, em seis países africanos: África do Sul, Botsuana, Suazilândia (Eswatini), Lesoto, Namíbia e Zimbábue. A medida foi tomada após recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Neste sábado (27), a agência reguladora recomendou que mais quatro países entrem na lista. São eles: Angola, Malawi, Moçambique e Zâmbia.

Essa medida vale para viagens aéreas, mas ainda não houve uma manifestação da agência sobre as medidas para os portos brasileiros.

Para a infectologista Elisabeth Dotti, o fechamento de fronteiras, tanto aéreas quanto marítimas é uma decisão acertada e realmente deve ser a primeira medida do governo para evitar a chegada dessa nova variante ao Brasil.

“Não é uma questão revanchista, mas é uma questão de você ver o modo como o mundo lidou com isso, como eles tentaram diminuir o número de casos. Então assim, é um modelo que a gente vai ter que seguir agora. É difícil, mas você precisa endurecer o controle de quem entra no país e isso afeta os portos também. É lógico que o Porto também precisa ter esse controle, mas creio que é muito mais fácil você segurar a onda nas regiões portuárias. Para mim, o problema maior vai ser nos aeroportos. Acho que em momento nenhum a gente teve algum controle nos aeroportos. Tanto que a o primeiro caso de coronavírus no Brasil veio de onde? Da Itália. O cara foi visitar a família na Itália voltou e trouxe para o Brasil. Você vê que coisa doida. O primeiro caso de Delta foi um cara que foi para a Índia, voltou e visitou a família em São Paulo, foi para o Rio. Isso espalhou a Delta pelo Brasil”, disse a médica.

Indagado sobre a proibição de visitantes de países onde a nova cepa já registra casos, o também infectologista Evaldo Stanislau destaca que os protocolos sanitários devem ser seguidos rigorosamente, independentemente de se tomar uma decisão de fechar as fronteiras marítimas para visitantes dessas nações. “A questão não é proibir e, sim, controlar. Devemos exigir vacinação completa, testes negativos na entrada (antígeno ou PCR) e, se necessário, a realização de quarentena”, explicou.

Variante é resultado de mutações

Elisabeth, por sua vez, mostrou a sua preocupação com a nova onda de casos que estpa explodindo mundo afora. “A nossa preocupação hoje é que essa nova variante é altissimamente transmissível. Ela tem mais de 50 mutações e a gente quer saber o seguinte: se as vacinas que a gente tem hoje são eficientes também para impedir o contágio por essa cepa? Fabricantes como a Janssen e a Pfizer já se manifestaram dizendo que possuem condições de em 10, 15 dias no máximo, fazer uma modificação na vacina para esse próximo ataque. A gente muda a vacina, sofre outro ataque. Não podemos ficar trocando o pneu com o carro andando. Precisamos ter medidas eficientes e que sejam levadas a sério para combater a disseminação do vírus”, afirmou.

Já Stanislau acredita que o momento é de não criar pânico entre a população e analisar o potencial de contágio dessa nova cepa para traçar estratégias de combate. “Ninguém sabe ainda como vai ser, é tudo muito novo e incerto. Temos que observar como será o comportamento dela nas próximas semanas”, declarou.

Liberação de máscaras

Para Elisabeth Dotti, o surgimento dessa nova variante deve obrigar as autoridades a reverem algumas medidas adotadas recentemente. Na última quarta (24), o governador João Doria anunciou o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços ao ar livre a partir do dia 11 de dezembro.

No ponto de vista da médica, o governo paulista precisa repensar essa decisão. “Nesse momento a gente vai ter que dar um passo para trás. Olha só como uma atitude de outros países está repercutindo diretamente na gente. Não estou falando nem do distanciamento, que obviamente também é importante, mas estou pensando na questão da máscara. Certamente (o Doria) vai ter que voltar atrás em relação a máscara. Se o governador tiver um pingo de consideração com todo mundo ele vai ter que voltar atrás da liberação. O momento exige esse cuidado. É preciso voltar atrás nesse decreto e observar o que vai acontecer em relação a essa nova variante”, concluiu Elisabeth.

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