Ações da Petrobras têm negociações suspensas na Bolsa de Valores
Por CLAYTON CASTELANI / Folhapress em 20/06/2022 às 11:38
As ações da Petrobras iniciaram esta segunda-feira (20) suspensas das negociações do pregão da Bolsa de Valores brasileira devido ao comunicado ao mercado sobre a renúncia do presidente da companhia, José Mauro Coelho.
O procedimento temporário é adotado sempre que há alguma divulgação ou movimento de mercado capaz de provocar oscilações potencialmente prejudiciais à operação.
A queda do presidente da estatal ocorre depois de o governo de Jair Bolsonaro (PL) intensificar no fim de semana a pressão sobre ele.
Às 10h29, o Ibovespa recuava 0,69%, a 99.0085 pontos. O dólar subia 0,66%, a 5,18.
Investidores iniciam a semana atentos a novas reações vindas de Brasília ao reajuste dos combustíveis aplicado pela Petrobras.
Na sexta-feira (17), críticas de políticos à companhia provocaram forte queda das ações da empresa, enquanto o mercado doméstico ainda tentava se ajustar à alta histórica dos juros nos Estados Unidos.
Os papéis ordinários (PETR3) e preferenciais (PETR4) da petrolífera controlada pelo governo federal fecharam o pregão com perdas de 7,25% e 6,09%, respectivamente.
A PETR3 caiu ao seu menor valor neste ano, R$ 29,92, abaixo do piso de R$ 30,57 registrado em 6 de janeiro.
Após o anúncio do aumento, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que a Petrobras “pode mergulhar o Brasil num caos”. Já o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), afirmou que “vai para o pau” para “rever tudo de preços” e que vai trabalhar para taxar o lucro da petroleira.
Somente na última sexta, a estatal perdeu R$ 27,3 bilhões em valor de mercado, segundo a plataforma de dados financeiros Economatica.
“A Petrobras perdeu R$ 30 bilhões. Acredito que, na segunda-feira (18), com a CPI, vai perder outros 30”, disse Bolsonaro durante um culto evangélico em Manaus (AM). A ameaça de uma CPI foi feita pelo presidente também na última sexta, após o anúncio do reajuste.
O desempenho negativo das ações da Petrobras contribuiu para que o Ibovespa caísse 2,90%, aos 99.824 pontos, na sexta. Essa é a pontuação mais baixa para um fechamento do índice de referência da Bolsa desde o início de novembro de 2020, última vez que o indicador havia ficado abaixo dos 100 mil pontos.
No acumulado desta semana, o Ibovespa afundou 5,36%, registrando a maior perda semanal desde a queda de 7,28% em outubro do ano passado.
Investidores pesam cada vez mais os riscos de que a proximidade das eleições potencialize medidas que possam comprometer o funcionamento do mercado, aumentar a pressão inflacionária e gerar mais gastos públicos.
A crise envolvendo uma das principais empresas da Bolsa brasileira ocorre em um momento de aumento das preocupações sobre os rumos da economia mundial.
Gestores discutem a possibilidade de uma recessão global após, na última quarta-feira (15), o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) ter confirmado um aumento de 0,75 ponto percentual da sua taxa de juros. É a maior alta aplicada pela autoridade monetária dos Estados Unidos desde 1994.
O aumento aplicado nesta quinta pelo Fed elevou a taxa de referência para o empréstimo diário entre bancos (parâmetro para o setor de crédito em geral) para um intervalo entre 1,5% e 1,75% ao ano.
Na próxima quarta-feira (22), o presidente do Fed, Jerome Powell, discursará em audiência no Senado, oportunidade para que o mercado avalie os próximos passos da autoridade monetária após o aumento histórico dos juros.