Alta da inflação impulsiona procura por refeições do Bom Prato em Santos

Por Beatriz Pires em 02/05/2025 às 06:00

Reprodução/ PMS

A inflação crescente (no acumulado em 12 meses soma 5,48%, no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA) fez saltar a demanda por refeições no programa Bom Prato em Santos. Em 2024, foram mais de 1,4 milhão de pratos servidos na cidade — um aumento de 1,8% em relação a 2023, quando foram registradas cerca de 1,3 milhão de refeições entre café da manhã, almoço e jantar. O programa segue sendo um importante aliado no combate à desnutrição, oferecendo refeições balanceadas e nutritivas à população de baixa renda por um preço acessível.

Santos conta com quatro unidades do programa. A nutricionista Manuela Reinhardt atua há cinco anos na unidade da Zona Noroeste e observa o aumento no movimento. Segundo ela, a inflação e o aumento dos preços dos insumos, como arroz, feijão e proteínas, têm feito com que mais pessoas busquem o Bom Prato como uma alternativa para se alimentar bem por um valor simbólico: R$ 0,50 no café da manhã e R$ 1,00 no almoço e jantar.

“Muitos têm preconceito, mas acabam vendo que o ambiente é seguro. Contamos com a presença da nutricionista e técnica de nutrição diariamente, acompanhando a produção. Com isso, fidelizamos os clientes, que reconhecem o sabor e a qualidade da comida servida”, explica Manuela.

Cada restaurante do programa tem uma meta diária a cumprir, com limite de 300 cafés da manhã, 1.200 almoços e 300 jantares. O custo das refeições é subsidiado pelo governo, e a quantia arrecadada com os pagamentos simbólicos ajuda na compra dos alimentos utilizados no preparo. A nutricionista relata que, em sua maioria, o público atendido é formado por idosos e pessoas de baixa renda.

“Houve um aumento muito significativo. Mas também aparecem pessoas que você não imagina. Tem um gerente de banco que vem aqui tranquilamente. Ele não tem vergonha, diz que gosta da comida, do ambiente e do pessoal”, afirma Manuela.

A aposentada Odete de Assis, de 67 anos, elogia o programa. Frequentadora da unidade do Mercado, na Vila Nova, no período pré-pandemia, ela destaca o cardápio variado e a boa organização do espaço. Embora atualmente não utilize mais o serviço, acompanha de perto o aumento da procura, especialmente no café da manhã.

“É um programa que muda a vida das pessoas. Muitas na nossa região não têm o que comer. Com um real, elas conseguem fazer uma refeição decente, digna”, ressalta a aposentada.